Mais de 720 mil pessoas morrem por suicídio todos os anos no mundo, e
mudanças sutis de comportamento podem ser sinais de alerta; conversar, acolher
e buscar ajuda profissional são passos essenciais na prevenção
Quando chega setembro, a prevenção ao suicídio ganha destaque devido à campanha Setembro Amarelo, realizada no Brasil desde 2013. No entanto, trata-se de um problema de saúde pública que merece atenção durante todos os meses do ano.
De acordo com relatório da OMS (Organização Mundial da Saúde), divulgado em março de 2025, cerca de 720 mil pessoas tiram a própria vida anualmente, sem contar as subnotificações. O suicídio é a terceira causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos.
Somente no primeiro semestre deste ano, o CVV (Centro de Valorização da Vida), instituição conveniada ao SUS, atendeu 1 milhão de pessoas que buscaram ajuda por meio de seus canais de apoio.
Esses e outros dados revelam a urgência de falar sobre o suicídio e as formas de prevenção desse grave problema. “Falar de prevenção ao suicídio é muito importante. Embora tenhamos avançado muito em saúde mental, ainda é um tema denso, tenso e que envolve certo tabu e estigma. Falar cura, falar alivia”, ressalta Flávia Anjos, psicanalista da Sow Saúde Integral — associação sem fins lucrativos que apoia famílias na busca pelo equilíbrio entre corpo e mente.
O suicídio pode estar associado a questões de saúde mental não tratadas, como depressão, transtorno de personalidade borderline e transtorno bipolar. No entanto, a psicanalista observa que, em alguns casos, mesmo pacientes em tratamento podem apresentar esse tipo de sofrimento.
“Muitas vezes encontramos pessoas que precisam de um olhar muito vigilante. São pessoas que carregam uma desesperança muito grande em sua forma de funcionar. Por isso, é necessário ter esse olhar mais atento”, explica.
Além das doenças mencionadas, o suicídio pode ser desencadeado por mudanças bruscas na vida das pessoas, como a perda de emprego, a morte de familiares ou amigos próximos, a descoberta de um problema grave de saúde, uma separação, entre outras causas.
“Esses fatores podem gerar uma instabilidade emocional muito grande e, muitas vezes, a pessoa não encontra recursos internos para lidar com essa dor. São notícias que chegam e desestruturam, abalam, levando à ideia suicida”, acrescenta Flávia.
O primeiro passo para a prevenção é buscar ajuda. Conversar com pessoas próximas e acionar a rede de apoio é fundamental. Esse acolhimento inicial pode ser decisivo para que a pessoa em sofrimento encontre forças para procurar acompanhamento profissional especializado.
A psicanalista reforça que nem sempre os sinais são evidentes, e por isso a atenção da rede de apoio é essencial. “Esses casos são muito complexos, porque a pessoa pode apresentar mudanças sutis de comportamento. Ela pode se tornar mais introspectiva, mais calada, mais triste, e a família precisa estar muito atenta para perceber essas pequenas alterações”, alerta.
Sow Saúde Integral
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