Troca de equipamento alugado por próprio no Hospital Universitário Cajuru representará economia de R$ 60 mil mensais Divulgação |
A escassez de recursos na saúde pública brasileira
já é um problema crônico. Desde o início do Plano Real, em 1994, a tabela do
Sistema Único de Saúde (SUS) e seus incentivos foram reajustados, em média, em
93%. Enquanto isso, a correção do Índice Nacional de Preços ao Consumidor
(INPC) foi de 637%. Esse descompasso provoca uma grande defasagem entre os
custos hospitalares e os valores recebidos pelo programa, tornando ainda mais
desafiadores os investimentos em melhorias estruturais e tecnológicas. Um desafio
que é enfrentado por instituições filantrópicas como o Hospital Universitário
Cajuru, em Curitiba (PR), que depende da contribuição de empresas e pessoas
para manter a qualidade dos serviços, ao mesmo tempo que otimiza os recursos
disponíveis.
Referência em transplante renal e suporte a vítimas
de trauma, o Hospital Universitário Cajuru é reconhecido por realizar cerca de
147 mil atendimentos anuais, abrangendo internações, atendimentos de
emergência, cirurgias e consultas ambulatoriais. Nos primeiros dez meses de
2023, quase 26 mil desses atendimentos foram recebidos pelo pronto-socorro,
dedicado a casos graves encaminhados pelo Siate e Samu. Essa gestão hospitalar
enfrenta a necessidade de conciliar a alta demanda por atendimentos do SUS com
a defasagem de verbas públicas. O hospital, exclusivamente voltado ao
atendimento pelo SUS, busca ativamente a captação de recursos, o que envolve
emendas parlamentares e parcerias com empresas e outras organizações
filantrópicas.
Toda essa mobilização representa uma significativa
fonte de recursos para infraestrutura e tecnologia, permitindo a oferta de
serviços de alta complexidade. "Apesar dos múltiplos esforços, ainda temos
um resultado pequeno perto de todo o potencial a ser alcançado. Por isso,
precisamos que cada vez mais empresários e pessoas em geral arregacem as mangas
e nos procurem para realizar doações seguindo os trâmites legais", pontua
o coordenador da captação de recursos do Hospital Universitário Cajuru, Marco
Sanfelice.
Incentivo à solidariedade
Para garantir doações contínuas, uma estratégia
eficaz é promover campanhas que aproximem as pessoas de iniciativas solidárias.
No Grupo Marista, há 6 anos foi criado o programa de mobilização social Amigo
Marista, por meio do qual, os colaboradores da instituição têm a oportunidade
de participar, realizando doações diretas ou destinando parte do Imposto de
Renda devido para o Hospital Universitário Cajuru. O processo de doação é
simplificado pelo programa, permitindo que os colaboradores contribuam de duas formas:
utilizando parte do seu Imposto de Renda - até 6% para quem faz a declaração
completa - ou optando por uma Doação do Coração, de forma espontânea, em
qualquer valor a partir de 20 reais.
Rose Lombardi, coordenadora de segurança e saúde
ocupacional no Grupo Marista, é uma das colaboradoras que participa anualmente
do programa. Foi apenas depois de assumir essa posição que ela compreendeu mais
profundamente a importância da unidade para a sociedade. "Dizem que quem
doa se sente mais recompensado do que quem recebe, e agora, mais do que nunca,
entendo que isso realmente faz sentido. Ver de perto o impacto positivo que as
doações têm na vida dos pacientes e na qualidade dos serviços prestados reforça
meu compromisso em contribuir para a missão do hospital", afirma Rose.
Chamado para ação
"A participação ativa da comunidade em
hospitais filantrópicos é mais do que uma simples doação, é a prática da
cidadania em sua forma mais nobre". A afirmativa de Juliano Gasparetto,
diretor-geral do Hospital Universitário Cajuru, está alinhada ao papel
desempenhado por esses agentes transformadores, comprometidos com o bem-estar
coletivo. "Todos nós podemos ser catalisadores de mudança ao contribuir
com doações que vão além dos valores monetários, representando a expressão
autêntica de solidariedade e responsabilidade social. Agora é o momento de
unirmos esforços para fortalecer o sistema de saúde como um todo",
incentiva o diretor-geral.
"A perspectiva é encerrarmos o ano de 2023 com
uma captação de 5 milhões de reais", revela Marco Sanfelice. Essa
arrecadação anual permitirá a aquisição da mais recente versão do aparelho de
hemodinâmica, fundamental para procedimentos cardiovasculares como angioplastia
e cateterismo. Atualmente, o Hospital Universitário Cajuru opera com um
equipamento alugado, e a transição para um próprio representará economia de 60
mil reais mensais. "Tudo o que fazemos é pelo bem do paciente. Com o novo
equipamento, vamos reduzir custos e aplicar esse ganho em mais melhorias para o
hospital. Mas não paramos por aqui; para o próximo ano a meta é arrecadar
recursos para readequar todos os leitos de UTI", completa o coordenador da
captação de recursos.
Diante dos desafios enfrentados pelos hospitais
filantrópicos, a gestão dos orçamentos é uma batalha constante devido à tabela
deficitária do SUS. Nesse cenário, a captação de recursos emerge como uma
necessidade urgente. "A sensação de pertencimento a um grupo comprometido
em construir uma sociedade mais justa nos torna mais empáticos e com uma visão
de mundo mais ampla. Juntos, podemos exigir e implementar mudanças para que
nenhum brasileiro perca a vida por falta de leitos, equipamentos ou
empatia", finaliza Juliano Gasparetto.
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