Já está constatado que a Inteligência Artificial (IA) tem um grande potencial para nos ajudar em todos os âmbitos da vida, especialmente em tarefas que requeiram tempo de pesquisa, coleta de informações, reconhecimento de padrões, sintetização de textos, entre tantas outras atividades que nós, seres humanos, levaríamos muito tempo para executar.
No entanto, por mais que exista um hype enorme em torno do tema, temos que
lembrar que é uma máquina e toda máquina trabalha com entradas para produzir
saídas, ou seja, é um mecanismo “burro”, que vai aprendendo ao longo do tempo,
sempre com a limitação do seu próprio algoritmo.
O conceito de entradas e saídas também se aplica para OKRs - Objectives and Key
Results (Objetivos e Resultados Chaves)-, e para outras tarefas, pois
precisamos de boas entradas para obtermos boas respostas. Se nós humanos temos
limitação em definir boas entradas ao sistema, teremos dificuldade em ter bons
resultados vindo da máquina.
É isso que acontece com as pessoas dentro do processo de construção dos OKRs de
uma maneira geral, pois estas têm uma capacidade limitada de gerar boas
entradas, seja por conhecer parcialmente o bom funcionamento dos OKRs, seja por
conhecimento limitado do seu próprio negócio e da gestão dele, o que faz com
que surjam implementações falhas e repleta de erros.
Ou seja, uma pessoa pouco capacitada no tema, seja qual for, tende a limitar a
capacidade de aprendizado da própria máquina. Falo isso já tendo visto exemplos
de exercícios feitos por consultores, vangloriando-se das respostas obtidas
pelo Chat GPT. É o mesmo nível de entrega do que um ser humano faria, só que
mais rápido. Se você tivesse um mecanismo para gerar aprendizado, teria um
problema pequeno, pois poderia aprender rápido, mas não é o caso.
Eu vejo que toda a discussão de hoje em dia sobre a relação dos OKRs com IA
endereça uns 5% a 10% do tema somente, porque os principais pontos que os OKRs
procuram agregar de fato são: alinhamento, foco e disciplina para conseguir alcançar
os resultados exponenciais e não marginais.
O fato é que esses objetivos serão atingidos na medida em que mudarmos a forma
com que nos relacionamos com os outros seres humanos. E acreditem se quiser, a
inteligência artificial não está nos ajudando tanto com isso como muitos
pensam, pelo menos não agora e não vejo esse auxílio no radar por enquanto.
Sendo justo, a IA pode sim nos ajudar com a escrita dos OKRs, talvez um
objetivo melhor escrito, mais bonito, porém, não cria uma conexão entre os colaboradores
em torno da missão que precisa ser executada. E aqui está o fundamental, o
engajamento das pessoas nas tarefas do dia a dia.
Se temos dificuldade em executar os temas priorizados pelo CEO ou gestor, não é
porque a mensagem não é bonita, mas porque não nos conectamos com o líder e com
a urgência da missão. Nesse caso, a mensagem pode ficar mais clara com o uso da
inteligência artificial, desde que saibamos prover os elementos essenciais para
fazer a síntese adequada.
Por essa razão, acredito que é preciso tomar cuidado ao vangloriar a utilização
da IA. Penso que existe um certo exagero da palavra “inteligência” quando nos
referimos a essa funcionalidade, afinal, não vai substituir os OKRs e muito
menos a nós, seres humanos, em todas as tarefas em um futuro próximo.
E falo isso com certeza, pois apesar da inteligência artificial facilitar
algumas questões, não nos substituirá, principalmente quando, por aptidão
pessoal, aprimorada ao longo da jornada, e com o uso de ferramentas, como a
própria IA, conseguimos, como gestores, despertar o encantamento do time.
Pedro Signorelli - um dos maiores especialistas do Brasil em gestão, com ênfase em OKRs. Já movimentou com seus projetos mais de R$ 2 bi e é responsável, dentre outros, pelo case da Nextel, maior e mais rápida implementação da ferramenta nas Américas. Mais informações acesse: http://www.gestaopragmatica.com.br/
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