Professor de Gerontologia da Faculdade Evangélica Mackenzie do Paraná (FEMPAR) e médico especialista em Geriatria e Gerontologia pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG).
Picadas de carrapatos podem causar infecções
incapacitantes em humanos, como a doença de Lyme, mas uma nova pesquisa sugere
que elas também podem desencadear uma séria alergia à carne.
Chamada de síndrome alfa-gal, a condição pode afetar centenas de milhares de americanos, anunciaram as autoridades de saúde dos EUA, mas muitos médicos não estão familiarizados com a condição e nem como diagnosticá-la ou tratá-la.
De acordo com um dos dois estudos de pesquisadores dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA, ambos publicados no Morbidity and Mortality Weekly Report, houve mais de 110.000 casos suspeitos de síndrome alfa-gal relatados entre 2010 e 2022. Nesta base, os investigadores do CDC estimaram que cerca de 450 mil americanos poderão ser afetados.
Nesse estudo, pesquisadores analisaram os resultados entre 2017 e 2022, de um laboratório que – até agosto de 2021 – era o principal laboratório comercial que oferecia esses testes nos Estados Unidos.
Mais de 300.000 amostras foram testadas e mais de 30% apresentaram infecção por AGS.
"A síndrome alfa-gal é um importante problema emergente de saúde pública, com impactos potencialmente graves na saúde que podem durar a vida toda para alguns pacientes. É fundamental que os médicos estejam cientes da AGS para que possam avaliar, diagnosticar e tratar adequadamente seus pacientes, e educá-los sobre a prevenção de picadas de carrapatos para proteger os pacientes de desenvolver essa condição alérgica”, apontou a pesquisadora do CDC, dra. Ann Carpenter, em um comunicado à imprensa.
Infelizmente, um segundo estudo dos mesmos pesquisadores do CDC descobriu que muitos profissionais de saúde não estão familiarizados com a condição alérgica potencialmente fatal.
A pesquisa com 1.500 médicos de família, internistas, pediatras, enfermeiros e médicos assistentes mostrou que quase metade, cerca de 42%, nunca tinha ouvido falar de AGS, um terço disse que "não estava muito confiante" em sua capacidade de diagnosticar ou tratar pacientes com a síndrome, e apenas 5% se sentiram "muito confiantes" em suas habilidades.
Alpha-gal é um açúcar encontrado em carnes de porco, vaca, coelho, cordeiro e de veado, juntamente com produtos feitos de gelatina, leite de vaca, lácteos e alguns produtos farmacêuticos. AGS é uma reação alérgica grave que algumas pessoas têm depois de comer alimentos ou produtos que contenham alfa-gal.
As evidências sugerem que o AGS está associado à picada de um carrapato, disseram os pesquisadores. “O fardo da síndrome alfa-gal nos Estados Unidos pode ser substancial, dada a grande porcentagem de casos suspeitos de não serem diagnosticados devido a sintomas inespecíficos e inconsistentes, desafios na busca por cuidados de saúde e falta de conscientização do médico”, disse o pesquisador dr. Johanna Salzer, autor em ambos os estudos.
"É importante que as pessoas que acham que podem sofrer de AGS consultem seu médico ou um alergista, forneçam uma história detalhada dos sintomas, façam um exame físico e um exame de sangue que procure anticorpos específicos, proteínas produzidas pelo seu sistema imunológico, para alpha-gal", destacou ela no comunicado.
Os sintomas da AGS podem incluir urticária ou erupção cutânea com
comichão, náuseas ou vômitos, azia ou indigestão, diarreia, tosse, falta de ar
ou dificuldade em respirar, queda da pressão arterial, inchaço dos lábios,
garganta, língua ou pálpebras, tonturas ou desmaios, ou forte dor de estômago.
Os sintomas geralmente começam duas a seis horas após a ingestão de carne ou
outra exposição a produtos que contenham alfa-gal.
Rubens de Fraga Júnior
FONTE:
Ann Carpenter et al, Health Care Provider Knowledge Regarding Alpha-gal Syndrome—United States, March–May 2022, MMWR. Morbidity and Mortality Weekly Report (2023). DOI: 10.15585/mmwr.mm7230a1
Julie M. Thompson et al, Geographic Distribution of Suspected Alpha-gal Syndrome Cases—United States, January 2017–December 2022, MMWR. Morbidity and Mortality Weekly Report (2023). DOI: 10.15585/mmwr.mm7230a2
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