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sexta-feira, 26 de setembro de 2025

Transfusão feto-fetal: a síndrome que ameaça gestações de gêmeos e exige diagnóstico precoce

Muitas dúvidas têm surgido recentemente sobre a Síndrome de Transfusão Feto-Fetal (STFF), uma condição rara, mas extremamente grave, que pode colocar em risco um ou ambos os bebês quando não é diagnosticada e tratada a tempo.

A STFF afeta cerca de 15% das gestações de gêmeos que compartilham a mesma placenta (monocoriônicas). O problema ocorre quando vasos sanguíneos da placenta estabelecem conexões anormais, causando um desequilíbrio na circulação entre os fetos. “Um dos bebês, chamado ‘doador’, pode perder nutrientes e líquido amniótico, enquanto o outro, conhecido como ‘receptor’, recebe sangue em excesso. Esse descompasso pode comprometer seriamente a saúde de ambos”, explica o Prof. Dr. Rodrigo Ruano, referência internacional em cirurgia fetal.

Segundo o especialista, o acompanhamento constante em centros de Medicina Materno-Fetal é essencial para detectar a síndrome em estágio inicial. “O diagnóstico precoce é o que garante maiores chances de intervenção e de preservarmos as duas vidas”, destaca Ruano.

Entre as opções disponíveis, o tratamento intrauterino por endoscopia fetal com laser é considerado o mais eficaz. O procedimento cauteriza as conexões vasculares anormais da placenta e interrompe o fluxo desigual entre os bebês. “A técnica aumenta de forma significativa as taxas de sobrevivência e traz esperança real para as famílias. Mesmo sendo um procedimento complexo, realizado em ambiente cirúrgico altamente controlado, seus resultados superam os métodos convencionais”, reforça o médico.

Com mais de 20 anos dedicados ao estudo e ao tratamento da STFF, o Dr. Ruano atua atualmente em Miami, nos Estados Unidos, onde recebe gestantes de diferentes países. Sua contribuição é reconhecida também pela literatura médica internacional. “Casos como esses mostram que precisamos ampliar a informação e orientar gestantes de gestações monocoriônicas sobre os riscos. Informação salva vidas”, conclui.

 

Prof. Dr. Rodrigo Ruano – especialista em Medicina Materno-Fetal e Cirurgia Fetal, diretor do UHealth Jackson Fetal Care Center (University of Miami) tem formação pela USP e pela Universidade de Paris V. Codiretor do serviço de medicina fetal da Universidade do Texas, atuou por 10 anos nos EUA. Reconhecido internacionalmente, foi pioneiro no Brasil em procedimentos como a oclusão traqueal fetal para hérnia diafragmática congênita e técnicas minimamente invasivas para tumores e malformações fetais. Atuou também no Baylor College of Medicine, onde contribuiu com o avanço da cirurgia endoscópica para espinha bífida.



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