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segunda-feira, 1 de setembro de 2025

Respirar pela boca pode indicar problemas de saúde?

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Odontologista explica impactos invisíveis dessa prática comum 

Especialista alerta que o hábito, muitas vezes negligenciado, pode afetar o sono, fala, postura e qualidade de vida em todas as idades 

 

Você costuma respirar pela boca com frequência? Mesmo que pareça algo simples ou passageiro, esse hábito pode ser um sinal de alerta. 

De acordo com a Dra. Juliana Benine Warlet, coordenadora do curso de Odontologia da Faculdade Anhanguera, a respiração bucal prolongada pode trazer uma série de impactos à saúde que vão muito além do desconforto momentâneo e acometem crianças, adolescentes e adultos. “A respiração nasal é a forma mais adequada para o organismo, pois o ar é filtrado, umidificado e aquecido antes de chegar aos pulmões. Quando a respiração ocorre pela boca de forma habitual, há um desequilíbrio em várias funções do corpo, que pode afetar desde a saúde bucal até a postura e o sono”, explica a professora. 

Juliana aponta que entre os principais impactos da respiração bucal estão o ressecamento da mucosa oral, aumento na incidência de cáries, quando associados a outros fatores predisponentes da doença, mau hálito, inflamações gengivais e infecções orais oportunistas. A boca constantemente aberta também pode alterar o posicionamento da língua, afetar a mastigação, a fala e o equilíbrio da musculatura da face. 

Além disso, quem respira pela boca tende a apresentar sono de má qualidade, roncos, cansaço diurno, dor de cabeça frequente, irritabilidade e até menor rendimento no trabalho ou nos estudos. “Esses sintomas muitas vezes não são associados diretamente à respiração, o que retarda o diagnóstico e o tratamento”, pontua a doutora. 

No caso das crianças e adolescentes, o hábito prolongado pode interferir ainda no crescimento e desenvolvimento da face e dos arcos dentários, além de afetar o desempenho escolar e a socialização. Já em adultos, pode estar associado a distúrbios do sono, como apneia, e piora de quadros respiratórios e alérgicos. 

A respiração bucal pode ter diversas causas, como desvio de septo, rinite, sinusite, pólipos nasais, amígdalas ou adenoides aumentadas, além de fatores estruturais da boca ou mandíbula, possivelmente ocasionados por alterações do desenvolvimento associado a hábitos deletérios. Por isso, o ideal é buscar avaliação com profissionais especializados. “Na Odontologia conseguimos identificar sinais durante consultas de rotina, mas o diagnóstico completo geralmente exige o trabalho conjunto com otorrinolaringologistas e fonoaudiólogos, especialmente quando há impactos na musculatura e nos hábitos de fala e deglutição”, explica Juliana. 

O tratamento varia conforme a origem do problema, podendo envolver desde medidas simples, como mudanças no ambiente (evitar alérgenos, por exemplo), até intervenções cirúrgicas ou o uso de aparelhos ortodônticos e miofuncionais. A reeducação da respiração, muitas vezes com acompanhamento fonoaudiológico, também é indicada. “Respirar pela boca não deve ser considerado normal. Se for um hábito frequente, é preciso investigar as causas e tratar o quanto antes. Prevenir complicações futuras, garantir boa oxigenação e melhorar a qualidade de vida são benefícios importantes que vêm com o diagnóstico precoce”, conclui a professora.

 

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