Psicóloga Ana
Streit comenta a importância da rede de apoio e da psicoterapia em momentos
frágeis como o abandono na doença
O amor e o compromisso representam pilares de apoio
para qualquer pessoa, especialmente para mulheres que enfrentam a dolorosa
batalha contra o câncer. Ensinadas desde a infância a cuidar e contar com o
apoio dos seus parceiros em momentos frágeis, é desolador quando isso não
acontece. Foi o caso da cantora Preta Gil, diagnosticada com câncer de
intestino, que precisou lidar com a traição e o término do casamento, durante o
seu tratamento. Essa é a realidade de muitas outras mulheres, prova disso
são os dados da Sociedade Brasileira de Mastologia, que revela 70% das
mulheres diagnosticadas com câncer lidam com o abandono do parceiro durante o
tratamento.
Quando a gente olha para essa porcentagem de
mulheres que são deixadas sozinha para enfrentar um câncer, é chocante e
entristecedor pela gravidade. De acordo com a psicóloga Ana Streit isso acaba
deixando explícito o papel da mulher de servir, de cuidar e revela o contexto
machista, que ainda, vivemos. “A maioria das vezes não há reciprocidade desse
cuidado por parte do parceiro e isso traz à tona a má qualidade da relação, que
talvez antes estivesse camuflada. Em momentos difíceis da vida temos a
oportunidade de reavaliar as relações e identificar quem pode ser
verdadeiramente confiável, cuidadoso e companheiro”, diz.
Ana Streit revela que o diagnóstico de câncer
desencadeia diversas reações e, em muitos casos, pode resultar em efeitos
traumáticos que vão além da enfermidade. “A doença causa ansiedade e baixa
autoestima, já que muitas mulheres em tratamento perdem o cabelo, sobrancelha,
e às vezes até o seio, como acontece em alguns casos com o câncer de mama.
Nesse momento, o que a mulher mais precisa é de apoio, principalmente do parceiro.
O bem-estar emocional dessa paciente pode, inclusive, minimizar quadros
depressivos e ajudar na adesão ao tratamento”, explica.
A rede de apoio é um fator que não pode faltar em
um tratamento de câncer. E ela pode ser composta por amigos, parentes, grupos
de apoio e profissionais de saúde. Essa rede não vai oferecer apenas suporte
emocional, mas também prático, ajudando as mulheres a lidar com os desafios físicos
mentais da doença. “Essa rede de apoio pode ajudar a reduzir o sentimento de
solidão, fortalecer a resiliência das mulheres e auxiliá-las na jornada da
recuperação. A troca de experiências e apoio mútuo nesse contexto pode ser um
catalisador para o enfrentamento do câncer. A psicoterapia também pode fazer
parte desse apoio, com ajuda profissional de um psicólogo a paciente pode se
reerguer, reestruturar as suas forças e de fato reconstruir a sua história, e
construir novas relações”, finaliza Ana, Mestre em Psicologia e Saúde.
Nenhum comentário:
Postar um comentário