Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) faz alerta sobre o alto índice de diagnósticos para este tipo de tumor, que representa cerca de 95% do total dos casos de câncer de pele no país
Dezembro Laranja é o mês de conscientização sobre o câncer de pele. De acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), este tipo de tumor é o mais incidente entre os brasileiros, representando um terço de todos os casos de cânceres diagnosticados no país. Entre as notificações de câncer de pele, cerca de 95% são tumores não melanoma, a quinta neoplasia mais frequente no mundo, com mais de 1 milhão de novos casos a cada ano. A Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) destaca a importância do mês dedicado à prevenção da doença, que embora seja a mais frequente, é também evitável.
Oncologista clínico e coordenador do Comitê de Tumores de Pele da
SBOC, Dr. Rodrigo Villarroel explica que esse tipo de câncer muitas vezes passa
despercebido em termos de sintomas, uma vez que, geralmente, não causa dor.
Segundo ele, a presença do tumor pode ser notada por meio de manchas ou lesões,
especialmente em áreas expostas, como rosto e mãos. “É essencial que as pessoas
prestem atenção a qualquer lesão dermatológica que se assemelhe a uma ferida,
que não cicatrize adequadamente. Lesões que persistem indefinidamente ou
aquelas que sangram e modificam seu tamanho ao longo do tempo, devem ser
observadas de perto e merecem a devida atenção”, enfatiza o especialista.
Diferença entre os cânceres não-melanoma e melanoma
A principal diferença entre o câncer de pele não melanoma e melanoma está nos tipos de células da pele que são afetadas. O melanoma se desenvolve nos melanócitos, que são as células responsáveis pela produção de melanina, o pigmento que dá cor à pele. Este tipo de tumor é menos comum, porém mais agressivo, e se não é tratado precocemente, pode ser letal, já que têm potencial para se espalhar para outras partes do corpo (metástase).
Os cânceres de pele não melanoma incluem o carcinoma basocelular (CBC) e o carcinoma espinocelular (CEC), que são originados nas células da epiderme, a camada mais superficial da pele. “Estes são considerados cânceres de menor agressividade, especialmente o basocelular, responsável por 80% dos casos. Este tipo permite um crescimento ao longo de meses ou até mesmo anos, sem a capacidade de se espalhar para outras partes do corpo”, explica o oncologista.
Diagnóstico precoce
No entanto, essa aparente menor gravidade do câncer de pele não melanoma pode levar a diagnósticos tardios. “Algumas pessoas negligenciam o diagnóstico, permitindo que o tumor evolua por um longo período, por vezes resultando em lesões extensas. Vale ressaltar que o câncer de pele é localizável e, com o tratamento adequado, muitas vezes é curável. Esse diagnóstico não tão precoce pode não impactar significativamente na mortalidade, mantendo-a em níveis baixos”, completa o médico.
Fatores de risco
Entre os principais fatores de risco apresentados pelo especialista, a exposição excessiva e sem proteção aos raios ultravioletas UVA e UVB são os mais significativos. Queimaduras de sol podem gerar graves lesões e o desenvolvimento de algum tipo de câncer de pele ao longo da vida, e essas queimaduras não estão restritas à luz natural, câmaras de bronzeamento artificial também podem ter influência no desenvolvimento da neoplasia. O tipo de pele também é um fator de risco, já que pessoas com peles claras têm mais chances de desenvolver a doença do que outros grupos porque possuem uma menor concentração de melanina que protege a pele.
Prevenção
Dezembro é o início do verão e das férias, ou seja, uma época do ano em que as pessoas estão expostas ao sol, e consequentemente à radiação ultravioleta, mas o câncer de pele é evitável. Dr. Rodrigo Villarroel explica que especialmente neste período é necessário redobrar o cuidado com a pele, evitando a exposição solar entre às 10h e 16h, usando sempre protetor solar no corpo todo, FPS mínimo 30, reaplicando a cada 2h, e sempre após um mergulho no mar ou piscina, e sempre que não for possível evitar a exposição solar, usar roupas de proteção solar, como camisas de manga longa, calças compridas, chapéus de abas largas e óculos de sol com proteção UV.
“Dada a natureza tropical do país, a exposição solar ocorre ao
longo do ano em diversas regiões. O câncer de pele pode ser evitado com
pequenas ações, que não se restringem ao verão, mas que devem ser adotadas ao
longo de todo o ano. Por isso, é tão importante proteger a pele, e em caso de
alterações procurar imediatamente um médico, porque o diagnóstico precoce
aumenta as chances de cura”, completa o especialista.
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