Ao longo da vida, todo mundo terá, ao menos, um episódio de dor nas
costas. Contudo, a medida em que a idade avança, o risco de desenvolver
problemas mais sérios na coluna aumenta exponencialmente.
O escorregamento de vértebra é um deles. A espondilolistese é uma das causas
mais comuns de dor lombar, porém bastante desconhecida pela população em geral.
De acordo com estudos, o escorregamento de vértebra pode afetar de 19% a 43% da
população com 71 anos ou mais. Entre as mulheres com mais de 66 anos, essa
prevalência pode chegar a 50%, ou seja, metade da população feminina nessa
faixa etária pode desenvolver a espondilolistese.
Segundo Walkíria Brunetti, fisioterapeuta especialista em RPG e Pilates,
a espondilolistese ocorre quando uma das vértebras da coluna desliza sobre a
outra. “A partir disso, a coluna perde seu alinhamento. Esse escorregamento
afeta, principalmente, a coluna lombar. Além disso, pode deslizar para frente
ou para trás”.
“O deslizamento para frente é típico da espondilolistese degenerativa, ligada
ao processo natural do envelhecimento. Já o deslizamento para trás pode estar
associado a outros fatores como traumas, tumores e cirurgias prévias na
coluna”, explica Walkíria.
Gravidade varia
Além da direção do escorregamento, a espondilolistese é classificada de acordo
com a gravidade do deslizamento da vértebra.
A maioria dos casos está na classificação I e II que, respectivamente, apontam
o quanto a vértebra deslizou – de 1 até 25% (grau I) e de 25% a 50% (grau II).
Em seguida, temos o grau III com deslizamento de 50% a 75% e grau IV de 75% a
100%. O grau V, por fim, define o deslizamento total de toda a coluna, chamada
de espondiloptose.
Desgaste da coluna
O processo degenerativo do envelhecimento afeta todo o organismo, inclusive o
sistema musculoesquelético. Em outras palavras, o corpo envelhece por
dentro e por fora. As vértebras da coluna passam por essa degeneração e isso
pode levar ao desenvolvimento da espondilolistese.
“O problema é que esse escorregamento provoca outras consequências na coluna,
como o estreitamento do canal espinhal, por onde passam a medula e os nervos. A
partir disso, surgem os sintomas devido à compressão dessas terminações
nervosas”, ressalta a especialista.
“Como a região mais afetada é a lombar, a dor pode se concentrar na parte de
baixo das costas. Podem ocorrem ainda dor ciática, formigamento, dor nas pernas
ao caminhar, encurtamento dos músculos que sustentam a coluna, perda de força e
coordenação dos movimentos e, em estágios mais avançados, incapacidade para
andar”, diz Walkíria.
Mulheres são mais afetadas
A espondilolistese é mais prevalente na população feminina. A cada 10 mulheres,
5 são afetadas pela condição, enquanto nos homens essa prevalência é de 1 em
cada 10.
“Uma das razões é que as mudanças hormonais da menopausa afetam a saúde
musculoesquelética, com perda da massa óssea, por exemplo. O avanço da idade
também leva à perda da massa muscular, chamada de sarcopenia, tanto em homens
quanto em mulheres”, relata a fisioterapeuta.
Além da idade e das mudanças hormonais, o tipo de profissão também pode
aumentar o risco de desenvolver o escorregamento das vértebras.
A prevalência costuma ser maior em motoristas profissionais, trabalhadores
administrativos que passam muito tempo sentados, bem como em agricultores,
pescadores, estivadores e em outras funções que exigem esforço da coluna.
Tratamento pode ser conservador ou cirúrgico
Os casos mais leves, que são a maioria, são tratados de forma conservadora. “O
primeiro objetivo do tratamento é aliviar ou reduzir a dor que pode ser
incapacitante. O médico pode prescrever analgésicos e infiltrações. A
fisioterapia também é recomendada e pode reforçar a melhora do quadro doloroso,
na fase inicial do tratamento.
A reabilitação pode incluir o uso de coletes (órteses), bem como técnicas como
a eletroestimulação, ultrassom e outros aparelhos para ajudar a reduzir a dor.
Isso é particularmente importante para ajudar o paciente a diminuir o consumo
de analgésicos.
“Com a dor controlada, podemos iniciar a reabilitação por meio do
fortalecimento da musculatura que estabiliza a coluna, além de alongamentos
globais para restaurar a amplitude de movimento”, relata Walkíria.
Infelizmente, alguns pacientes podem não responder ao tratamento conservador.
Nesses casos, será preciso uma intervenção cirúrgica para corrigir o
escorregamento e suas consequências, como a compressão dos nervos e o
estreitamento do canal.
Prevenção é possível
“Uma das principais recomendações é fortalecer a musculatura que sustenta
a coluna. Isso é fundamental para prevenir o escorregamento, bem como hérnias
de disco e outros problemas. Além disso, alongamentos e boa postura também são
indicados. Por fim, manter o peso ideal e praticar uma atividade física podem
ajudar a manter a coluna saudável por mais tempo”, finaliza Walkíria.
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