Com previsão de aumento na temperatura para os
próximos dias em algumas regiões do País, especialistas pedem atenção ao
bem-estar cardíaco
O ano de 2022 começou com uma onda de calor atingindo o Cone Sul do continente sul-americano.1 Em São Paulo (SP), por exemplo, as temperaturas ultrapassaram os 30ºC nesta última semana. A brusca elevação da temperatura também é aguardada em outras partes da região Sudeste e no Centro-Oeste do Brasil.²
Os efeitos da alteração brusca de temperatura são bem conhecidos e podem impactar diretamente o sistema cardiovascular, ocasionando o aumento do risco de doenças cardiovasculares e, também, da taxa de mortalidade por doenças e condições como acidente vascular cerebral (AVC), infarto e síndrome coronária aguda.³
Algumas dessas doenças são perigosas também por não apresentarem sintomas facilmente detectáveis, sendo necessária avaliação clínica periódica para o diagnóstico precoce.3
Dias com temperatura acima de 30ºC favorecem a vasodilatação (processo de expansão dos vasos sanguíneos). Tal efeito ocorre para equilibrar a temperatura corporal, na tentativa de diminuí-la.3 Com menos pressão nas artérias, alterações cardíacas podem acontecer. O aumento da sudorese também pode ser um fator: sem a reposição de líquidos, o volume de sangue circulando no corpo diminui - o que também causa vasodilatação.³ “Em pacientes que já convivem com comorbidades cardíacas, mudanças climáticas podem contribuir para ocasionar aumento da “viscosidade” do sangue podem acarretar complicações adicionais⁴”, afirma o cardiologista Jairo Lins Borges, consultor científico da Libbs Farmacêutica.
Diabéticos, hipertensos e pacientes com doenças
cardíacas, grupos de maior risco cardiovascular, devem ter ainda mais cuidado
em dias com temperaturas elevadas. Alguns medicamentos que interferem no
equilíbrio entre sal e água, como os diuréticos, predispõem o corpo a ter queda
excessiva da pressão arterial.⁴
Como se cuidar?
Alguns hábitos favorecem a manutenção da saúde cardíaca:
- Alimentação leve e saudável5
- Prática regular de atividade física, em horários
com menor incidência solar, no caso de exercícios a céu aberto, e cuidado com a
ventilação, no caso de ambientes fechados5,6
- Manutenção do peso adequado5
- Evitar o tabagismo e o abuso de bebidas
alcóolicas5
- Beber muita água para manter a hidratação6
Mesmo seguindo à risca essas dicas, podem ocorrer alterações cardíacas devido às altas temperaturas - como arritmias e queda brusca da pressão arterial. Segundo o cardiologista Jairo Borges, é necessário manter a hidratação e estar atento aos sintomas:
- Tontura inesperada4,6
- Sensação de fraqueza4,6
- Batimentos cardíacos acelerados4,6
- Dores ou desconforto no peito e/ou nos braços4,6
Caso algum(ns) (dos) sintoma(s) seja(m)
percebido(s), é recomendada a procura a um cardiologista para avaliação do
quadro clínico e, se necessário, a indicação do tratamento mais adequado.
Referências bibliográficas:
1. BRAUN, Julia; BBC NEWS BRASIL EM SÃO PAULO.
Onda de calor na América do Sul pode elevar temperaturas a quase 50 graus. BBC
News Brasil em São Paulo, [s. l.], 12 jan. 2022. Disponível em BBC. Acesso em: 17 jan.
2022.
2. ROBLES, Tiago; TEMPO﹒COM METEORED. Além do
Sul, ar quente também chega ao Centro-Oeste e Sudeste. Previsão,
10 jan. 2022. Disponível em Tempo. Acesso em: 17 jan.
2022.
3.
Ministério Da Saúde (Brasil). Organização Panamericana De Saúde - OPAS;
Fundação Instituto Oswaldo Cruz - Fiocruz; Instituto De Comunicação e
Informação Científica e Tecnológica - ICICT. Observatório Nacional Da Saúde:
Análise De Situação Em Clima E Saúde, [S. L.], 2017. Disponível em Clima e Saúde. Acesso em: 13 jan. 2022.
4.
DE BLOIS, Jonathan et al. The effects of climate change on cardiac health.
Cardiology, v. 131, n. 4, p. 209-217, 2015.
5.
SIMÃO, Antonio Felipe et al. I diretriz de prevenção cardiovascular da
sociedade Brasileira de cardiologia-Resumo executivo. Arquivos brasileiros de
cardiologia, v. 102, p. 420-431, 2014.
6. MARINS, João Carlos Bouzas.
Exercício Físico e calor-implicações fisiológicas e procedimentos de
hidratação. Revista Brasileira de Atividade Física & Saúde, v. 1, n. 3, p.
26-38, 1996
Nenhum comentário:
Postar um comentário