Para a psicologia
positiva, a melhor maneira é acolher os sentimentos negativos e entender que a
impermanência é parte da vida
Atingir um estado de espírito estável e equilibrado
é um objetivo que o ser humano busca, principalmente, quando fatos
incontroláveis, como a pandemia do novo coronavírus, pela qual estamos
passando, circunda o cotidiano.
A questão é: como é possível encontrá-lo? Para
Flora Victoria, mestre em Psicologia Positiva Aplicada pela Universidade da
Pensilvânia, ele depende da aceitação daquilo que se pretende evitar ao máximo
nessa busca -- os imprevistos e reviravoltas que nos tiram do eixo.
“É preciso que todos entendam que o ser humano vai
também exprimir sentimentos negativos, como raiva, ressentimento, tristeza, e
que tentar ocultá-los, principalmente de si mesmo, é que vai levar a um
desequilíbrio contínuo” diz Flora.
Ou seja, estar equilibrado não significa estar
imune às situações frustrantes. “A vida é feita de dores e prazeres, então, é
importante entender que não senti-los é viver num estado anestesiado”, explica
Flora.
Para viver em um estado consciente, em que se
vivencie o melhor e, ao mesmo tempo, aprenda-se com as experiências é preciso
abraçar o todo, olhar para si com carinho -- até mesmo para as partes que
consideramos sombrias.
Por isso, a resiliência, um dos pilares da
psicologia positiva, é importante para manter um bom estado de espírito, uma
vez que a noção de controle total é ilusória.
“O termo resiliência nasceu da física e trata-se da
capacidade que alguns materiais têm de acumular energia quando submetidos à
pressão e, depois de absorver o impacto, voltar ao estado original sem
deformação, como se fossem elásticos. Quando nos referimos a pessoas
resilientes estamos falando daquelas que ao sofrerem impactos na vida têm
energia e disposição para transformar as experiências negativas em
aprendizado”, explica a mestre em psicologia positiva.
Ela emenda que esta é uma característica de certa
forma ligada à racionalidade, não no sentindo de conferir frieza às pessoas que
se comportam desta forma, mas de permitir que elas entendam que os sentimentos
são tão fluidos quantos os fatos da vida e, portanto, não se apeguem aos
negativos. “O que chamamos de equilíbrio, na verdade, está ligado ao bem-estar
gerado pelos sentimentos positivos, e se há algo a se apegar na vida é a eles”,
completa.
Experiência e autoconfiança a serviço do bem-estar
Flora relembra que no livro “A sabedoria da Vida”,
o filósofo alemão Arthur Schopenhauer exalta a experiência como um facilitador para
seguirmos o caminho e desenvolver a resiliência pessoal.
Ela explica que a vida ensina, por meio dos tombos,
com o que vale a pena se importar, mas que é possível fortalecer nossa
capacidade de voltarmos ao equilíbrio e ampliar a resiliência identificando
nossas limitações.
“As limitações são pessoais, mas, por exemplo,
alguém pode identificar que o fato de não ter muita flexibilidade é que tira
seu humor e evoca seus piores sentimentos, começa a trabalhar nesta
característica para que fatos corriqueiros o irritem menos e assim seu estado
de equilíbrio seja mais duradouro”.
Outra maneira de aumentar o bem-estar é trabalhar
nas crenças limitantes. “Muito do nosso bem-estar está ligado à autoconfiança
Para fortalecê-la, uma dica é trocar pensamentos como “eu não sou capaz” ou “eu
não consigo” por afirmações mentais fortalecedoras”, explica Flora.
Ela ainda incentiva investigar as origens das
crenças limitantes, caso o indivíduo tenha muita dificuldade em silenciar os
maus pensamentos: “nós somos o combustível do qual nos alimentamos. Não há
felicidade o tempo todo, mas há como fortalecer os sentimentos que nos levam a
ela, por isso, dedicar tempo a se compreender é tão valioso”.
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