A pediatra Isabella Ballalai ressalta a importância de os pais vacinarem os filhos contra o vírus que pode levar ao câncer¹
Alguns tipos de câncer
são causados por agentes infecciosos como vírus. O mais comum é o papiloma
vírus humano (HPV), responsável pelo câncer de colo do útero, ânus e outras
localizações¹. A infecção genital por esse vírus é muito frequente e não causa
doença na maioria das vezes. Entretanto, em alguns casos, ocorrem alterações
celulares que podem evoluir. Com exceção do câncer de pele não melanoma, o
câncer de colo do útero é o terceiro tumor maligno mais frequente na população
feminina (atrás do câncer de mama e do colorretal) e a quarta causa de morte de
mulheres por essa enfermidade no Brasil².
Mas por que vacinar
crianças e adolescentes? A pediatra e atual vice-presidente da Sociedade
Brasileira de Imunizações (SBim), Dr.a Isabella Ballalai, explica que a
vacinação contra o HPV poderia impedir que mais de 90% desses cânceres se
desenvolvessem³. "Existem dois tipos de vacina contra o HPV. A
quadrivalente, por exemplo, é recomendada para meninas de 9 a 14 anos e meninos
de 11 a 14. Todos os indivíduos nessa faixa etária deveriam receber a vacina.
Hoje, sabe-se que a resposta imunológica à vacina é melhor quando aplicada até
essas faixas etárias, o que não contraindica a sua aplicação para os
demais", explica a médica.
A pediatra ainda
esclarece por que é importante que os meninos também se imunizem. "Eles
devem receber a vacina para sua proteção. O HPV tem sido relacionado a verrugas
genitais, câncer de pênis, ânus e garganta. Além disso, por serem os
responsáveis pela transmissão do vírus, ao receberem a vacina estão colaborando
com a redução da incidência dos cânceres de colo do útero e de vulva nas
mulheres. "
Além disso, o ato de
vacinar os jovens contra doenças infectocontagiosas não tem influência na
decisão de eles terem ou não atividade sexual futuramente, como muitos pais
podem imaginar. "A hepatite B, por exemplo, é uma doença transmitida por
via sexual e a vacina é aplicada em todos os bebês no momento do seu
nascimento, ainda na maternidade4", exemplifica a Dr.a Isabella. Por isso,
quando os adolescentes decidem ter uma relação sexual, eles o fazem
independentemente de terem ou não recebido as vacinas necessárias e, por isso,
é melhor estarem orientados com relação à prevenção de gravidez e DSTs (doenças
sexualmente transmissíveis), além de devidamente vacinados.
A vacina é distribuída
gratuitamente pelo SUS e é indicada para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11
a 14 anos. Pessoas que vivem com HIV e pacientes transplantados na faixa etária
de 9 a 26 anos também têm indicação da vacina, oferecida gratuitamente nos
postos de saúde¹.
Referências
1 Instituto Nacional
de Câncer. HPV e outras infecções. Disponível em: http://www.inca.gov.br/causas-e-prevencao/prevencao-e-fatores-de-risco/hpv-e-outras-infeccoes. Acesso em: 19 de
maio de 2020.
2 Instituto Nacional
de Câncer. Câncer de colo do útero. Disponível em: http://www.inca.gov.br/tipos-de-cancer/cancer-do-colo-do-utero. Acesso em: 19 de
maio de 2020.
3 Centers for
Disease Control and Prevention - CDC. HPV Vaccine Safety and
Effectiveness. Disponível em: http://www.cdc.gov/vaccines/partners/downloads/teens/vaccine-safety.pdf. Acesso em: 19 de
maio de 2020.
4 Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) -
Calendário de vacinação SBIM Criança. Disponível em: http://sbim.org.br/images/calendarios/calend-sbim-crianca.pdf. Acesso em: 19 de
maio de 2020
Nenhum comentário:
Postar um comentário