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| A imunização é oferecida pela rede pública para várias faixas etárias |
A
infecção pelo Papilomavírus Humano (HPV) responde por 5% dos casos globais de
câncer por ano, acometendo mais de 625 mil mulheres e 69 mil homens1.
No Brasil, o câncer de colo de útero é a principal neoplasia provocada pelo
HPV, com 17.010 novos casos previstos até o final de 20252. É o
terceiro câncer mais incidente nas mulheres, sem considerar o tumor de pele não
melanoma. O vírus também causa câncer nas regiões da orofaringe, do ânus e dos
órgãos genitais.
Em
países desenvolvidos, a vacinação contra o HPV e a intensificação do
rastreamento estão contribuindo para o declínio do câncer nas mulheres3.
Em contrapartida, os tumores na região da orofaringe, provocados pelo HPV,
estão crescendo entre os homens. Representam 71% dos casos nos Estados Unidos e
51,8% no Reino Unidos4.
Embora
no Brasil o câncer uterino continue no topo do ranking de neoplasias associadas
ao HPV, especialistas acreditam que o vírus esteja por trás do aumento dos
casos de câncer de cabeça e pescoço — termo genérico usado para classificar tumores
malignos que surgem na boca e nas regiões da orofaringe e nasofaringe, da
laringe e dos seios nasais.
Por
anos, o tabagismo foi considerado o principal fator de risco para o câncer
nesta região. Dados do Ministério da Saúde revelam que esse hábito tem
apresentado queda no País5. Já os casos de câncer de orofaringe têm
aumentado no território nacional, principalmente em jovens. Um estudo publicado
na revista científica Plos One apontou uma tendência de crescimento nos
casos de câncer de orofaringe associados ao HPV na cidade de São Paulo. Entre
1.997 e 2.013, eles passaram de 3,8% para 8,6%6.
Prevenção
“A transmissão do HPV ocorre principalmente por via sexual, não necessariamente
com penetração”, explica o médico Eduardo Paulino, da Oncologia D’Or. “O vírus
pode ser transmitido pelo sexo oral ou pelo contato direto pele a pele ou
mucosa com uma pessoa infectada”, complementa.
Por
isso, o médico argumenta que a melhor forma de prevenção é a vacinação contra o
HPV, que deve ser feita preferencialmente antes do início da atividade sexual
ou da possibilidade de contrair o vírus. “O uso de preservativos não elimina
totalmente a transmissão”, adverte o especialista.
A vacina quadrivalente é oferecida na rede pública para meninos e
meninas entre 9 e 14 anos, além de homens e mulheres até 46 anos que convivem
com o HIV, realizaram transplantes ou estão em tratamento contra o câncer. As
clínicas particulares oferecem a vacina nonavalente, que pode ser administrada
em pessoas de 9 a 45 anos, a critério médico.
O HPV
O HPV é um grupo formado
por mais de 200 subtipos de vírus. Aqueles transmitidos por contato sexual são
divididos em dois grupos: baixo e alto risco. Embora não sejam responsáveis
pelo câncer, os subtipos de baixo risco podem causar verrugas nos órgãos
genitais, no ânus, na boca e na garganta. Dos 14 subtipos de alto risco, dois
deles — 16 e 18 — respondem por sete a cada dez casos de câncer associados a
esse vírus.
A infecção por HPV é
muito comum. Quase todas as pessoas sexualmente ativas são infectadas por esse
vírus meses ou anos após a iniciação sexual. Entretanto, a maioria das
infecções é combatida pelo sistema imunológico. Apenas em um pequeno porcentual
de pessoas o HPV de alto risco persiste por muitos anos no organismo, levando a
alterações celulares, que resultam em câncer.
Tratamento
O
tratamento para o câncer uterino depende da extensão da doença — se é
localizada ou passou para outros órgãos. Na fase inicial, é tratado com
cirurgia. Após passar por uma avaliação, os médicos podem recomendar um
tratamento adjuvante.
“Quando
a cirurgia não é mais possível, como nos casos da doença localmente avançada,
recomenda-se uma combinação de sessões de quimioterapia e radioterapia, que
podem ser acompanhadas de imunoterapia”, afirma o médico Eduardo Paulino. Já a
doença metastática é tratada com quimioterapia paliativa.
O
tratamento de outros cânceres causados pelo HPV — como nas regiões da
orofaringe, do ânus e dos órgãos genitais — varia de acordo com o tipo de tumor
e o estágio da doença no momento do diagnóstico.
Oncologia D'Or
Referências
- Sung H, Ferlay J, Siegel RL et al. (2021). Global Cancer
Statistics 2020: GLOBOCAN Estimates of Incidence and Mortality Worldwide
for 36 Cancers in 185 Countries. CA Cancer J Clin 71:209–249.
- Instituto Nacional de Câncer (Brasil). Estimativa 2023:
incidência de câncer no Brasil / Instituto Nacional de Câncer. – Rio de
Janeiro: INCA, 2022.
- Volpi CR, Giuliano AR, Morais E, et al. Shifting HPV-cancer
burden: from cervical cancer to oropharyngeal cancer. Infect Agents Cancer
20, 21 (2025).
- Lechner M, Liu J, Masterson L. et al. HPV-associated
oropharyngeal cancer: epidemiology, molecular biology and clinical
management. Nat Rev Clin Oncol 19,
306–327 (2022).
- Ministério da Saúde. Disponível em: Link.
- Fabrício dos Santos Menezes et al. The emerging risk of
oropharyngeal and oral cavity cancer in HPV-related subsites in young
people in Brazil. Plos one, 2020.

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