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segunda-feira, 5 de fevereiro de 2024

NA VOLTA ÀS AULAS, ESPECIALISTA ENSINA OS PAIS A LIDAR COM A DIFICULDADE DAS CRIANÇAS DE DORMIR E ACORDAR CEDO

Na idade escolar, a duração de sono deve ser de 9 a 11 horas.


O pediatra Gustavo Moreira, pesquisador do Instituto do Sono, explica que evitar sonecas, realizar atividades relaxantes à noite e não se expor às telas antes de ir para a cama são fundamentais para o descanso da garotada.


As férias escolares estão chegando ao fim. E, com o início do ano letivo, vai começar a luta dos pais para tirar seus filhos da cama cedo para ir à escola, principalmente porque boa parte deles passou 2 meses dormindo e acordando tarde. Para tornar este recomeço menos traumático, o pediatra Gustavo Moreira, diretor clínico do Instituto do Sono, dá algumas orientações aos pais. Uma estratégia é adiantar de forma gradual os horários de dormir e despertar dos filhos na última semana de férias. “Se, a cada 1 ou 2 dias, eles passarem a ir para cama e levantarem 1 hora mais cedo, ao final da semana, já estarão ajustados à rotina escolar”, afirma o médico. 

Caso a adaptação seja inviável, os pais devem concentrar as atividades das crianças no período diurno, evitando que tirem uma soneca à tarde e tenham dificuldade em dormir à noite. Próximo à hora de ir para a cama, elas precisam fazer atividades relaxantes para sinalizar ao cérebro que chegou a hora de desacelerar o ritmo e descansar.

Os pais podem contar histórias, brincar ou interagir de outras formas com seus filhos pequenos. Os jogos de carta ou de tabuleiro são uma boa forma de entretenimento familiar envolvendo as crianças maiores. E os adolescentes podem ser incentivados a ouvir música ou se dedicar à leitura.

 

Longe das telas

As crianças e os adolescente devem ficar longe dos celulares, computadores, tablets e a televisão 2 horas antes de dormir. É que as telas desses aparelhos emitem luz, capaz de interromper a produção da melatonina, o hormônio responsável pelo sono. Além disso, os jogos online e as mídias sociais e suas interações mantêm as crianças e adolescentes muito ativos, dificultando o relaxamento que deve preceder o sono. 

Durante a pandemia da Covid-19, o uso de telas aumentou muito por causa do confinamento. Um estudo italiano1 com pais de 1.084 crianças e adolescentes entre 2 e 18 anos mostrou um aumento de 72% no uso de telas para estudo e 49,7% para lazer. Neste período, a prevalência de distúrbios de sono subiu para 33,9%, muito acima dos 22,1% registrados antes da crise sanitária. O principal distúrbio de sono verificado foi a dificuldade em iniciar ou manter o sono.
 

A importância da rotina

Crianças e adolescentes precisam ter horários estabelecidos para dormir e acordar todos os dias, incluindo os finais de semana. “Se eles acordarem e dormirem tarde no sábado e domingo, não conseguirão levantar cedo para ir à escola na segunda-feira”, pondera Gustavo Moreira. A definição de horários é importante para o cérebro entender a rotina e a necessidade do descanso naquele período, tornando o momento do sono mais natural e proveitoso. 

A duração de sono varia de acordo com a faixa etária. A Fundação Nacional do Sono2, entidade norte-americana sem fins lucrativos especializada no tema, recomenda que crianças de 1 a 2 anos durmam de 11 a 14 horas por dia. Na fase pré-escolar, a duração ideal é entre 10 e 13 horas. Na idade escolar, esse período deve ser de 9 a 11 horas. Já os adolescentes devem dormir entre 8 e 10 horas por dia. 

A privação de sono3 pode comprometer o desempenho escolar porque tem impacto no córtex pré-frontal, que executa funções cerebrais superiores, incluindo linguagem, memória de trabalho, raciocínio lógico e criatividade. A privação de sono reduz o estado de alerta e prejudica a atenção, tornando o processamento cognitivo mais lento. Além disso, provoca alterações de humor, como irritabilidade, conflito social e depressão.


 

Referências

1. Moavero R, Di Micco V, Forte G, et al. Screen exposure and sleep: How the COVID-19 pandemic influenced children and adolescents - A questionnaire-based study. Sleep Medicine. 2023; 107: 48-54.

2. Hirshkowitz M, Whiton K, Albert SM, et al. National Sleep Foundation's updated sleep duration recommendations: final report. Sleep Health. 2015; 1(4): 233-243.

3. Alhola P, Polo-Kantola P. Sleep deprivation: Impact on cognitive performance. Neuropsychiatr Disease and Treatment. 2007; 3(5): 553-67.
 

Instituto do Sono

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