A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu a Síndrome de Burnout, ou síndrome do esgotamento profissional, como uma doença ocupacional, isto é, relacionada ao estresse da rotina de trabalho. O termo foi incluído na 11ª versão da Classificação Internacional de Doenças, a CID-11, que passou a vigorar em 1º de janeiro de 2022.
A
Síndrome foi oficializada como “estresse crônico de trabalho que não foi
administrado com sucesso”. No texto anterior, ela era considera ainda como um
problema na saúde mental e um quadro psiquiátrico.
De
acordo com o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), o número de
solicitações de auxílio doença quintuplicou entre março e abril de 2020. Estes
foram os dois meses de evolução do contágio da covid-19 no Brasil. Os dados
apontam que entre um mês e outro, os pedidos saltaram de 100 mil para 500 mil.
“De
fato, o número de requerimentos de benefícios previdenciários no INSS de
natureza psiquiátrica está entre os primeiros colocados. Os pedidos de auxílio
doença e benefícios assistenciais, em decorrência de transtornos mentais, só
possuem menor incidência em relação aos de natureza ortopédica”, diz Carla
Benedetti, advogada, mestre em Direito Previdenciário pela PUC-SP e associada
ao IBDP (Instituto Brasileiro de Direito Previdenciário).
Pesquisa
da Microsoft apontou um aumento de 44% de brasileiros com esgotamento
profissional. “A Síndrome de Burnout, consequência do excesso ou sobrecarga de
trabalho, se agravou na pandemia. Nesta condição, a pessoa se sente
literalmente exausta, esgotada física e psicologicamente, seja por causa do
número de horas trabalhadas, seja pelo estresse provocado pelas condições de
trabalho”, explica a Dra. Danielle H. Admoni, psiquiatra na Escola
Paulista de Medicina UNIFESP e especialista pela ABP (Associação Brasileira de
Psiquiatria).
O
home office, por exemplo, se tornou uma rotina para muitos profissionais. No
entanto, nem todos conseguiram se adaptar com a junção do ambiente de trabalho
ao de casa. “Pacientes relatam desânimo, dificuldade de raciocínio, ansiedade,
irritabilidade, sensação de incapacidade, diminuição da motivação e da
criatividade, entre outros sintomas”, conta Dr. Adiel Rios, Mestre em
Psiquiatria pela UNIFESP, pesquisador no Instituto de Psiquiatria da Faculdade
de Medicina da USP e Membro da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).
A
privação do sono também é um forte gatilho para a Síndrome de Burnout. “Quando
o profissional não dorme o suficiente para ser produtivo ou trabalha até tarde
da noite, prejudica a rotina do sono, desregulando seu relógio biológico. Isso
resulta em uma extrema exaustão, pois o organismo, que já está habituado com um
determinado padrão de sono, sofre um forte impacto, precisando de tempo e
resistência para se adequar às mudanças”, reforça Adiel Rios.
Uma
consequência frequente da Síndrome é o uso de drogas (álcool, tabaco, além das
drogas ilícitas) como forma de alívio. “É importante estar alerta a esta
situação que agravará ainda mais a condição física e mental do indivíduo. O
mesmo pode ser dito da automedicação”, frisa a psiquiatra Danielle H.
Admoni.
Nos casos em que a Síndrome de Burnout já está instalada, recomenda-se buscar auxílio médico especializado para avaliação do quadro e orientação quanto ao tratamento. “Especialmente no caso das pessoas cujas características de personalidade as tornam mais propensas ao Burnout, a psicoterapia é um complemento importante, pois o problema está, muitas vezes, dentro da pessoa, e não tanto em suas condições de trabalho”, avalia Monica Machado, psicóloga pela USP, fundadora da Clínica Ame.C, pós-graduada em Psicanálise e Saúde Mental pelo Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Albert Einstein.
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