Especialistas do CEJAM falam sobre desafios e
emoções e dão dicas para vivenciar essa nova fase da vida com leveza e
responsabilidadeEnvato
A
paternidade é um papel complexo e multifacetado que vai além da simples geração
de uma vida. Para muitos homens, assumir essa jornada pela primeira vez pode
ser uma experiência assustadora, especialmente porque a forma como os pais
percebem e constroem a relação com seus bebês é diferente das mães.
"O
pai não vivencia a gestação da mesma forma que a mãe", afirma Graziela
Abdalla, enfermeira e gerente assistencial do CEJAM - Centro de Estudos e
Pesquisas “Dr. João Amorim”. "No começo, muitos realmente encontram
dificuldades para tocar a barriga ou interagir e isso é perfeitamente
compreensível. Essas reações são normais e não indicam desinteresse.”
De
acordo com Graziela, o momento em que o pai realmente se conecta com o bebê
pode ocorrer no nascimento, quando ele visualiza a criança pela primeira vez.
Esse processo é conhecido como "engrossment", uma resposta
intensa ao contato com o recém-nascido. Nesse contexto, o pai assume um papel
protetor, demonstrando mais envolvimento, preocupação e interesse com esse
universo.
Mesmo
com esse processo natural, é importante que os pais façam um esforço consciente
para estarem presentes durante os meses que antecedem a chegada do bebê,
dividindo as responsabilidades e deveres.
"Durante
a gestação, o pai já pode começar a se adaptar, aprendendo sobre seu papel no
parto, colaborando na elaboração do plano de parto e adquirindo conhecimentos
sobre os cuidados com o bebê e a amamentação", explica a enfermeira.
No
momento do parto, eles podem acompanhar tudo, garantindo que os desejos da
gestante sejam respeitados, além de participar auxiliando na utilização dos
métodos não farmacológicos de alívio da dor durante o trabalho de parto.
“Após
o nascimento, a presença e o auxílio do pai tornam o puerpério mais leve, por
isso, também é muito importante. Ele tem a oportunidade de participar da
amamentação, acolher e fortalecer o vínculo familiar”, ressalta a profissional.
Nasceu, e agora?
De
fato, a chegada de um filho é um momento repleto de emoções intensas, onde a
alegria e a expectativa se misturam com tensão, ansiedade e insegurança. Muitas
vezes, no entanto, essa combinação de sentimentos pode levar a uma série de
questionamentos, especialmente para aqueles que estão vivenciando a paternidade
pela primeira vez.
"Perguntas
como 'Serei um bom pai?', 'Como posso exercer bem esse papel?', 'Saberei
realizar os cuidados?' e 'E se algo de errado acontecer?' são comuns neste
período, afinal, é algo novo", afirma Ligia Kaori
Matsumoto,psicóloga do CEJAM.
Segundo
a especialista, essas dúvidas permeiam a mente de todos os tipos de pais,
incluindo aqueles que adotam, os que geram através da barriga solidária, homens
trans, pessoas transmasculinas e até mesmo aqueles que, por algum motivo, não
residem com os filhos.
Além
das preocupações de cunho emocional, há também desafios práticos a serem
enfrentados. “Muitos não sabem como se ajustar às mudanças na dinâmica do
relacionamento com o parceiro ou parceira, como equilibrar a nova rotina
familiar com as demandas do trabalho ou como lidar com as mudanças financeiras
necessárias para prover o sustento deste novo membro da família. É também um
processo de autoconhecimento e amadurecimento”, ressalta Ligia.
Uma
estratégia sugerida pela psicóloga é buscar recursos educacionais e de apoio.
Participar de aulas preparatórias para o cuidado do bebê e da criança pode
fornecer aos pais as ferramentas necessárias para se sentirem mais confiantes e
independentes na hora de cuidarem de seus filhos.
“Os grupos de apoio para pais também podem oferecer um espaço seguro para compartilhar experiências, desafios e sucessos com outras pessoas que estão passando pela mesma situação”, finaliza.
CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim”
@cejamoficial
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