Nutricionista Adriana Stavro fala como a nutrição pode ajudar a controlar a doença.
O diabetes mellitus (DM) é uma condição de origem
multifatorial, incluindo fatores genéticos e ambientais. É uma doença crônica
que atingiu proporções epidêmicas entre adultos e crianças em todo o mundo. De
acordo com o relatório publicado pela Federação Internacional de Diabetes (FID)
em 2013, sobre a prevalência global de DM entre adultos (20-79 anos) foi de
8,3% (382 milhões) e o número deve aumentar para mais de 592 milhões de pessoas
até 2035, com estimativa global de 10,1%.
No Brasil, dados da Organização Mundial de
Saúde (OMS) apontam que 16 milhões de brasileiros sofrem da doença. Ainda de
acordo com o estudo, a taxa de incidência cresceu 61,8% nos últimos dez anos. O
Rio de Janeiro (RJ) aparece como a capital brasileira com maior prevalência de diagnóstico
médico, com 10.4 casos a cada 100 mil habitantes.
O DM é uma epidemia global e o Brasil ocupa o
4º lugar no ranking dos países com o maior número de casos, atrás de China,
Índia e Estados Unidos.
Existem diferentes tipos de DM, incluindo
pré-diabetes, DM1, DM2 e diabetes gestacional. Os tipos mais comuns são
pré-diabetes e DM2, que são amplamente influenciados pelo excesso de gordura
corporal, dieta inadequada e sedentarismo, tabagismo e consumo excessivo de
álcool.
O DM2, antes denominado uma doença de início na
idade adulta, atinge números cada vez mais preocupantes. Ainda mais alarmante,
atualmente está crescendo entre adolescentes e crianças. Com o aumento das
taxas de sobre peso e obesidade infantil, a DM2está se tornando comum entre os
jovens.
O DM não controlado causa distúrbios vasculares
como retinopatia (cegueira), nefropatia (doença renal do diabetes), doença
vascular periférica (DVP), amputações, e acidente vascular cerebral (AVC). O DM
também afeta o músculo cardíaco, causando insuficiência cardíaca sistólica e
diastólica. É importante ressaltar que as complicações cardiovasculares são a
principal causa de morbidade e mortalidade nesses pacientes.
Como a nutrição pode ajudar?
Viver com diabetes não significa
necessariamente sentir-se privado. As pessoas podem aprender a fazer escolhas
adequadas e incluir alimentos que gostam. Segundo a American Diabetes
Association (ADA), o segredo é priorizar frutas, vegetais, proteínas magras, alimentos
naturais, e evitar gorduras saturadas e alimentos processados. Uma alimentação
equilibrada ajuda a manter o peso adequado, melhora o bem-estar geral e previne
complicações relacionada a doença.
Para a nutricionista Adriana Stavro, é
importante ressaltar que a ingestão de certos alimentos ajuda a prevenir e a
controlar a doença. Confira:
Vegetais de folhas verdes - Os vegetais folhosos verdes são nutritivos e com poucas
caloria, ricos em cálcio, potássio, vitamina A, e C. O aumento da ingestão de alimentos
ricos em vit C pode ajudar pacientes com DMa reduziro processo inflamatório e o
dano celular. Além disso, as folhas verdes são boas fontes dos antioxidantes
luteína e zeaxantina. Esses antioxidantes protegem os olhos da degeneração
macular e da catarata, que são complicações comuns do DM.
Abacates - Outro alimento que vai ajudar na saúde ocular. O abacate
contém luteína e zeaxantina, importantes para a saúde dos olhos. Incluir a
fruta na alimentação, ajuda a reduzir o risco de desenvolver degeneração
macular relacionada a doença. Além disso a gordura presente na fruta não altera
a glicemia. Isso significa que pacientes diabéticos podem se beneficiar com o
consumo.
Grãos integrais - Os grãos integrais contêm mais fibras e mais nutrientes
que os grãos refinados. Comer mais fibras é importante, pois retardam o
processo de digestão. Uma absorção mais lenta ajuda a manter estáveis os níveis
de glicemia. Bons exemplos de grãos integrais são, o arroz integral, pão
integral, macarrão integral, trigo sarraceno, quinoa, chia, painço, e centeio.
