A pandemia de COVID-19, com a necessária quarentena
e isolamento social, começou em março, passou por abril e já está avançando em
maio sem ter um prazo claro de encerramento. Mais do que o tempo de duração, a
doença vai impactar toda a sociedade, transformando parâmetros e remodelando as
relações sociais. Enquanto o poder público, a iniciativa privada e a sociedade
civil buscam formas de conter esse contágio, é preciso compreender que a vida
segue. Com novos hábitos e comportamentos, é verdade, mas o quanto antes nos
adaptarmos a essa realidade, melhor conseguiremos reduzir os prejuízos
financeiros e sociais.
O ano de 2020 prometia ser o da retomada para a
economia. Com a Reforma da Previdência aprovada, Reforma Tributária em
discussão e outras pautas para reduzir gastos e aumentar as privatizações, o
Brasil tinha otimismo e previsão de crescimento, mesmo que tímido. Entretanto,
o cenário positivo foi frustrado pelo “meteoro” COVID-19, como citou Paulo
Guedes, ministro da Economia. Segundo o relatório Focus, do Banco Central, até
o momento a projeção é que o PIB caia quase 3% neste ano e, devido à grande
queda no consumo em geral, a inflação também já começa a recuar (a mediana já
retraiu de 2,52% para 2,23%).
A grande preocupação neste momento é com os
pequenos e médios negócios. Muitos vão fechar as portas até o fim de 2020, o
que pode agravar ainda mais velhos problemas. Apesar disso, uma coisa é certa:
já no terceiro trimestre teremos uma nova dinâmica da sociedade em
funcionamento no Brasil – são esses novos hábitos e rotina que irão pautar o
futuro. A economia não parou nem vai parar, mas a cadeia produtiva vai seguir
as diretrizes impostas pela pandemia. A transformação digital, que antes era
possibilidade, tornou-se requisito básico de quem quer sobreviver nesse novo
mundo.
Nesse sentido, três setores irão passar pelas
maiores mudanças: “varejo”, “bares e restaurantes” e “turismo”. Eles não serão
mais os mesmos de três meses atrás. No mercado varejista, por exemplo, as
vendas pela internet devem representar 6% no cenário brasileiro, segundo
Eduardo Terra, presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), e
a gestão de relacionamento com clientes do varejo pós-COVID-19 será
imprescindível, com as marcas se relacionando de maneira próxima com os
clientes.
Empresários de bares e restaurantes precisam
transformar suas operações em delivery rapidamente, enquanto o
turismo deve apostar na flexibilização de pacotes de viagens, com alterações de
datas e até de destinos, para estancar a crise – dados da Confederação Nacional
do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) mostram um prejuízo de quase R$
12 bilhões desde o início da pandemia.
Além dessas transformações, o consumo consciente,
que já vinha ganhando mais relevância nos últimos anos, passa a ter uma nova
complexidade e vai ficar mais criterioso. Com exceção dos bens de primeira
necessidade, como alimentação e medicamentos, há perspectiva de crescimento em
três categorias. Os “habilitadores de digitalização” são os insumos que
possibilitam a comunicação com familiares e trabalho virtual, como smartphone, notebook
e software de videochamadas. Na área de “lazer e estudos”, o conceito de
educação a distância, com livros e brinquedos, permite o autoaprimoramento
neste momento em que estamos em casa. Por fim, “saúde e bem-Estar” deverá
trazer novas formas de higienização e de vida saudável.
O importante é compreender esta transformação e ver
que, como demonstrado na China e em outros lugares que retornaram à
“normalidade”, há motivos para se animar em 2021. É um ano de crescimento e
retomada do consumo, obviamente respeitando os novos hábitos consumidores e as
novas formas de relacionamento. Mesmo com os planos emergenciais do governo
junto às ações da iniciativa privada no combate à pandemia, esta é uma crise
que vai se estender, e o mundo já está aprendendo de maneira rápida e dolorosa.
Henrique Carbonell - sócio-fundador da Finanças
360º, empresa especializada em sistema de gestão
financeira com conciliação automática de vendas por cartão para o pequeno e
médio varejo www.f360.com.br – e-mail: f360@nbpress.com
F360º
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