Pesquisas apontam
aumento de ansiedade e outros transtornos entre educadores; especialistas
sugerem soluções para amenizar o problema
Um levantamento feito pelo Instituto Ipsos em 16
países e divulgado em junho, aponta que os brasileiros são os que mais sofrem
com a ansiedade provocada pela pandemia de Covid-19. Nada menos que 40% da
população apresentam algum quadro de ansiedade. E, para os professores, que
precisam lidar com suas próprias questões emocionais e também com as dos
alunos, essa realidade pode ser ainda mais dura.
Uma outra pesquisa, conduzida pela Nova Escola e
divulgada em agosto, revela que, durante a pandemia, 72% dos professores
sentiram sua saúde mental ser afetada em algum grau. Dos professores
ouvidos em estudo da International School, com o apoio do Educational
Development Centre, 91,7% dizem ter procurado auxílio psicológico para
conseguir lidar melhor com a nova rotina. Como, então, ajudar esses
profissionais a atravessarem um momento tão incerto?
De acordo com Vanessa Zanoncini, supervisora
pedagógica do Sistema de Ensino Aprende Brasil, a resposta está no apoio e no
acolhimento dos educadores. “É importante que as escolas e secretarias de Educação
trabalhem com a ansiedade, estejam próximos dos educadores e das famílias. Eles
precisam saber que não estão sozinhos neste trabalho árduo de tentar levar a
Educação aos estudantes de formas nunca antes experimentadas. É necessário um
movimento de toda a comunidade para aproximar, valorizar, respeitar e acalmar
esses profissionais”, enfatiza. Proporcionar espaços - ainda que não sejam
físicos - de troca de experiências tem sido uma estratégia do Sistema de Ensino
Aprende Brasil, que está presente em mais de 200 municípios de todo o país,
contribuindo para o desenvolvimento da Educação Básica na rede pública
municipal de ensino.
A pediatra e professora do Departamento de
Pediatria da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), Ana Escobar, aponta uma
série de alterações nos padrões de interação social que ajudam a agravar os
quadros de estresse, ansiedade e depressão. “Somos seres sociais, aprendemos a
ler no olho do outro um sentimento. Então é completamente diferente ter uma
interação presencial, em que a olhamos o outro e vemos detalhes do rosto, do
cabelo, das expressões corporais. Essa é uma situação de realidade palpável”,
destaca.
Para ela, neste momento em que o contato humano
precisa se limitar às interações por meio de telas, as relações tornam-se muito
menos acolhedoras do que tradicionalmente seriam. “Não ter as interações
presenciais deixa nossas relações muito mais duras. Com os laços presenciais,
aprendemos a experimentar os sentimentos de compaixão, compreensão,
solidariedade, afeto e carinho. A presença real é essencial para nossa
existência. Quando interagimos com uma tela, as outras pessoas deixam de nos
conferir existência”, diz Ana. Ela explica que o excesso de telas impede o
desenvolvimento de vínculos autênticos, o que, por sua vez, contribui para uma
sensação constante de solidão.
A pediatra revela que o ser humano pode atuar em
quatro frentes para reduzir os impactos da ansiedade na vida cotidiana: a
primeira delas é física e diz respeito a questões como visitas regulares ao
médico, alimentação correta, exercícios físicos e respeito às horas de sono
diárias. A segunda é emocional. “Viva melhor seu tempo presente. Escolha uma
atividade que te dê prazer, arrume um momento para você mesmo, valorize os
pequenos prazeres do dia”, aconselha a médica. A terceira tem a ver com a
organização do tempo. Planejar as atividades que é possível realizar ao longo
do dia, não acumular tarefas e realizar essas atividades com calma. Por fim, o
ser humano é um ser social, de modo que é fundamental exercitar a sociabilidade,
mesmo em tempos de pandemia. “É essencial fortalecer os laços sociais com os
amigos e a família seja por vídeo, seja criando microbolhas em que as pessoas
possam se encontrar”, recomenda.
Sistema de Ensino Aprende Brasil
http://sistemaaprendebrasil.com.br/
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