O Estadão deste sábado (08/08/2020) estampa editorial
atribuindo ao presidente da República responsabilidade pessoal nas 100 mil
mortes causadas pelo novo coronavírus. No esdrúxulo raciocínio do
editorialista, não fosse Bolsonaro, o vírus, por si só, transitaria pelo Brasil
sem produzir vítimas.
Diz o jornal, novo queridinho da esquerda brasileira:
"Por fim, construiu-se essa tragédia porque falta a muitos cidadãos um
espírito de coletividade, o reconhecimento do passado formador comum e a
comunhão de aspirações ao futuro. Com tristeza, viu-se que não raras vezes a
fruição imediata de alguns se sobrepôs ao recolhimento exigido para o bem de
todos. Aí está o resultado."
***
Desde a
campanha eleitoral de 2018, plantou-se a ideia de que a vitória de Bolsonaro
representaria um retorno dos militares ao poder, para estabelecer um governo
fascista, homofóbico, racista, e sei lá mais o quê, com o intuito de extinguir
a democracia no Brasil. Criada a ficção, mesmo em ausência de qualquer sintoma,
tanto o Congresso quanto o STF passam o combater o fantasma criado, atacando o
Poder Executivo com medidas de viés autoritário, manifesto antagonismo político
e real esforço em coibir a liberdade de opinião. Hoje, se há um golpe em curso,
ele não se articula em favor do governo, mas contra o governo. Não é devido ao
governo, ou ao governante, mas causado pela aversão à agenda conservadora e
liberal que, dada por morta no Brasil, renasceu a partir de 2014, ameaçando
décadas de meticuloso trabalho político, sociológico e psicológico de
engenharia social.
Percival
Puggina - membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e
escritor e titular do site www.puggina.org,
colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o
totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do
Brasil. Integrante do grupo Pensar+.
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