Precisamos falar sobre o câncer de pulmão
Oncologista
brasileiro que foi o primeiro fora dos EUA a receber prêmio concedido a
profissionais que transformam a realidade do câncer ao redor do mundo – o
Partners in Progress da ASCO –, Carlos Gil Ferreira diz que a doença ainda é um
estigma social e a incidência do tumor tem crescido entre mulheres e pacientes
não tabagistas
O câncer de pulmão é o segundo mais comum em homens e mulheres no
Brasil (sem contar o câncer de pele não melanoma). Segundo dados do Instituto
Nacional do Câncer, é o primeiro em todo o mundo desde 1985, tanto em
incidência quanto em mortalidade. Cerca de 13% de todos os casos novos de
câncer são de pulmão. No Brasil, a doença foi responsável por 26.498 mortes em
2015. No fim do século XX, o câncer de pulmão se tornou uma das principais
causas de morte que podem ser evitadas.
Apesar da abrangência e gravidade, é um tema
estigmatizado e pouco abordado. Por isso é importante falar sobre o assunto e
fazer um trabalho de conscientização. Com esse intuito, desde 2017 há uma
campanha para alertar a população: o Novembro Branco. Segundo Carlos Gil
Ferreira, oncologista torácico e presidente do Instituto Oncoclínicas, esse
tipo de campanha é importante porque essa doença é silenciosa e, portanto,
acaba por ser descoberta em estágios avançados, o que dificulta o tratamento.
“A maioria (80%) dos pacientes diagnosticados com a doença é ou já foi fumante.
Por isso, quem é tabagista precisa fazer uma tomografia anual para controle”,
diz o médico.
Segundo o oncologista, um dado que tem chamado a
atenção é o crescimento de ocorrências de câncer de pulmão em não fumantes,
jovens e, principalmente, em mulheres. “Ainda não se sabe exatamente o porquê
desse aumento, talvez seja algo ligado ao cromossomo X. Portanto, mulheres com
sintomas respiratórios persistentes devem procurar avaliação de um
pneumologista ou clinico geral”, afirma Carlos Gil.
Sintomas
Os sintomas mais comuns e que devem
ser investigados são tosse e rouquidão persistentes, dificuldade de respirar,
dor no peito, fraqueza e perda de peso sem causa aparente. “Podem ser sintomas
que não são causados por câncer, mas se forem persistentes, é muito importante
procurar um médico e fazer uma investigação”.
Tratamento
A imunoterapia é um dos tratamentos
mais promissores nos últimos anos. “A técnica visa estimular o próprio
organismo a combater o tumor ao facilitar o reconhecimento das células malignas
pelo sistema imunológico. A abordagem é interessante porque, antes dela, para a
maioria dos pacientes com câncer de pulmão havia somente a quimioterapia”, diz
o médico.
Covid19
Segundo o oncologista, durante a
pandemia de Coronavírus muitos pacientes deixaram de fazer exames, o que causou
um retardo nos diagnósticos. Por outro lado, foram descobertos casos de câncer
de pulmão em pessoas que não se imaginavam com câncer, mas fizeram exames por
conta do Covid19 e anteciparam o diagnóstico da doença.
Dr. Carlos Gil Ferreira - Possui graduação em Medicina pela
Universidade Federal de Juiz de Fora (1992) e doutorado em Oncologia
Experimental - Free University of Amsterdam (2001). Foi pesquisador Sênior da
Coordenação de Pesquisa do Instituto Nacional de Câncer (INCA) entre 2002 e
2015, onde exerceu as seguintes atividades: Chefe da Divisão de Pesquisa
Clínica, Chefe do Programa Científico de Pesquisa Clínica, Idealizador e
Pesquisador Principal do Banco Nacional de Tumores e DNA (BNT), Coordenador da
Rede Nacional de Desenvolvimento de Fármacos Anticâncer (REDEFAC/SCTIE/MS) e
Coordenador da Rede Nacional de Pesquisa Clínica em Câncer (RNPCC/SCTIE/MS).
Desde 2018 é Presidente do Instituto Oncoclínicas e Diretor Científico do Grupo
Oncoclínicas. No âmbito nacional e internacional foi Membro Titular da Comissão
Científica (CCVISA) da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). No
âmbito internacional é membro do Career Development and Fellowship Committee e
do Bylaws Committee da International Association for the Research and Treatment
of Lung Cancer (IALSC);Diretor no Brasil da International Network for Cancer
Treatment and Research (INCTR); Membro do Board da Americas Health Foundation
(AHF). Editor do Livro Oncologia Molecular (ganhador do Prêmio Jabuti em 2005)
e Editor Geral da Série Câncer da Editora Atheneu. Já publicou mais de 100
artigos em revistas internacionais.
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