Espetáculo de
dança-performance traz elementos das artes plásticas e dá continuidade à
trilogia "Vestidos de Noiva" - manchando vestidos de casamento de
vermelho; e apresenta sessões em dez diferentes espaços culturais paulistanos
Cena de “Vermelhos
que Sangram na Luta”, do coletivo Ana Maria Amarela | Foto: Castello
Até o dia 12 de dezembro, o coletivo Ana Maria
Amarela apresenta, em frente a dez espaços culturais de São
Paulo, a estreia de Vermelhos que Sangram na Luta. O
espetáculo de dança, que integra a trilogia Vestidos de Noiva, traz cenas que
questionam e tensionam os lugares assumidos pela hegemonia cultural vivida no
mundo contemporâneo. A idealização é de Diego Castro e a direção de Luan Afonso.
Ambos também entram em cena ao lado de Dani Barsoumian e Douglas
Campos.
Após o primeiro espetáculo baseado no estudo da cor
branca (O que restou do branco, de 2016), em que o grupo questiona
as estruturas normativas de gênero, signos dos vestidos de noiva e também
a branquitude; a segunda parte da trilogia, Vermelhos que Sangram na Luta,
chega com a proposta de investigar o que acontece depois de "sujar de vermelho
os vestidos brancos". A ideia é criar um tensionamento, uma violação, como
se fosse o rompimento de uma estrutura que possibilite a chegada a um novo
lugar na pesquisa do coletivo Ana Maria Amarela.
Nessa acepção, o grupo discute, também, a partir da
cor vermelha, sua relação com a guerra, realidades de classes e a luta de
pessoas dissidentes em uma sociedade hegemônica. "Queremos reconhecer os
diversos vermelhos do país que também sangraram em suas lutas e entender que há
uma luta constante em que seguimos sangrando", diz Luan Afonso, diretor do
espetáculo.
Segundo Luan, os elementos cênicos flertam com as
artes visuais e com materialidades que mencionam ou tenham o vermelho como
ponto de partida. Ainda assim, a pesquisa corporal é a plataforma central
da apresentação. "A performance lida com o presente, com o momento
específico do que acontece no aqui e agora. Pesquisamos a arte da ação como
linguagem para potencializar o nosso trabalho com a dança”, explica.
Diego Castro, que idealizou a montagem e que também
é um dos dançarinos e performers, reforça que o momento político que estamos
vivendo é uma parte inevitável da performance, mas sua pesquisa o antecede.
"Trata-se (a cor vermelha) de um símbolo que ganhou mais força em face das
últimas eleições. Na cena, também usamos máscaras táticas, como metáfora para
nossas guerras pessoais, mas que inevitavelmente lembram a luta pela vida, após
um momento pandêmico, com suas tantas mortes que se repetem", reforça
ele.
Sobre a Trilogia Vestidos de
Noiva
Em 2015 o coletivo inicia a pesquisa da trilogia
Vestidos de Noiva e traz como ponto de partida o estudo de cores, simbologias e
a corporeidade desenvolvida para criação na linguagem de dança contemporânea
que o coletivo desenvolve em seus trabalhos. A trilogia assume o vestido
de noiva como materialidade de investigação. Essa investigação tem disparadores
para reflexões sobre suas representações sociais, tensionamentos aos papéis de
gênero, estruturas normativas e simbologia das cores, evidenciando o branco,
vermelho e preto.
No primeiro momento da pesquisa, o coletivo estreia
seu primeiro espetáculo “O que restou do branco?”. Ao questionar o branco, suas
representatividades nos campos da sociedade contemporânea chegamos a lugares
que nos fizeram estabelecer o segundo momento da pesquisa, inaugurando o
reconhecimento do que acontece depois do branco – a subjetividade da defloração
do símbolo da pureza, da virgindade, suscitando o sangue, o vermelho como
símbolo de diversas lutas. Contra estigmas e cicatrizes dos seus papéis de luta
na sociedade, sobretudo nas simbologias da cor vermelha.
Sinopse
Através do encontro com o público, um grande
símbolo de pureza familiar vem sendo alterado: manchas vermelhas são espalhadas
nos vestidos de noiva. Luta, sangue, guerra, paixão, fogo, amor. Amor que
desloca em chamas que desviam para o vermelho. A denúncia dos corpos violados. Se
deflorar era um desejo quase sacro, para o ponto de vista de uma sociedade
baseada em conceitos patriarcais, o espetáculo propõe contar o lado de quem
sangra. O lado de quem esteve diante do vermelho e que lutou para quebrar os
padrões estabelecidos por uma errônea e triste história. Vermelhos
que Sangram na Luta integra a segunda parte da Trilogia Vestidos
de Noiva, e nos coloca diante do estudo de cores, simbologias e a
corporeidade da cor vermelha através da dança.
Sobre o Coletivo Ana Maria
Amarela
Criado em 2014, o Coletivo Ana Maria Amarela propõe
a investigação do corpo como plataforma central de pesquisa, deflagrando
estudos em diversas linguagens artísticas, para potencializar a pesquisa em
dança contemporânea. Buscando a intersecção entre dança, performance e artes
visuais.
Ao longo de sua existência o coletivo traz em seu
repertório as performances: “Concreto Seco” (2015); “Transeuntes” (2016);
“MARCHAS” (2016); “VESTIDOS de noiva” (2017), “NOIVA escrita” (2018) e
“Narrativas de um Vestido” (2019). Espetáculo “O que Restou do Branco” (2016).
Festival – Mostra Performática (2021). As produções audiovisuais em
vídeo-dança: “Experimentos” (2020), “Vermelho em 172” (2021) e “Solidão em
Vermelho” (2021). E o curta-metragem “MATIZ – filme” (2020).
Ficha Técnica
Idealização: Diego Castro
Direção: Luan Afonso
Dançarines: Dani Barsoumian, Diego Castro, Douglas
Campos e Luan Afonso.
Violino ao vivo: Mafê
Formação Corpo-Cor, Corpo-dança, Corpo-Performance:
Cibele Mateus, Dani Barsoumian, Marcela Silvério e Solange Ardila.
Provocação Artística: Dani Barsoumian
Trilha Sonora Original: Luana Hansen e Dj Mozzão
Vestidos: Elidy Moreira
Paisagem Visual e Sonora: Luan Afonso
Registros Fotográficos: Castello Spada
Registro Áudio Visual: Suelen Dias
Operador de Som: Flopes
Designer Gráfico: Castello Spada
Assessoria de Imprensa: Pevi 56
Produção Geral: Diego Castro
Produção: Bob Melo
Realização: Coletivo Ana Maria Amarela
Serviço
Vermelhos que Sangram na Luta
| Grátis
05 e 06 dezembro – Biblioteca Municipal Monteiro
Lobato
Horário: dia 05 - 10h e dia 06
- 14h
07 e 08 dezembro - CRD - Centro de referência a
dança da cidade de São Paulo
Horário: 16 h
11 dezembro - CCJ – Centro Cultural da Juventude
Horário: 16h
12 dezembro - Biblioteca Municipal Monteiro Lobato
Horário: 14h
Duração: 60 min
Classificação indicativa: Livre
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