Segunda
neoplasia que mais atinge os homens no Brasil, o câncer de próstata pode
atingir cerca de 66 mil homens neste ano, segundo o Inca. Alguns mitos são
responsáveis pelas negligências de muitos pacientes que não se previnem contra
a doença
O câncer de próstata segue sendo o segundo mais
comum entre os homens, atrás apenas do câncer de pele não-melanoma. Segundo o
Instituto Nacional do Câncer (Inca), a expectativa é de que quase 66 mil homens
brasileiros tenham a doença em 2020. Em 2018, mais de 15 mil homens morreram
vítimas da doença, de acordo com o Atlas de Mortalidade por Câncer, levantado
pelo Sistema de Informação sobre Mortalidade. Para alertar os homens sobre a
importância de se prevenir, a sociedade se envolve em todo o mundo na campanha
Novembro Azul.
O câncer de próstata tem uma grande chance de ser
curado quando diagnosticado precocemente. Segundo o médico urologista Fernando
Leão, quando identificada nos estágios iniciais, a chance de cura da doença
chega a 90%. “O grande problema é que o câncer de próstata é silencioso e,
quando aparecem os primeiros sintomas, a doença já pode estar em um estágio
avançado”, detalha Leão. “Por isso é importante que o homem com mais de 50 anos
frequente regularmente o especialista. Aqueles que têm histórico de parentes
com câncer na família devem iniciar os preventivos a partir dos 40 anos”,
completa o especialista, que também é membro da American Urological
Association (AUA) e da Society of Robotic Surgery, ambas dos
Estados Unidos, e da Société Internationale d’Urologie (SIU),
do Canadá.
A pandemia do novo coronavírus também pode piorar
esse cenário porque muitos pacientes adiaram as visitas aos especialistas para
evitar exposição ao vírus. Segundo estimativas das Sociedades Brasileiras de
Patologia e de Cirurgia Oncológica, cerca de 50 mil brasileiros deixaram de ser
diagnosticados neste ano. “Os dados são alarmantes porque pessoas que
desenvolveram o câncer durante esse período acabam perdendo um tempo valioso
para o combate da doença, e teremos casos em estágios de doença mais
avançados”, explica Leão, que ainda destaca que os principais fatores de risco
para o câncer de próstata são sedentarismo, obesidade, tabagismo e etilismo,
alimentos ricos em gordura saturada (carne vermelha e laticínios),
hereditariedade e longevidade (maior expectativa de vida).
Principais mitos
Segundo o especialista, alguns mitos acabam
prejudicando o combate ao câncer de próstata. O primeiro grande mito envolve a
crença que muitas pessoas têm de as chances de incidência da doença serem
baixas em pessoas sem o histórico de câncer de próstata na família. Mesmo que
as chances de desenvolvimento da doença sejam maiores em pessoas que já tiveram
algum familiar com a neoplasia, essa doença pode atingir qualquer homem.
Fernando Leão ainda detalha que há outros grupos de riscos que devem ter mais
cuidado. “Os homens negros têm mais chances de ter a doença, assim como pessoas
obesas e fumantes”, destaca o urologista.
Outro grande mito é de que a vasectomia causaria
câncer de próstata. “Não há estudos robustos que apontem essa relação da doença
com a vasectomia. Portanto, o procedimento cirúrgico não é fator de risco para
a doença”, afirma o urologista.
Os pacientes tratados do câncer de próstata
também devem ficar atentos para a possibilidade de recidiva da doença. “Aqueles
que passaram por tratamento podem comemorar, mas devem manter seus controles
conforme orientações de seu médico, pois em alguns casos a doença pode
retornar. De qualquer forma, é importante manter as visitas ao especialista
regularmente”, destaca Leão. Da mesma forma, aqueles que apresentarem recidiva
não devem desanimar, já que a neoplasia é possível de ser superada novamente.
Apesar desses mitos, Leão alerta sobre o risco do
sedentarismo como potencializador do câncer de próstata. Segundo o
especialista, a obesidade e a falta de exercícios podem alterar moléculas
responsáveis pelo surgimento da neoplasia. Por isso, é indicado que os
pacientes tenham uma vida com alimentação saudável baseada em frutas, verduras,
legumes, grãos e cereais integrais, dieta rica em selênio e vitamina E,
hidratação adequada, além de praticar exercícios físicos regularmente.
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