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sexta-feira, 5 de setembro de 2025

A FALHA ESTRUTURAL DOS PLANOS POR ADESÃO


Planos coletivos por adesão representam hoje quase 20% dos contratos no país, segundo dados da ANS. São geralmente contratados por meio de associações profissionais, sindicatos ou entidades de classe. Diferente dos planos individuais, eles não têm regras rígidas para reajuste, nem garantias de permanência estável.

Na prática, isso significa que a operadora pode, com respaldo contratual, encerrar o contrato coletivo e desligar todos os beneficiários, mesmo que estejam adimplentes. 

“O paciente cumpre sua parte. Mas o vínculo depende de uma relação tripla: operadora, administradora e associação. Quando uma dessas partes rompe, o beneficiário não tem para onde correr”, explica Leandro Giroldo, especialista em saúde suplementar e CEO da Lemmo Corretora.

 

SEM AVISO, SEM REDE, SEM DIREITOS 

Em casos assim, mesmo pacientes em tratamento ativo precisam recorrer à Justiça para tentar garantir a continuidade do atendimento. A ANS prevê a chamada “portabilidade especial” em algumas situações — mas o processo é burocrático, e nem sempre compatível com a urgência da situação clínica.

Além disso, a falta de clareza contratual e a linguagem técnica dificultam a reação imediata dos beneficiários, que muitas vezes não entendem o que foi encerrado, quem é o responsável e como agir.

 

O PLANO EXISTIA. A PROTEÇÃO, NÃO. 

Associações de defesa do consumidor, como o Idec, já pressionam a ANS por mudanças regulatórias. Mas o tema ainda avança lentamente, enquanto a judicialização aumenta — e os pacientes seguem no limbo. 

“A saúde suplementar precisa deixar de tratar pessoas como contratos. Especialmente nos planos coletivos, é preciso rever as regras de cancelamento e garantir a proteção contínua a quem já está em tratamento. O contrato pode acabar. Mas a vida do paciente, não”, reforça Giroldo.

 

UMA CRISE DE CONFIANÇA

No cenário atual, o que deveria ser uma solução acessível — o plano por adesão — virou uma armadilha para muitos. Os preços mais baixos atraem. Mas a instabilidade assusta. E a confiança, uma vez quebrada, é difícil de recuperar.


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