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quinta-feira, 15 de agosto de 2024

Dia do Solteiro: como a tecnologia transforma relações amorosa

Professor do UniCuritiba explica quando foi que as redes sociais virtuais, os aplicativos de namoro e os jogos online assumiram o papel de “cupido”

 

A solteirice está em alta no Brasil. Um levantamento do IBGE mostra que o número de solteiros supera em quase 30% o de casados no país, justificando as celebrações do Single’s Day em 15 de agosto. 

Nos Estados Unidos e na Europa, segundo a Euromonitor Internacional, os solteiros também são maioria e a taxa deve crescer em mais de 20% no mundo até 2040. 

Estudioso e docente nas áreas de Planejamento Estratégico, Pesquisa de Mercado, Inteligência Artificial e Sociedade 5.0, o professor Sérgio Czajkowski Júnior diz que não há como entender os tempos atuais sem fazer conexão com a tecnologia. “A revolução digital impactou nosso comportamento de diferentes maneiras, em especial na forma como o jovem se relaciona.” 

A nova configuração dos namoros passa, primeiramente, pelo fim da pressão por encontrar uma companhia e se casar. Na avaliação do especialista, a cobrança intensa por constituir família, vivida algumas décadas atrás, não tem mais tanto impacto na vida dos mais jovens.

“Com mais liberdade e acesso à informação, as novas gerações não cedem facilmente à pressão social. Além disso, têm uma visão pragmática em relação ao amor romântico e querem a companhia de alguém que satisfaça seus interesses de vida e de futuro”, explica o professor dos cursos de graduação e pós-graduação do UniCuritiba – instituição da Ânima Educação.

 

Tecnologia e novas relações

Não é apenas o estado civil dos brasileiros que têm mudado. Se antes era necessário ir a baladas ou recorrer à ajuda de um(a) colega ou familiar para conhecer alguém, hoje as redes sociais virtuais, os aplicativos de namoro e até os jogos online fazem a função do “cupido”. 

Até os anos 1980, os amigos eram os principais responsáveis pela aproximação de casais. O local de trabalho era o segundo colocado no ranking, seguido dos barzinhos, da família, dos vizinhos e da faculdade.

 

A escalada dos meios online começou nos anos 2000, quando as ferramentas tecnológicas assumiram protagonismo. Em 2010, a tecnologia se tornou a principal forma de conexão humana e, atualmente, mais de 60% dos relacionamentos se dão de forma virtual.

 

O professor Sérgio Czajkowski Júnior trata deste tema em suas aulas e provas. “Não tem como escapar da tecnologia. O modelo de felicidade e de namoro mudou. O mundo mudou e vai continuar mudando. Se está melhor ou pior, não se pode afirmar categoricamente. A única certeza é que está diferente. Antes, era preciso conversar pessoalmente para conhecer melhor uma pessoa. Hoje, é só recorrer à tecnologia e às redes sociais.”

 

Vantagens e desvantagens da tecnologia

Pesquisador nas áreas de Comportamento e Negócios Digitais, Sérgio Czajkowski Júnior diz que a principal vantagem da tecnologia é a facilidade de comunicação – especialmente se comparada aos tempos do namoro por cartas. “Hoje, a interação e a manutenção dos relacionamentos são mais fáceis e até as pessoas que se conheceram pessoalmente têm o suporte online para manter a conexão.” 

Já a falta de privacidade é uma desvantagem. “As redes sociais criam a falsa sensação de segurança quando, na verdade, ela não existe. Estamos o tempo todo expostos porque nossos dados circulam livremente. Mesmo com a legislação de proteção aos dados pessoais, há risco de usarem nossas informações de forma indevida”, avalia o professor do UniCuritiba. 

Outro ponto negativo é o isolamento social. “O vício de se relacionar apenas por meio de plataformas digitais pode interferir na saúde mental e na qualidade dos relacionamentos. Ainda que seu uso seja indiscutível e irreversível, a tecnologia em excesso deixa de ser saudável”, completa o especialista, citando como exemplo os casos de pessoas que, depois de anos de relacionamento virtual, descobrem que o companheiro ou a companheira “do outro lado da tela” não era quem dizia ser.

 

Solitude X solidão

A decisão de ficar solteiro não é sinônimo de solidão. O professor Sérgio Czajkowski Júnior diz que as pessoas confundem solidão e solitude. No primeiro caso, a pessoa sofre por estar sozinha. Já a solitude é a escolha de estar só e não provoca tristeza. 

Segundo o especialista, muita gente “funciona” bem de forma individual e não se sente mal por viajar sozinho ou não ter uma companhia para o cinema. “Esse caso nada tem a ver com desilusão amorosa, é apenas uma questão de preferência, de conexão intensa consigo e de respeito à individualidade. Não tem certo ou errado. Ser solteiro pode ser uma escolha consciente e não significa a ausência de pretendentes ou relacionamentos cíclicos falidos”, finaliza.

 

UniCuritiba


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