A “Quiet Ambition” é a tendência que vem preocupando o mundo
corporativoDivulgação
Nos últimos
meses, uma tendência tem vindo à tona, não apenas no Brasil, mas em todo o
mundo. A Quiet Ambition (Ambição Silenciosa), termo que apareceu pela primeira
vez em uma reportagem da revista americana Fortune, publicada no ano passado,
representa o fenômeno que descreve um comportamento presente, principalmente
entre jovens da Geração Z (nascidos entre 1996 e 2010), a falta de ambição em
assumir novos cargos, especialmente se isso envolve liderar equipes.
Muitos profissionais
que entram no mercado de trabalho parecem estar se afastando da tradicional
busca por liderança dentro das carreiras empresariais. Para Leila Santos, coach
e especialista em comportamento humano, a geração Z não está disposta a assumir
os altos custos que vêm junto com a posição de gestão tais como: sobrecarga de
trabalho, pressão, responsabilidades e liderar equipes. “Infelizmente, o modelo
de liderança vigente e sustentado pelas gerações anteriores nas maiorias das
empresas, não consegue seduzir a nova geração que enxerga no papel de liderança
mais prejuízos do que benefícios. De acordo com um relatório da plataforma de people
analytics canadense Visier – com 1000 entrevistados, a maioria dos
profissionais está evitando cargos de gestão para ter mais tempo livre. Dos
entrevistados, 38% estão interessados em se tornar gestores de equipes na empresa
em que trabalham e 62% preferem permanecer como estão”.
Embora a
geração Z lidere esse movimento, a valorização do equilíbrio entre vida pessoal
e profissional passou a ser objeto de desejo de muitos profissionais no mundo
pós- pandemia. A mesma pesquisa cita ainda que dentre as principais ambições
desse público estão: passar tempo com a família e amigos (67%), ter saúde
física e mental (64%) e viajar (58%). Apenas 9% colocam como prioridade se
tornar um gerente de pessoas e 4% afirmam se tornar um executivo de alto
escalão.
É improvável
que o quiet ambition leve a um futuro totalmente sem líderes. A
ambição é uma força poderosa que pode ser usada para alcançar grandes
objetivos. Mesmo que as pessoas com ambição silenciosa sejam mais inclinadas a
cumprir suas metas de forma discreta e reservada, elas ainda poderão se tornar
líderes. “Essa é uma questão crucial para as organizações e por isso, o
planejamento do pipeline da liderança deve ser incluído na pauta estratégica da
alta direção uma vez que os processos de sucessão interna e atração de novos
talentos tendem a ficar cada vez mais comprometidos com a baixa ambição na nova
geração. Uma pergunta que todo líder deveria se fazer é: o meu sucessor já está
na minha equipe ou na minha empresa? Se a sua resposta for não, você já vive
uma crise de gap de liderança”, reforça Leila.
O universo
corporativo já começou a sentir os desafios que essa tendência traz. Grandes
empresas, que costumam atrair talentos jovens ansiosos por liderar, estão
sentindo os efeitos, o que levanta uma questão fundamental: o que as empresas
podem fazer para se adaptar a essa nova realidade? “O RH deve desenvolver e
apoiar a estratégia da empresa na construção do pipeline de liderança que
garanta a sustentabilidade da liderança no futuro da organização. Tornar a
posição de liderança atrativa, não apenas pelos benefícios materiais e
financeiros, mas também por estar imbuída de senso de propósito. Além disso,
cultivar uma cultura que priorize o bem estar, a diversidade, inclusão e que
seja vivenciada na prática, especialmente pela liderança, desenvolver líderes
de líderes e capacitá-los para identificar e mentorar talentos internos e por
fim, apoiar novos líderes na construção das competências essenciais de
liderança”, indica Santos.
É claro que
nem todas as pessoas com ambição silenciosa serão líderes. No entanto, a quiet
ambition pode ser uma força positiva e se bem aproveitada, pode
fortalecer as empresas que possuem culturas mais cooperativas e menos
verticalizadas. “As novas gerações precisam enxergar que a empresa ou a nova
posição proposta estão em congruência com os valores que pregam e com os
valores que buscam” finaliza.
Leila Santos - Coach de líderes e empresas há mais de 20 anos, atende clientes com renome no mercado como Grupo WLM, L’Occitane, Grupo Boticário, Sephora, Itaú, Biolab, Pfizer, Roche, Astellas, Ache, AstraZeneca, Farmoquímica, Fitec, Pierre Fabre, Uni2, Gencos, dentre outras. Atua com foco no cliente corporativo, sempre valorizando e investindo em profissionais e empresas que já estão preparados para essa mudança de cultura e mindset.
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