Pesquisar no Blog

segunda-feira, 1 de setembro de 2025

Qualidade de vida e capacidade de suportar tratamento oncológico estão correlacionadas à alimentação

Incidência crescente de câncer impõe a necessidade de uma visão holística, na qual a nutrição assume um papel central no cuidado ao paciente

 

 O 1º Simpósio Médico Nutricional do Centro de Oncologia Campinas (COC), realizado no último dia 21 de Agosto, em Campinas, trouxe aos mais de 160 participantes um panorama geral dos obstáculos que os pacientes enfrentam durante o tratamento contra o câncer. A caquexia e a sarcopenia, que alteram a composição do corpo e a força dos músculos e são comuns em pessoas com câncer, foram alguns dos temas debatidos. As discussões serviram para reforçar o fato de que a dieta no tratamento do câncer deve sempre incluir uma avaliação detalhada das questões nutricionais para buscar intervenções personalizadas que otimizem os resultados dos pacientes.

A qualidade de vida e a capacidade de suportar o tratamento estão correlacionadas à alimentação, destaca o oncologista clínico do Centro de Oncologia Campinas, Fernando Medina. “A imunonutrição, que visa melhorar a nutrição e a imunidade, é fundamental para atenuar problemas. A disbiose, que é o desequilíbrio da flora intestinal, pode prejudicar a absorção de nutrientes importantes, sendo necessário o uso de prebióticos para recuperar a saúde do intestino”, exemplifica o médico.

O tratamento oncológico, cada vez mais, valoriza a nutrição como um componente essencial – espelha uma visão mais completa do cuidado ao paciente com câncer. Prova disso foi o interesse dos profissionais de saúde nos assuntos discutidos durante o inédito simpósio organizado pelo COC.

O evento reuniu presencialmente 83 participantes, três a mais do que o limite de inscrições.  Outros 78 profissionais participaram de forma online das discussões, que envolveram palestrantes de diferentes áreas da saúde. Andréia Rissatti, nutricionista do COC e uma das organizadoras do evento, lembrou que a pauta enfatizou questões como diagnóstico, síndromes que acometem o paciente, a trajetória de manejo e os cuidados paliativos.

“Esse tipo de simpósio voltado à nutrição e à oncologia não é muito comum aqui em Campinas. Então pudemos oferecer uma oportunidade rara para atualizações e trocas de experiências”, finalizou Andreia.


 Visão holística

No cenário atual da saúde global, a incidência crescente de câncer impõe a necessidade de uma visão holística, na qual a nutrição assume um papel central no cuidado ao paciente. A caquexia e a sarcopenia, frequentemente observadas, representam sérios obstáculos porque minam a qualidade de vida e a efetividade das intervenções terapêuticas.

“Nesse panorama, a imunonutrição surge como uma possível solução. É fundamental salientar que os sintomas de náuseas e vômitos resultantes da quimioterapia (CINV) não só exacerbam as dificuldades nutricionais, como também afetam a percepção de bem-estar do paciente”, acrescenta Medina.

Uma complicação comum, a caquexia impacta até 85% dos pacientes. Ela leva à perda de peso e, consequentemente, a uma menor qualidade de vida. A diminuição da massa muscular, explica Medina, também acarreta um prognóstico menos favorável, dando início a um círculo de enfraquecimento progressivo.

“Em contraste, a imunonutrição se apresenta como uma abordagem promissora, visando fortalecer a resposta imunológica dos pacientes e, assim, aumentar a sua resistência aos tratamentos. Adicionalmente, é crucial observar a disbiose intestinal, que pode comprometer a correta absorção dos nutrientes essenciais. Intervenções na dieta, como a inclusão de prebióticos, podem auxiliar no equilíbrio da microbiota intestinal e na saúde global do indivíduo.”

A caquexia e sarcopenia emergem como problemas frequentemente negligenciados no tratamento oncológico. “Uma estratégia nutricional completa é vital para diminuir os efeitos ruins da caquexia e ajudar os pacientes com câncer a terem melhores resultados clínicos”, reforça o oncologista. “A conexão entre nutrição e oncologia é, sem dúvida, complexa, principalmente ao se analisar os efeitos da sarcopenia e da caquexia em doentes com câncer”.

Questões cruciais, como a perda de peso não intencional e a deterioração da qualidade muscular, afligem frequentemente pacientes com câncer, culminando, não raramente, em sarcopenia e caquexia. Tais distúrbios, além de diminuírem a capacidade funcional dos indivíduos, podem influenciar de maneira desfavorável os resultados do tratamento, elevando a toxicidade e a morbidade associadas.

“A intricada natureza das condições relacionadas ao câncer exige uma estratégia multifacetada. A junção de ações nutricionais e físicas aparenta ser fundamental para diminuir a perda de massa muscular e, desse modo, promover uma melhor qualidade de vida para pacientes oncológicos”, observa Fernand Medina.

O manejo das condições oncológicas requer uma visão abrangente, que ultrapassa o tratamento tradicional, incorporando práticas nutricionais efetivas para potencializar a saúde do paciente. 



COC - Centro de Oncologia Campinas
Rua Alberto de Salvo, 311, Barão Geraldo, Campinas.
Telefone: (19) 3787-3400.

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Posts mais acessados