Especialista em
finanças pessoais diz que os municípios precisam encontrar o equilíbrio entre a
necessidade de financiamento para os serviços públicos e a capacidade de
pagamento da população
O Imposto Predial e Territorial Urbano, mais conhecido
como IPTU, é destinado para o caixa do Tesouro Municipal, que utiliza os
recursos arrecadados através desta e das demais fontes de receita do município,
para as prioridades locais, além de cobrir as despesas da administração
pública. No entanto, os valores a serem pagos estão cada vez mais altos, o que
acaba pesando no bolso da população.
O fato é que o tributo sobre a propriedade urbana
existe desde o período colonial, quando a Família Real chegou ao Brasil em
1808, mas foi só em 1934, com a nova Constituição, que o ‘imposto predial’ se
tornou competência dos municípios. O Código Tributário Nacional de 1966
estabeleceu as disposições sobre o IPTU, reiterando a sua municipalidade
conforme previsto na Constituição. Ou seja, o que inicialmente era uma
responsabilidade do Império, posteriormente tornou-se competência dos estados
e, por fim, dos municípios.
Segundo o especialista em finanças pessoais, João
Victorino, em teoria, os municípios estão autorizados a
reajustar os valores das tarifas do IPTU com base nos índices de inflação do
ano anterior, correções monetárias acima deste patamar estariam proibidas, a
fim de não prejudicar os contribuintes. Porém, além das correções monetárias
pelos índices de inflação, as prefeituras têm a prerrogativa de ajustar o valor
do IPTU com base em diversos critérios.
João cita alguns destes critérios. “A Planta
Genérica de Valores, que determina os valores venais dos imóveis, pode ser
periodicamente revisada. Essa atualização reflete as mudanças no mercado
imobiliário e a valorização das áreas urbanas, impactando no cálculo do IPTU. O
segundo ponto é que qualquer modificação feita no imóvel, como construções,
obras ou reformas, resulta em um aumento do valor do imóvel, o que afeta o
IPTU, refletindo a valorização decorrente das alterações feitas. E por fim, a
prefeitura tem a prerrogativa de alterar a porcentagem da alíquota do IPTU.
Essa mudança pode resultar em um aumento ou diminuição no valor do imposto,
impactando diretamente os contribuintes”, revela.
Todos os critérios listados acima visam
proporcionar às prefeituras flexibilidade para ajustar o IPTU de acordo com as
condições do mercado imobiliário, as mudanças nos imóveis e as necessidades
orçamentárias da administração municipal. Por essa razão, é muito importante
que os contribuintes estejam cientes desses fatores, pois podem influenciar
diretamente o montante a ser pago no imposto sobre a propriedade. Outro ponto a
se considerar são as cidades com populações de renda mais alta, cidades
turísticas e com reservas ambientais, que tendem a apresentar valores de IPTU
mais altos que a média das demais cidades.
Em relação a melhor forma de pagar impostos, não
existe uma regra e é preciso avaliar o desconto concedido pela prefeitura e
também a capacidade de pagamento do contribuinte para estabelecer o que deve
ser feito. João ressalta que se o desconto com o pagamento à vista for maior
que o rendimento deste capital, quando alocado em aplicações de curto prazo,
que é o tempo de parcelamento dessas despesas, vale a pena pagar à vista.
No entanto, para quem está mais familiarizado com
aplicações em renda fixa, como Tesouro Direto, o especialista destaca que
existem boas oportunidades de investimento deste capital, destinado ao
pagamento dos impostos, que rendem mais que o desconto dos municípios. “A opção
pelo parcelamento não está descartada de antemão, ainda mais com a taxa selic,
em fevereiro de 2024, rendendo 11,25% a.a. Porém, é fundamental lembrar que
para fazer o pagamento à vista, o contribuinte deve ter o dinheiro em caixa e
não pegar empréstimos para cumprir essa obrigação. Caso contrário, a melhor
opção é parcelar o valor mesmo”, diz.
Considerando que existem benefícios ou reduções de
taxas disponíveis para residências de padrão médio e baixo que estão abaixo de
um valor específico, as alíquotas do IPTU praticadas nas principais capitais do
Brasil variam entre uma faixa que costuma ficar entre 1% a 3% do valor venal do
imóvel, como vemos a seguir:
João
explica que os valores a serem pagos pela população estão cada vez mais altos.
“Não deixa de ser assustador o fato de que se você paga em média 3% do valor do
seu imóvel como IPTU todos os anos, em aproximadamente 30 anos você terá pago
um novo imóvel para a prefeitura na forma de imposto. É por isso que mudar o
peso da cobrança do IPTU é necessário, porém, envolve considerar diferentes
fatores, como a necessidade de recursos para a administração pública e a
capacidade de pagamento dos contribuintes”, pontua.
Diante
deste cenário, o especialista aponta 5 caminhos:
- Isenções e incentivos: analisar isenções fiscais existentes e considerar a
implementação de incentivos fiscais para determinadas áreas ou para
proprietários que investem em melhorias sustentáveis.
- Participação popular: incluir a população no processo de decisão pode ser
bem crucial. Realizar consultas públicas ou audiências para discutir
possíveis mudanças nas políticas de IPTU pode ajudar a obter uma visão
mais abrangente com participação da comunidade.
- Eficiência na gestão pública: certificar-se de que a gestão pública seja eficiente e
transparente é fundamental. Administrar os recursos arrecadados de maneira
eficaz pode gerar mais espaço para a diminuição da cobrança de IPTU.
- Desenvolvimento econômico: trabalhar para o desenvolvimento econômico pode
aumentar a base de contribuintes e, consequentemente, a arrecadação, sem
depender apenas do aumento de alíquotas do IPTU.
- Equilíbrio: é preciso encontrar um equilíbrio entre a necessidade
de financiamento para os serviços públicos e a capacidade de pagamento da
população. O diálogo aberto e a busca por soluções equitativas são
essenciais para alcançar um sistema tributário justo e eficiente.
João Victorino - administrador
de empresas e especialista em finanças pessoais, formado em Administração de
Empresas, tem MBA pela FIA-USP e Especialização em Marketing pela São Paulo
Business School. Após vivenciar os percalços e a frustração de falir e se
endividar, a experiência lhe trouxe aprendizados fundamentais em lidar com o
dinheiro. Hoje, com uma carreira bem-sucedida, João busca contribuir para que
pessoas melhorem suas finanças e prosperem em seus projetos ou carreiras. Para
isso, idealizou e lidera o canal A
Hora do Dinheiro com conteúdo gratuito e uma linguagem simples, objetiva e
inclusiva.
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