Planejamento antecipado, estabilidade
da infraestrutura e automação no relacionamento com clientes são pontos-chave
para empresas que querem aproveitar o maior evento do varejo sem comprometer a
operação
A Black Friday é, há anos, a principal data do calendário do
varejo digital brasileiro. Mas transformar o aumento de tráfego em vendas
efetivas exige mais do que descontos agressivos: demanda planejamento
detalhado, testes técnicos rigorosos e estratégias consistentes de
relacionamento com o consumidor.
Para Melissa Pio, CEO e fundadora da TEC4U, agência especialista em performance digital, o processo
deve começar muito antes de novembro. Em segmentos como o de importação,
mercadorias levam até 90 dias para chegar, o que obriga os lojistas a se
prepararem meses antes. Já em setores como calçados esportivos, as negociações
podem acontecer com até um ano de antecedência.
“Não existe um momento certo para começar: quanto antes, melhor. O
improviso na Black Friday custa caro, seja em perda de margem, falhas de
operação ou problemas na experiência do cliente”, afirma Melissa.
A falta de preparação pode comprometer tanto o faturamento quanto
a reputação da marca. Entre os erros mais frequentes estão queimar produtos de
giro rápido apenas para participar da ação, reagir de forma imediatista aos
preços dos concorrentes e falhar na revisão da estrutura de dados e
integrações. “Quando a empresa não planeja, ela não surfa a onda, ela é levada
por ela. Isso gera instabilidade no site, atrasos nas entregas e perda de
informações valiosas de performance”, explica Melissa.
Garantir estabilidade e integração é fundamental para lidar com o
aumento de acessos e pedidos. O checklist de tecnologia deve incluir a
validação de scripts e eventos no site, revisão das integrações com ERP, CRM e
plataformas de e-commerce e testes de infraestrutura em cenários de estresse.
“É essencial avisar também os prestadores de serviço sobre a expectativa de
aumento de fluxo, para que possam dimensionar suas operações. Black Friday não
é o momento de descobrir falhas: tudo precisa estar testado antes”, destaca a
CEO da TEC4U.
Outro ponto crucial é a antecipação das estratégias de marketing e
relacionamento. Captar leads antes da Black Friday, nutrir esse público com
conteúdo relevante e ativá-lo no momento das ofertas aumenta as chances de
conversão. “Existe uma disputa pela carteira limitada do cliente. Quem começa
antes, chega mais preparado. O funil de conversão precisa ser pensado como uma
maratona, não uma corrida de 100 metros”, afirma Melissa.
A facilidade de navegação no site pode ser determinante para
manter o cliente. Fluxos de compra simplificados, carregamento rápido e
checkout otimizado reduzem atritos e aumentam a taxa de conversão. “Qualquer
fricção, como excesso de formulários ou instabilidade no pagamento, é um
convite para o consumidor migrar para o concorrente. A Black Friday exige uma
jornada de compra limpa e fluida”, reforça Melissa.
Ferramentas de recuperação de carrinhos também são decisivas. Um
checkout de alta performance deve ser aliado a soluções de contato direto, como
mensagens automáticas via WhatsApp. “O tempo é fator-chave. Quanto mais rápido
a loja entrar em contato após o abandono do carrinho, maior a chance de
converter. Se for possível usar inteligência artificial já treinada com os
dados da loja, o processo se torna ainda mais eficiente”, orienta a CEO da
TEC4U.
Para empresas que vão enfrentar a primeira Black Friday com loja
própria, a recomendação é clara: planejar, testar e aprender. Isso inclui
organizar o estoque, investir na geração antecipada de leads e usar o evento
como laboratório estratégico. “O Black Friday é mais do que uma data
promocional: é um teste de maturidade digital. Quem entra preparado sai
fortalecido para todo o ano seguinte”, conclui Melissa.
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