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segunda-feira, 3 de janeiro de 2022

Conheça as cinco letras que podem ajudar a um diagnóstico precoce de câncer de pele, que afeta por ano 185 mil brasileiros

O verão chegou e, depois de meses de confinamento por causa da pandemia, todo mundo quer aproveitar os avanços obtidos com a vacinação contra a Covid para realizar atividades de lazer ao ar livre. Mas é preciso ter cuidado com os passeios no parque, as idas à praia e até mesmo com o futebol com os amigos — e não estamos falando do distanciamento recomendado para evitar o coronavírus. É durante a estação mais quente do ano, com exposição solar sem proteção, que aumentam as chances do surgimento do câncer de pele. Por isso, além de não esquecer do filtro solar, uma boa ideia é apostar no autoexame que ajuda a ter um diagnóstico precoce de possíveis lesões, diminuindo as chances de complicações e aumentando a possibilidade de cura. A ferramenta, muito usada para detectar nódulos nas mamas, é ainda deixada de lado nos cuidados com a pele, mas de fundamental importância.  É preciso observar a pele!  Surgimento de uma nova pinta ou de uma que fuja do padrão das demais, conhecida como sinal do ‘patinho feio’, especialmente em quem já possui muitas, é um sinal de alerta. Feridas que criam casquinha, sangram e não melhoram nunca também merecem atenção", diz a oncologista Flora Lino, do Hospital Marcos Moraes, no Méier, Zona Norte do Rio. 

Para facilitar o auto-exame, a médica indica que se recorra às cinco primeiras letras do alfabeto. O “ABCEDE” pode ajudar a identificar lesões suspeitas ainda em estágio inicial, salvando vidas. “O  ‘a' se refere à  assimetria, o 'b' mostra a importância de se observar as bordas, que não podem estar irregulares”, o 'c' é um indicativo de cor, quanto mais tonalidades numa mancha, pior.  Já o 'd' é de diâmetro. Sugere que novas pintas com mais de 5 mm sejam examinadas. E, por último, a letra 'e' é de evolução. O paciente precisa saber se aquela pinta que sempre teve, mudou de aspecto”.

 O uso do protetor solar, alerta Flora, também é imprescindível. E não só para quem sai de casa. Ele deve ser aplicado mesmo por quem trabalha em home office, já que a exposição à luz do computador e do celular também traz danos à pele. E não basta passar o filtro uma vez e esquecer dele pelo resto do dia. É preciso retocá-lo a cada duas horas. “Uma opção é usar produtos voltados para esportistas, que têm fixação maior, mas mesmo estes precisam de reforço”, diz Flora, lembrando que a exposição direta ao sol requer cuidados extras. “Chapéu, óculos escuros, roupas com proteção UV são recomendadas, sempre aliadas ao uso do filtro. Muita gente acha que a vestimenta é suficiente, mas não”. Áreas que geralmente são esquecidas, como orelhas, pescoço, lábios e asas do nariz também podem ter tumores, portanto, nunca descuide delas.

Quem não conseguiu se precaver ou, mesmo com cuidado, apresenta lesões, tem boas notícias. Novas drogas têm ajudado no tratamento do câncer de pele, responsável por 30% dos tumores malignos diagnosticados no Brasil. Entre elas, está a terapia-alvo, voltada para melanomas, o tipo mais agressivo da doença. Segundo Flora, metade destes tumores possuem mutações no gene BRAF, identificáveis através de análise em material de biópsia da lesão.  Nestes casos, é possível que remédios combatam uma alteração na proteína que faz com que as células do melanoma cresçam e se proliferem rapidamente.  “Até pouco tempo atrás, não se tinha o que fazer em relação a um paciente que teve um melanoma ressecado, mas apresentava ainda alto risco de recidiva. Agora, é possível reduzir bastante ou até evitar o surgimento de novos tumores”, diz Flora.

A médica acrescenta que grande avanço se deu com a incorporação da imunoterapia, que anula os mecanismos de defesa das células tumorais, fazendo com que o sistema imune do paciente consiga combater o melanoma. “Pacientes que até então viviam meses quando havia metástase agora podem alcançar sobrevidas de anos e anos quando respondem bem ao tratamento”, diz.

Entre os tipos de câncer de pele existem os não-melanoma, que podem ser classificados em carcinoma basocelular e carcinoma espinocelular. O primeiro é o tipo mais frequente, com crescimento normalmente mais lento. O diagnóstico se dá, usualmente, pelo aparecimento de uma lesão nodular rosa com aspecto peroláceo na pele exposta do rosto, pescoço e couro cabeludo. Já no carcinoma espinocelular, mais comum em homens, ocorre a formação de um nódulo que cresce rapidamente, com ulceração (ferida) de difícil cicatrização. Já o tipo melanoma é o mais agressivo. São geralmente os casos que se iniciam com o aparecimento de pintas escuras na pele, que apresentam modificações ao longo do tempo. Por ano, devem surgir 185 mil novos casos dos três tipos no país, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca).


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