O chocolate — especialmente o amargo — pode, sim, fazer parte de uma alimentação equilibrada e até contribuir para a saúde. No entanto, sua composição, qualidade e quantidade consumida fazem toda a diferença.
Do ponto de vista nutricional, o chocolate amargo
(com pelo menos 70% de cacau) se destaca por conter compostos fenólicos, como
os flavonoides, com ação antioxidante e anti-inflamatória. Estudos sugerem que
essas substâncias ajudam a melhorar a função endotelial, a reduzir a pressão
arterial e a beneficiar o sistema cardiovascular. Uma revisão publicada no Journal of
the American College of Cardiology aponta que os flavonoides do
cacau têm papel importante na saúde vascular e podem colaborar para a prevenção
de doenças cardíacas (Engler & Engler, 2004).
Além da proteção cardiovascular, há evidências que
associam o consumo moderado de chocolate amargo à redução do risco de diabetes
tipo 2. Um estudo prospectivo recente, publicado no BMJ, mostrou que
pessoas que consumiam essa versão com frequência moderada apresentaram menor
risco de desenvolver a doença. Já o chocolate ao leite não demonstrou o mesmo
efeito protetor (Zhong et al., 2024).
Por outro lado, versões ao leite e brancas — geralmente
com maior teor de açúcar, gordura saturada e aditivos — não oferecem os mesmos
benefícios. O consumo frequente desses produtos está relacionado ao aumento do
risco de obesidade, alterações metabólicas e inflamações crônicas de baixo
grau.
A recomendação segura para consumo diário gira em
torno de 30g de chocolate amargo — o equivalente a um pequeno quadrado de uma
barra tradicional. Observar os rótulos é fundamental: o ideal é optar por
chocolates com maior teor de cacau, menor quantidade de açúcar e livres de
gorduras hidrogenadas.
O momento em que se consome o chocolate também pode
influenciar. Incluir esse alimento após uma refeição rica em fibras, por
exemplo, ajuda a modular a resposta glicêmica do organismo. Como em toda abordagem
nutricional, é importante considerar o contexto da alimentação como um todo e o
estilo de vida da pessoa.
Em resumo, o chocolate pode ser um aliado da saúde — desde que consumido com moderação, escolhido com critério e inserido em uma rotina alimentar equilibrada e consciente.
Laíta Babio Moreira - Nutricionista (CRN 9/18636). ▪ Graduada em Nutrição pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF/MG), com graduação acadêmica complementar pela University of Nottingham (UK) ▪ Pós-graduada em Nutrição Clínica Funcional – VP/Universidade Cruzeiro do Sul (SP). ▪ Pós-graduada em Nutrição Aplicada à Gastronomia – Nutri New Escola (RJ) . ▪ Formação em Nutrição Integrativa – Institute of Integrative Nutrition (NY/USA). ▪ Curso de extensão em Medicina e Tratamento da Obesidade – Harvard Medical School (Boston/USA)
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