Lideranças
e colaboradores terão que desenvolver habilidades inéditas no mundo corporativo
pós-pandemia
Com
o avanço da vacinação e a estabilidade nas contaminações e mortes por Covid-19
no Brasil, grande parte das empresas retomam os trabalhos presenciais. Embora
haja um clima de pós-pandemia nos espaços físicos, ainda há um longo caminho a
percorrer e cuidados a serem mantidos tanto na saúde, quanto no jeito do
trabalhar de agora em diante. É o que alerta a palestrante, consultora
organizacional e mentora de líderes, Luciane Botto.
“Demos
um salto em termos de tecnologia e o momento é novo. Observamos cada vez mais
equipes e lideranças remotas, muitas vezes sem uma estrutura física. Isso será
comum e vai requerer uma liderança atuante”, afirma Luciane.
Segundo ela, gestores de setor e recursos humanos sintonizados com
as ferramentas tecnológicas serão cada vez mais requisitados no ambiente de
trabalho virtual ou presencial; tudo para equilibrar esse cotidiano, no novo
ambiente que mistura oportunidades inéditas e crescimento pessoal.
Novo ambiente de trabalho gera mais desafios e oportunidades a funcionários e líderes de equipes Feuxels/Pexels | Divulgação Luciane Botto |
Readaptação
“Quando
vemos as pessoas retornando ao ambiente corporativo, fica muito clara a
necessidade de readaptação a um modelo que parece ser o mesmo de antes, mas não
é. As mudanças estão acontecendo de forma cada vez mais acelerada e as empresas
estão abraçando a tecnologia”, ressalta Luciane, que tem mais de 15 anos em
consultoria empresarial e já ministrou cursos e palestras para mais 40 mil
pessoas.
Os
novos horizontes envolvem foco no que realmente importa para cumprir prazos e
metas. Essa movimentação precisa levar em conta ainda a administração da saúde
mental - um ativo pessoal e profissional fortemente abalado pelos
acontecimentos gerados na pandemia.
Mudanças
extremas
O
relatório The Future of Jobs 2020, do Fórum Econômico Mundial, aponta
que 50% das habilidades profissionais vão sofrer grandes alterações nos
próximos cinco anos. Já as carreiras do futuro terão perfis com mudanças
extremas. “E isso tem ocorrido em virtude do uso cada vez maior da
tecnologia da informação”, observa Luciane.
Diante
de uma demanda por TI que só cresce, o risco de faltar mão de obra
especializada é grande e tem sobrecarregado as equipes atuais. Por isso, o
profissional de destaque vai ter de explorar características como pensamento
analítico e inovador, aprendizagem de estratégias, resolução de problemas,
pensamento crítico, criatividade e postura de liderança.
Além
disso, também deverá fazer uso, monitoramento e controle de tecnologias,
conhecer programação, ter resiliência, tolerância ao stress, flexibilidade,
raciocínio lógico, inteligência emocional, gerar experiência do usuário, focar
no cliente, analisar e avaliar sistemas, ser persuasivo e bom negociador.
Presteza
Devido
à rapidez em que os cenários de trabalho e negócios se transformam, um novo
tipo de comportamento estará inserido na realidade de gestores e equipes. “A
agilidade está cada vez mais presente em todos os ambientes. Isso significa que
precisamos aprender rápido para ter condições de colocar em prática já, porque
as coisas estão se tornando obsoletas numa velocidade maior também”, afirma
Luciane.
Por
isso, um colaborador atento às mudanças será testado sempre, o que significa se
preparar para absorver uma quantidade maior de conhecimentos no seu dia a dia.
“A
aprendizagem virá dos testes, da prática, dos erros. Tempo é um recurso escasso
e precisamos aproveitá-lo. Quando a gente quer alguma coisa, tem que fazer
acontecer. Devemos ser capazes de resolver problemas complexos e ao mesmo tempo
nos adaptar rapidamente a esse mundo em constante mudança”, acrescenta a
consultora, que é mestre em Organizações e Complexidade.
Experiências
Em termos de experiências profissionais e pessoais, os anos de
2020 e 2021 se estabeleceram como um novo paradigma para todos. “Em termos de
autoconhecimento, os últimos dois anos desafiaram nossos limites. Tivemos que
pensar na importância da saúde, da família, conciliar vida pessoal trabalho,
rever amizades”, diz a palestrante, que também é coautora do livro Liderança
Integral: a evolução do ser humano e das organizações.
Nessa
nova modalidade híbrida de trabalho, em que a entrega será mais importante do
que a presença física do colaborador, ele será chamado a responsabilidades
ainda maiores.
“As
empresas querem pessoas engajadas, comprometidas e que entregam aquilo que
prometem. Isso é conhecido como Accountability: ter uma
responsabilidade incondicional por aquilo que você se determinou a fazer. Esse
é um ponto que ainda precisa ser muito trabalhado dentro das organizações. E aí
o líder deve ser o grande exemplo e o primeiro a ter coerência entre discurso e
ação”, pondera a especialista.
De
acordo com a consultora, caberá ainda ao gestor ou à liderança demonstrar uma
política de escuta e diálogo, com segurança psicológica para que a equipe se
sinta encorajada a trazer demandas, críticas e soluções sem qualquer receio. “É
nesse turbilhão de acontecimentos, potencializados pela pandemia, que podem
surgir ideias disruptivas que conquistem novos mercados e reforcem a
competitividade do negócio”, enfatiza.
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