Muito
tem se falado em tempos de pandemia do coronavírus, dos profissionais
essenciais da área da saúde como os médicos, enfermeiros, farmacêuticos, entre
outros. Eles são importantes para a sociedade e estão diariamente colocando
suas vidas em risco pelas nossas. Porém, há uma classe de profissionais não tão
comentada neste momento, e que também precisa ser enaltecida: a dos
professores.
Muitos
deles também são profissionais da saúde e estão em outro tipo de linha de
frente nesse momento. Estão trabalhando de suas casas, reaprendendo diariamente
a arte de ensinar para conseguir continuar formando novos profissionais da
saúde que estarão aptos para atuar em outros tempos.
O
professor tem aprendido neste período que, mesmo à distância, pode continuar
ensinando, utilizando ferramentas que antes eram desconhecidas, como as
videoconferências. O saber, que antes era comumente compartilhado
presencialmente, agora segue sendo compartilhado à distância. Sabe-se que há
inúmeras variáveis nesta nova realidade, como por exemplo a educação à
distância de crianças e adolescentes. Este texto, por sua vez, traz à tona
especialmente a realidade do ensino superior.
Desde
os primórdios, é possível afirmar que professores são profissionais essenciais.
São eles que, com ou sem pandemia, são formadores de opinião, fontes geradoras
de conhecimento, passando seus conhecimentos a seus aprendizes através do
ensino. Porém, estão acostumados a ensinar com o auxílio de ferramentas como o
quadro negro, o giz, slides e dinâmicas em sala de aula, e, em tempos de
pandemia, esses profissionais também estão precisando se reformular. Assim como
os profissionais de saúde, que estão aprendendo cada dia mais sobre o
enfrentamento do coronavírus, os professores precisam aprender novas formas de
continuar ensinando, sem sair de casa.
A
pandemia mudou diversos hábitos comuns do nosso dia a dia, incluindo a forma de
ensinar e aprender. O “novo normal” tem sido o ensino a distância, que infelizmente
até pouco tempo atrás ainda era criticado. Será que agora, que se fez
necessário transformar o ensino presencial em ensino a distância, não seria o
momento ideal para aceitarmos essa modalidade de ensino? Muitos conselhos de
classe na área da saúde ainda criticam essa forma de ensino, mas para formar
novos profissionais neste momento é o que se faz necessário.
Por
quanto tempo? Será que este também não é o futuro? Será que não é hora de rever
as estratégias de ensino na área da saúde? É certo que o conhecimento será
sempre uma das ferramentas mais potentes do indivíduo. Há, sem dúvida, uma
parte importante a ser feita presencialmente. Nada substitui o olho no olho do
paciente. Mas há muito que pode ser feito a distância, considerando, inclusive,
que este conhecimento pode chegar a lugares e comunidades que antes jamais
vislumbravam a possibilidade de aprender novas profissões.
A
partir de agora as modalidades a distância e semipresenciais ganharão mais
visibilidade. Fazendo uma analogia com os filmes, nunca vemos grandes
aglomerações em filmes futuristas, de ficção científica, diferentemente dos
filmes épicos, onde milhares de pessoas se aglomeravam para assistir as
batalhas no Coliseu. O conhecimento não está mais estático à um cérebro.
Está interligado à tecnologia, com milhares de cérebros por trás gerando novos
conhecimentos, transmitindo estes infinitos conhecimentos de maneira remota,
aos quatro cantos do mundo.
As
idas a congressos, tão comuns na rotina do profissional da saúde, sempre tinham
grandes despesas associadas. Passagem, hospedagem, inscrição, alimentação e
outros gastos para obter-se conhecimentos específicos, ou, para ministrar
pequenas palestras. Hoje já é possível a realização destes eventos via
plataformas na internet, que também permitem acessar novos conhecimentos, não
excluindo a possibilidade de geração de networking.
Mas
e o contato humano?
Este
texto foi escrito durante a pandemia do coronavírus, estamos aprendendo
diariamente novos hábitos dentro do nosso isolamento social.
Mas
como será o futuro? Haverá novas aglomerações quando tudo isso passar? Será que
o contato humano vai diminuir? O contato entre as pessoas pode até diminuir,
mas o que não pode diminuir são os nossos valores, como solidariedade,
honestidade, empatia e respeito, além, indiscutivelmente, da educação que será
fundamental para nos auxiliar a responder a tantas perguntas que este texto nos
apresenta, neste futuro que precisaremos recriar e cocriar.
Vinícius
Bednarczuk de Oliveira - doutor em Ciências Farmacêuticas, coordenador do Curso
de Farmácia do Centro Universitário Internacional Uninter
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