Expressão polêmica usada pelo influenciador em um vídeo reacende debate sobre preconceito velado e mostra como a opinião pública pode desconstruir, em segundos, uma imagem construída ao longo do tempo
O influenciador Felca, que havia conquistado visibilidade e fortalecido sua imagem após denunciar o também criador de conteúdo Hytalo Santos, agora enfrenta um processo de desconstrução pública após a repercussão negativa de um vídeo polêmico. No registro, durante um chá revelação, Felca e a influenciadora Cela utilizam a expressão “coisa de pobre” em tom de deboche, trazendo à tona o preconceito velado presente em frases comuns no cotidiano e reabrindo discussões sobre responsabilidade no discurso de figuras públicas.
Além da repercussão social, Felca e Cela também se tornaram réus em uma ação judicial movida pela família que aparece no vídeo. O processo, pede indenização por danos morais no valor de 100 salários mínimos.
Segundo Clara Laface, especialista em imagem pessoal e corporativa, episódios isolados como este podem comprometer seriamente a percepção construída ao longo de anos. “Um episódio isolado, quando destoa da narrativa que a pessoa ou organização construiu, gera ruído: o público percebe incoerência entre discurso e prática. Essa incongruência pesa mais do que anos de reputação sólida, pois ativa a sensação de ‘farsa’ ou ‘máscara caída’”, explica.
No ambiente digital, a crise ganha contornos ainda mais intensos. A velocidade com que comentários, memes e interpretações se multiplicam coloca a opinião pública em um papel central na formação de narrativas. “O risco principal está na amplificação em cadeia: comentários se multiplicam, viram meme, alimentam manchetes e consolidam narrativas negativas. O silêncio prolongado ou a tentativa de minimizar a gravidade só aceleram a erosão da credibilidade”, reforça Laface.
No caso específico, a frase utilizada por Felca reacende debates sobre discriminação de classe e estigmas sociais. Para a especialista, tais expressões, mesmo em tom de piada, não são inofensivas: “Essas expressões perpetuam estereótipos de classe e carregam uma conotação de inferiorização. Ao reproduzi-las, o indivíduo se associa a práticas discriminatórias que a sociedade atual já enxerga como ultrapassadas e excludentes”, afirma.
Para reverter cenários como esse, a gestão de imagem
recomenda passos imediatos, como reconhecer o erro, pedir desculpas de forma
consistente e adotar ações reparadoras que sinalizem aprendizado. “Vale
reforçar que, no século XXI, a gestão de imagem deixou de ser apenas sobre
aparência, mas sobre ética, responsabilidade e consciência social. A sociedade
cobra das figuras públicas não apenas talento, mas também postura”, conclui
Laface.
Nenhum comentário:
Postar um comentário