Esse fator é um diferencial para lapidar os talentos brasileiros
A segurança
psicológica no âmbito corporativo é um conceito fundamental para o bem-estar e
o desempenho dos estagiários. Ela se refere à percepção dos jovens de poderem
expressar suas opiniões, ideias, preocupações e até mesmo cometer erros sem
medo de retaliação, julgamento ou punição. Quando essa prática é cultivada e
mantida em uma organização, traz uma série de benefícios tanto para os
integrantes quanto para a empresa como um todo.
Em locais com essa
prioridade, os colaboradores se sentem à vontade para compartilhar seus
pensamentos criativos, questionar processos existentes e buscar soluções
inteligentes. Isso cria um clima propício à inovação e à resolução de
problemas, algo fundamental para a competitividade e o crescimento do negócio.
Além disso, esse tema também está diretamente ligado ao aspecto emocional.
Quando as pessoas se sentem seguras para expressar seus sentimentos, a pressão
e o estresse são reduzidos. Isso contribui para uma atmosfera saudável e para a
prevenção de problemas relacionados à saúde mental, como depressão e ansiedade.
Dessa forma, a
comunicação é melhorada e as equipes tendem a ser mais coesas e eficazes. A
confiança mútua se fortalece, criam-se relações profundas e aumenta a
produtividade. No entanto, isso não significa a ausência de críticas ou
desafios no cotidiano. Pelo contrário, isso acontecerá, mas de maneira
construtiva, com o objetivo de otimizar processos e resultados, em vez de
prejudicar a autoestima dos companheiros. Para ter sucesso nessa missão,
algumas medidas podem ser adotadas:
Liderança
inclusiva: os líderes devem estabelecer o
exemplo ao demonstrar abertura para ouvir e responder às questões do time.
Comunicação
eficaz: promover um diálogo claro e
transparente, com as informações compartilhadas de maneira acessível e
compreensível.
Feedback
construtivo: incentivar o feedback
construtivo e incentivar uma cultura de aprendizado contínuo.
Treinamento
em habilidades interpessoais:
oferecer treinamento para desenvolver habilidades em todos os membros.
Reconhecimento
e celebração: reconhecer e celebrar conquistas
individuais e coletivas para fortalecer o senso de pertencimento.
Segundo
informações fornecidas pelo Tribunal Superior do Trabalho - TST, apenas no ano
passado, foram apresentados mais de 52 mil processos relacionados a casos de
assédio moral e mais de três mil referentes a assédio sexual em todo o
território nacional, evidenciando a ampla ocorrência dessas formas de violência
no contexto laboral. Portanto, os comandantes dos empreendimentos devem ligar o
alerta para esse assunto.
Os
benefícios da segurança psicológica nas corporações
O conceito de
segurança psicológica nas organizações foi criado pela Dra. Amy Edmondson,
professora da Escola de Negócios de Harvard. Interessada em pesquisar sobre
como as equipes lidavam com erros, em meados dos anos 90, a acadêmica
norte-americana escolheu o ambiente hospitalar para iniciar sua pesquisa por se
tratar de um campo desafiador, altamente técnico e onde as falhas podem, muitas
vezes, ser fatais.
No âmbito
corporativo, em diversas áreas, em times psicologicamente seguros, as pessoas
assumem riscos essenciais, podendo levar o rumo de uma decisão para outro
caminho, por exemplo, divergir de uma ideia, dialogar sobre temas sensíveis,
contribuir com pontos de vistas diferentes sem medo de ser julgado, humilhado
ou de sofrer qualquer tipo de retaliação. Quando isso acontece, todos são
capazes de aprender junto e, consequentemente, ficam mais fortes para os
próximos desafios.
Essa discussão
chamou a atenção do Google, em 2012, quando a empresa lançou o Projeto
Aristóteles, uma iniciativa interna para descobrir quais pontos diferenciavam
os núcleos de alto desempenho dos demais, mesmo compartilhando a mesma cultura
organizacional. O programa envolveu a análise e cruzamento de uma grande
quantidade de dados e revelou uma descoberta surpreendente para a alta cúpula:
o fator "quem" não era o principal determinante. A verdadeira chave
estava na forma como o grupo interagia e colaborava.
Nesse estudo, o
Google identificou cinco padrões essenciais:
Segurança
psicológica: os colaboradores se sentem à vontade
para assumir riscos e serem vulneráveis diante de seus colegas.
Confiabilidade: envolve o cumprimento de prazos e a entrega de tarefas com
o padrão de excelência esperado.
Clareza
na estrutura: os papéis, planos e metas são bem
definidos.
Significado
do trabalho: as demandas e atividades do cotidiano
possuem um propósito.
Impacto
na sociedade: as pessoas percebem a relevância de
sua atuação e de promover mudanças.
Após uma
publicação no jornal "New York Times", em 2016, a questão emocional
ganhou ainda mais destaque e foi objeto de estudos adicionais realizados por
outras empresas e universidades, validando a teoria original da Dra. Amy
Edmondson. Desenvolver essa prática é um processo de grande complexidade e
requer a adoção de um novo modelo de ação, uma dinâmica diferenciada e uma
atitude transformadora. Simplificar esse termo representa um risco e reduzi-lo
a meras movimentações relacionadas à saúde e bem-estar é um equívoco.
Portanto, é uma
responsabilidade compartilhada por todos os integrantes de uma companhia,
exigindo um compromisso diário para isso se tornar realidade. Esse compromisso
contínuo fará a diferença na qualidade das relações interpessoais, nos
resultados entregues e na evolução dos estagiários. Aliás, além da
possibilidade de lapidar esses iniciantes, os gestores têm outras vantagens
nesse tipo de contratação.
As companhias
ficam livres de algumas obrigações. Sendo assim, há a isenção de impostos e
direitos trabalhistas, tais como FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço),
INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), 1/3 sobre férias, multa rescisória
de 40% e 13º salário. Ademais, existem outras vantagens para o estabelecimento,
como a oportunidade ímpar de identificar potenciais talentos para o quadro de
funcionários a partir da filosofia própria da organização e sem vícios de
experiências anteriores.
Entretanto, quem
está apto a efetuar esse tipo de contratação? De acordo com a legislação,
pessoas jurídicas de direito privado e os órgãos da administração pública
direta, autárquica e fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios, bem como profissionais liberais
devidamente registrados em seus respectivos conselhos de fiscalização, podem
oferecer essas admissões. Portanto, médicos, dentistas, engenheiros, arquitetos
e advogados, por exemplo, têm essa possibilidade.
Portanto, abra as
portas do seu negócio para essa juventude motivada, ávida por mostrar seu potencial
e contribuir para o desenvolvimento. Dessa forma, além de fortalecer sua
equipe, você estará colaborando com a economia e a educação do Brasil. Essa
luta é de todos nós. Conte com a Abres!
Carlos
Henrique Mencaci - presidente da Associação Brasileira de
Estágios - Abres
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