Observar
não apenas a memória, mas também o “nariz”, pode ajudar na detecção precoce de doenças
neurodegenerativas
Um recente estudo de pesquisadores da Universidade de Munique (Alemanha), publicado em agosto de 2025 na revista Nature Communications, revelou que a perda do sentido de olfato pode ser um dos primeiros sinais da doença de Alzheimer, que ocorrem bem antes dos sintomas de memória ou cognição aparecerem.
Segundo a pesquisa, células de defesa do cérebro, chamadas microglia, acabam atacando por engano neurônios do locus coeruleus, uma estrutura do tronco cerebral, que mantém conexões vitais com o bulbo olfativo, responsável pela percepção dos cheiros.
De acordo com o médico otorrinolaringologista Bruno Borges de Carvalho Barros, da capital paulista, esse processo resulta na perda precoce da capacidade de sentir odores, mesmo antes das alterações cognitivas. “A importância dessa descoberta está em oferecer um marcador clínico sensorial inicial, que pode ajudar a identificar pacientes em risco de Alzheimer com antecedência — e, com isso, possibilitar intervenções mais eficazes”, diz.
O que isso significa na prática?
- Qualquer alteração na capacidade olfativa, especialmente sem causa
aparente, merece investigação mais aprofundada
- Embora o teste de olfato não confirme Alzheimer, ele pode ser um indicador precoce valioso, que complementa avaliações clínicas e de imagem
Dr. Bruno destaca ainda que, em estudos anteriores, foi observado que pessoas com olfato comprometido têm risco duas vezes maior de desenvolver demência dentro de cinco anos. “Além disso, testes simples de olfato, como os de identificação de cheiros, já são utilizados como instrumento auxiliar na investigação clínica de doenças neurológicas”, finaliza.
Estudo: Link
Bruno Borges de Carvalho Barros - Médico especialista em otorrinolaringologia pela Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e cirurgia cervico-facial. Mestre e fellow pela Universidade Federal de São Paulo.
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