Uma atualização recente na legislação brasileira promete impactar positivamente a vida dos trabalhadores. A portaria do Ministério da Saúde revisou um documento datado de 1999 e elevou o número de doenças relacionadas ao trabalho de 182 para 347. Entre as inclusões mais notáveis, destacam-se a Covid-19, o burnout, o abuso de drogas, a tentativa de suicídio e a ansiedade.
De acordo com Fernanda Segurado, Coordenadora de Psicologia da
Docway, empresa pioneira em soluções de saúde digital no Brasil, essa
atualização não apenas reflete as mudanças no ambiente de trabalho, como também
aprimora o diagnóstico das doenças ocupacionais. “O isolamento social teve um
impacto considerável na saúde mental dos trabalhadores, tornando os transtornos
psicológicos uma preocupação ainda mais relevante. Agora, com uma especificação
mais clara de seus impactos, a psicologia obtém ferramentas eficazes e
assertivas para diagnosticar e tratar os trabalhadores afetados”, diz.
Uma das alterações mais significativas trazidas por essa revisão é
a ampliação das garantias de estabilidade para os trabalhadores afastados por
uma doença na lista de ocupacionais: afastamento por atestado médico, direito
ao auxílio-doença acidentário e estabilidade assegurada de 12 meses no emprego
após a alta médica, impedindo demissões sem justa causa nesse período.
"É fundamental afastar o profissional do agente estressor
para possibilitar uma compreensão mais clara do impacto negativo que aquele
ambiente tem a sua saúde. Por exemplo, em casos de burnout com afastamento de
10 dias, o psicólogo consegue realizar intervenções terapêuticas dia sim, dia
não, a fim de reconstruir a percepção do paciente e proporcionar estrutura
emocional e psicológica. Essa abordagem visa trazer a pessoa de volta ao centro
de si mesma, capacitando-a a enfrentar os agentes estressores", explica.
Ela ainda aponta a dificuldade financeira como um obstáculo para
que os profissionais se afastem voluntariamente de ambientes laborais
prejudiciais à sua saúde mental. “Em muitos casos, a pressão financeira impede
que o indivíduo tome a decisão necessária de se distanciar do ambiente
estressor. Com a possibilidade de um afastamento remunerado, cuidar da saúde
mental se torna muito mais acessível”, afirma.
Contudo, a Coordenadora de Psicologia da Docway indica que a nova
resolução só terá um impacto real se as empresas aproveitarem a oportunidade
para reavaliar suas políticas internas. “É fundamental que as organizações
invistam ativamente na criação de ambientes de trabalho mais propícios à saúde
mental dos funcionários, com a revisão das práticas internas, promoção de
culturas empresariais que valorizem o bem-estar, implementação de medidas
preventivas e apoio sem julgamentos ao afastamento necessário”, complementa Fernanda
Segurado.
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