Peixe
- Peixes gordurosos são um complemento saudável a qualquer dieta, pois são
fonte de ômega-3, chamados de ácido eicosapentaenóico (EPA) e ácido
docosahexaenóico (DHA), importantes para a saúde do coração e do cérebro. Uma
alimentação rica em gorduras poli-insaturadas e monoinsaturadas, pode melhorar
o controle do açúcar e dos lipídios no sangue. Peixes fonte de EPA e DHA são
osalmão, a cavalinha, a sardinhas, e o atum.
Ovos
- Os ovos diminuem a inflamação, melhoram a sensibilidade à insulina, aumentam
os níveis de colesterol HDL (bom), e modificam o tamanho e a forma do
colesterol LDL (mau). Além disso, os ovos são uma boa fonte de luteína e
zeaxantina, antioxidantes que fornecem proteção contra doenças oculares.
Feijão
- Os feijões são baratos, nutritivos e super saudáveis.O feijão é um tipo de
leguminosa rica em vitaminas B, minerais (cálcio, potássio e magnésio) e
fibras.Eles também têm um índice glicêmico muito baixo , o que é importante
para o controle do diabetes. Comer feijão também ajuda na perda de peso, regula
a pressão arterial e diminui o colesterol. Há uma grande variedade de grãos,
incluindo, feijão vermelho, carioca, pretos, Adzuki e moyashi. Esses grãos
também contêm nutrientes importantes, incluindo ferro, potássio e magnésio.
Nozes
- Assim como os peixes, as nozes contêm ácidos graxos saudáveis que ajudam a
manter o coração saudável. São ricas em ômega-3, chamados de ácido alfa-lipóico
(ALA). Pessoas com diabetes podem ter um risco maior de doenças cardíacas ou
derrame , por isso é importante obter esses ácidos graxos por meio da dieta.
• Um estudo publicado em 2018 sobre associação
entre o consumo de nozes e o risco de DM, sugeriu que comer nozes está
relacionado a uma menor incidência de diabetes bem como glicemia de jejum
reduzida.
Frutas cítricas - Comer frutas cítricas é uma ótima maneira de obter
vitaminas e minerais. Alguns pesquisadores acreditam que dois antioxidantes
chamados hesperidina e naringina, são responsáveis pelos efeitos antidiabéticos
das laranjas. As frutas cítricas também são uma ótima fonte de: vitamina C,
folato e potássio.
Frutas vermelhas - São ricas em antioxidantes conhecidos como antocianinas,
que lhes dão sua cor vermelha. As antocianinas melhoram o açúcar no sangue e os
fatores de risco de doenças cardíacas para pessoas com DM2. Os antioxidantes
também podem prevenir o estresse oxidativo (EO), que ocorre quando há um
desequilíbrio entre antioxidantes e moléculas instáveis chamadas radicais
livres. O EO está relacionado a algumas condições de saúde, incluindo problemas
cardíacos e alguns tipos de câncer.
• Estudos mostraram níveis crônicos de EO em
pessoas com DM. Por isso o consumo de mirtilos, amoras, morangos e framboesas
para estes pacientes é importante.
Alimentos probiótico- São encontradas em certos alimentos ou suplementos, e podem
fornecer diversos benefícios à saúde.
• Um Estudo de 2013 sobre a função das
bactérias intestinais na saúde e na doençaconfirma que, uma microbiota saudável
pode ajudar nas funções do sistema imunológico, tratar doenças
gastrointestinais, auxiliar na redução do colesterol LDL (ruim) e no aumento do
HDL (bom), e diminuição dos triglicerídeos, além de ajudar a tratar a
obesidade, entre outros benefícios.
• Quais alimentos são probióticos? Os
alimentos probióticos que naturalmente contêm bactérias úteis, são o chucrute,
o kombuchá, kefir, alguns tipos de picles (não pasteurizados), vegetais em
conserva (não pasteurizados), e alguns tipos de iogurtes. Os probióticos também
podem ser encontrados em suplementos em forma de comprimidos, pós ou líquidos.
Sementes de Chia - As pessoas costumam chamar as sementes de chia de
superalimento devido ao alto teor de antioxidantes e ômega-3. Elas também são
uma boa fonte de proteínas e fibras vegetais. As sementes de chia podem
ajudá-lo a atingir um peso saudável, pois as fibras reduzem a fome além de
manter o controle glicêmico.
Adriana
Stavro - Nutricionista Funcional e Fitoterapeuta - Especialista em Doenças
Crônicas não Transmissíveis - Mestre do Nascimento a Adolescência pelo Centro
Universitário São Camilo.
Instagram: @adrianastavronutri
Nenhum comentário:
Postar um comentário