A notícia de que entre a sexta-feira (03) e a próxima quarta-feira (08) os investidores pessoas físicas poderão realizar o pedido de reserva de ações da Eletrobras, tanto diretamente quanto também indiretamente, usando parte do Fundo de Garantia de Tempo de Serviço (FGTS), está movimentando o mercado e esconde um grande risco para os trabalhadores.
A expectativa é que a oferta movimente em torno de
R$ 30
bilhões, no total, e a precificação está prevista para a próxima quinta-feira
(9). Quem for utilizar o FGTS terá que usar pelo menos R$ 200 e precisará respeitar o
limite máximo de investimento equivalente a 50% do saldo disponível em cada
conta vinculada do FGTS.
Porém, segundo o presidente da Associação
Brasileira de Profissionais de Educação Financeira (ABEFIN), essa opção que
para muitos é um caminho para investir de forma diferente, esconde na verdade
um grande risco para os trabalhadores principalmente em relação ao FGTS.
“Muito me preocupa a forma como vem sendo divulgada
esse tema, como sendo sempre uma ótima opção, escondendo os existentes. Ao
buscar a compra de ação nesse formato, o trabalhador está pegando o dinheiro
fundamental do FGTS e colocando em um empreendimento, sendo que colocar
dinheiro em ações é comprar parte de uma empresa”, explica Reinaldo Domingos.
Ou seja, esse ato é tirar o dinheiro de um lugar
seguro e colocar em algo de maior risco. “Realmente o dinheiro do FGTS tem um rendimento
baixo, mas é uma garantia em caso de uma emergência e também uma garantia para
a aposentadoria. Infelizmente, grande parte das pessoas não percebem os riscos
existentes na compra de ações, não sabem lidar com essas e podem perder
dinheiro”, alerta Domingos.
Outro ponto de preocupação apontado pelo presidente
da ABEFIN é que o trabalhador só poderá usar esse dinheiro depois de 12 meses e
caso seja demitido ou tenha algum problema antes. E se a ação estiver em baixa
quando puder usar, pode perder dinheiro.
“Acredito que o governo poderia dar outras opções
para os trabalhadores utilizarem o valor do FGTS, como poderia ser um
investimento no Tesouro Selic, por exemplo. Isso garantiria muito mais
segurança ao trabalhador e uma boa rentabilidade. Maior do que deixar o
dinheiro no FGTS”, sugere Reinado Domingos.
Um ponto importante a ser destacado é que grande
parte da população não entende de educação financeira e muito menos de
investimento. Assim, ao verem essa opção sendo apresentada podem tomar uma
decisão sem o real conhecimento de todos os riscos existentes, podendo levar a
perder dinheiro.
O presidente da ABEFIN conta que isso já aconteceu na Petrobrás no
passado, e teve pessoas que perderam dinheiro. Assim, não tem como apoiar essa
decisão sem que se tenha um debate e esclarecimento maior sobre o tema. “Também
é preciso dar outras opções para o trabalhador e sempre reforçar sobre a
importância do FGTS para o futuro, sendo esse dinheiro fundamental para as
pessoas”, finaliza Reinaldo Domingos.
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