Incidência crescente de câncer impõe a
necessidade de uma visão holística, na qual a nutrição assume um papel central
no cuidado ao paciente
O 1º Simpósio Médico Nutricional do Centro de Oncologia
Campinas (COC), realizado no último dia 21 de Agosto, em Campinas, trouxe aos
mais de 160 participantes um panorama geral dos obstáculos que os pacientes
enfrentam durante o tratamento contra o câncer. A caquexia e a sarcopenia, que
alteram a composição do corpo e a força dos músculos e são comuns em pessoas com
câncer, foram alguns dos temas debatidos. As discussões serviram para reforçar
o fato de que a dieta no tratamento do câncer deve sempre incluir uma avaliação
detalhada das questões nutricionais para buscar intervenções personalizadas que
otimizem os resultados dos pacientes.
A qualidade de vida e a capacidade de
suportar o tratamento estão correlacionadas à alimentação, destaca o
oncologista clínico do Centro de Oncologia Campinas, Fernando Medina. “A
imunonutrição, que visa melhorar a nutrição e a imunidade, é fundamental para
atenuar problemas. A disbiose, que é o desequilíbrio da flora intestinal, pode
prejudicar a absorção de nutrientes importantes, sendo necessário o uso de
prebióticos para recuperar a saúde do intestino”, exemplifica o médico.
O tratamento oncológico, cada vez mais,
valoriza a nutrição como um componente essencial – espelha uma visão mais
completa do cuidado ao paciente com câncer. Prova disso foi o interesse dos
profissionais de saúde nos assuntos discutidos durante o inédito simpósio
organizado pelo COC.
O evento reuniu presencialmente 83
participantes, três a mais do que o limite de inscrições. Outros 78
profissionais participaram de forma online das discussões, que envolveram
palestrantes de diferentes áreas da saúde. Andréia Rissatti, nutricionista do
COC e uma das organizadoras do evento, lembrou que a pauta enfatizou questões
como diagnóstico, síndromes que acometem o paciente, a trajetória de manejo e
os cuidados paliativos.
“Esse tipo de simpósio voltado à
nutrição e à oncologia não é muito comum aqui em Campinas. Então pudemos
oferecer uma oportunidade rara para atualizações e trocas de experiências”,
finalizou Andreia.
Visão holística
No cenário atual da saúde global, a
incidência crescente de câncer impõe a necessidade de uma visão holística, na
qual a nutrição assume um papel central no cuidado ao paciente. A caquexia e a
sarcopenia, frequentemente observadas, representam sérios obstáculos porque
minam a qualidade de vida e a efetividade das intervenções terapêuticas.
“Nesse panorama, a imunonutrição surge
como uma possível solução. É fundamental salientar que os sintomas de náuseas e
vômitos resultantes da quimioterapia (CINV) não só exacerbam as dificuldades
nutricionais, como também afetam a percepção de bem-estar do paciente”,
acrescenta Medina.
Uma complicação comum, a caquexia
impacta até 85% dos pacientes. Ela leva à perda de peso e, consequentemente, a
uma menor qualidade de vida. A diminuição da massa muscular, explica Medina,
também acarreta um prognóstico menos favorável, dando início a um círculo de
enfraquecimento progressivo.
“Em contraste, a imunonutrição se
apresenta como uma abordagem promissora, visando fortalecer a resposta
imunológica dos pacientes e, assim, aumentar a sua resistência aos tratamentos.
Adicionalmente, é crucial observar a disbiose intestinal, que pode comprometer
a correta absorção dos nutrientes essenciais. Intervenções na dieta, como a
inclusão de prebióticos, podem auxiliar no equilíbrio da microbiota intestinal
e na saúde global do indivíduo.”
A caquexia e sarcopenia emergem como
problemas frequentemente negligenciados no tratamento oncológico. “Uma
estratégia nutricional completa é vital para diminuir os efeitos ruins da
caquexia e ajudar os pacientes com câncer a terem melhores resultados
clínicos”, reforça o oncologista. “A conexão entre nutrição e oncologia é, sem
dúvida, complexa, principalmente ao se analisar os efeitos da sarcopenia e da
caquexia em doentes com câncer”.
Questões cruciais, como a perda de peso
não intencional e a deterioração da qualidade muscular, afligem frequentemente
pacientes com câncer, culminando, não raramente, em sarcopenia e caquexia. Tais
distúrbios, além de diminuírem a capacidade funcional dos indivíduos, podem
influenciar de maneira desfavorável os resultados do tratamento, elevando a
toxicidade e a morbidade associadas.
“A intricada natureza das condições
relacionadas ao câncer exige uma estratégia multifacetada. A junção de ações
nutricionais e físicas aparenta ser fundamental para diminuir a perda de massa
muscular e, desse modo, promover uma melhor qualidade de vida para pacientes
oncológicos”, observa Fernand Medina.
O manejo das condições oncológicas requer uma visão abrangente, que ultrapassa o tratamento tradicional, incorporando práticas nutricionais efetivas para potencializar a saúde do paciente.
COC - Centro de Oncologia Campinas
Rua Alberto de Salvo, 311, Barão Geraldo, Campinas.
Telefone: (19) 3787-3400.
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