Ainda há um longo caminho a percorrer quando o assunto é a saúde
mental dos homens. O modelo tradicional de masculinidade que valoriza força,
resistência emocional e aparente invulnerabilidade levou muitos a esconderem
suas dores. Mas esse silêncio, cultivado por anos, hoje cobra um preço alto.
Um estudo realizado pelo dr.consulta
mostra que entre 2020 e 2025, as mulheres registraram 79.725 consultas de
psicologia, representando 65,3% do total, enquanto os homens somaram 42.411
consultas (34,7%). Na psiquiatria, a diferença é ainda mais expressiva: foram
457.215 consultas realizadas por mulheres (66,9%) contra 225.531 por homens
(33,1%). Possíveis razões para a busca médica ao invés da psicoterapia:
soluções rápidas e medicamentosas, encaminhamentos pela rede de saúde, cultura
e percepção de valor, questões de acesso e disponibilidade de agenda.
É fundamental entender que a saúde mental é tão vital quanto a saúde física. No
entanto, muitos dos fatores que comprometem o bem-estar dos homens ainda são
subestimados ou encarados como “fraqueza”: estresse crônico, sedentarismo,
alimentação desequilibrada e o consumo excessivo de álcool, cigarro e
medicamentos. Esses hábitos, muitas vezes naturalizados ou até incentivados
pela sociedade, causam um impacto profundo e acumulativo na saúde masculina.
A predominância das mulheres em busca de acompanhamento em saúde mental não
reflete apenas maior incidência de transtornos, mas também uma maior disposição
a reconhecer problemas emocionais e buscar ajuda. Já os homens, muitas vezes,
permanecem invisíveis nesse contexto, mesmo que exista sofrimento.
Dados do dr.consulta revelam que os transtornos mentais e comportamentais já
representam 8,7% dos atendimentos em saúde, sendo a ansiedade responsável por
70% desses casos. Esses números acendem um alerta urgente: os homens estão
adoecendo emocionalmente, mas ainda enfrentam resistência interna e externa
para buscar ajuda.
Diante desse cenário, é fundamental promover ações específicas voltadas ao público masculino para que eles entendam a necessidade de um acompanhamento assim como as mulheres. Além disso, é preciso reforçar o incentivo ao acompanhamento preventivo e regular, desconstruindo a ideia de que procurar ajuda é sinal de fraqueza. Pelo contrário, buscar apoio é um ato de coragem e responsabilidade consigo mesmo e com aqueles que convivem com o homem, seja na família, no trabalho ou em outros espaços sociais
Paulo Yoo - Diretor de Experiência e Programas de Saúde do dr.consulta, empresa brasileira referência em saúde acessível e cuidado primário e secundário de qualidade.
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