Segundo Taiana
Jung e Rui Marcos, em tempos de crise, uma comunicação eficiente é necessária
para gerar autoconhecimento e minimizar desentendimentos
Com o atual cenário de crise instaurada pela
pandemia da Covid-19, bem como até mesmo em outros cenários fora do caos, uma
comunicação eficiente e assertiva se faz necessária para potencializar a
compreensão e minimizar desentendimentos. Em um mundo caracterizado como
técnico, científico e informacional, a aceleração dos objetos e das ações é
elevado ao seu nível máximo, atendendo à lógica da produtividade, ou seja, do
fazer, do ter, do tempo como sinônimo de dinheiro - e não de vida.
"Os efeitos negativos dessa rapidez podem ser
notados na saúde mental, com alto nível de estresse, psicopatologias como
burnout, e nas mais variadas compulsões, bem como nas relações sociais em uma
sociedade cada vez mais excludente e intolerante. Nos relacionamentos
interpessoais, falta a fluidez na comunicação, uma expressão da automação da
vida, onde a inversão do tempo nos faz usá-lo como recurso capital e não como
recurso de vida", explica Taiana Jung, pesquisadora do tema, mediadora de
conflitos e empresária.
Segundo ela, a comunicação, nesse contexto, é um
ato que necessita da empatia, da entrega, do conhecimento e da aplicação de um
conjunto de símbolos e regras, dentre eles a escrita, as imagens, as convenções
culturais e os códigos.
"Se falo com outra pessoa e não reconheço que
os seus símbolos, regras e tempos podem ser diferentes dos meus, o que
realmente quero? Falar o que penso e pronto? Que o outro entenda tudo, pois fui
claro o suficiente? Quantas vezes os mal-entendidos são vividos por causa de
uma interpretação equivocada? Quantas vezes fazemos uma comunicação
aparentemente eficiente, mas ela se mostra ineficaz, pois não há compreensão?",
pontua Jung.
A pesquisadora esclarece que, independentemente do
tempo ao qual esteja sendo debatido e apresentado, o que não muda enquanto tudo
se altera é o processo de comunicação, que envolve o emissor, o receptor e o
canal pelo qual ocorre o diálogo.
"Comunicar requer escutar com empatia e doar
ao outro aquele instante. Para desenvolver a empatia, é necessário compreender
a fala, a expressão ou mesmo o silêncio. Com isso, todas as partes ganham e as
relações, profissionais ou pessoais, podem se tornar mais leves e com menos
melindres de achar que o outro não te entende ou que te julga, pois antes de
isso acontecer, você estará mais consciente dos motivos que levam a pessoa a
pensar ou agir de tal forma. É isso que se chama conexão", salienta
ainda.
A comunicação otimizando negócios
Rui Marcos, pesquisador e diretor da Logos
Consultoria, pontua que, no âmbito empresarial, a comunicação é considerada uma
habilidade indispensável, devido à valorização da diversidade e à flexibilização
da lógica departamental, onde pessoas de um setor executam projetos com as de
outros setores, exigindo maior capacidade de relacionamento interpessoal,
mediação de conflitos e consequentemente de se comunicar.
"Os novos meios de comunicação ampliaram os
canais, onde o tempo e a escrita, por exemplo, ganham importância em uma
conversa no WhatsApp, uma postagem no Twitter e uma reunião à distância. Como
consequência, a forma de utilização destes canais pode gerar uma crise devido a
uma vírgula fora do lugar, à brevidade de um texto, ao tempo de resposta, à
postura e à entonação da voz", diz, acrescentando que a capacidade da
liderança em transformar a comunicação em ação será o gerador do ambiente de
confiança propício para o exercício da comunicação assertiva.
"A partir disso, é possível articular um
conjunto de técnicas para desenvolver o potencial da comunicação
organizacional, que envolve a cultura das empresas e dos seus
colaboradores", finaliza Rui.
A importância da comunicação assertiva para a
vida
Dos dias 18 a 22 de maio, Taiana Jung fez a
mediação da jornada de lives "Papos e ideais", um ciclo de palestras
online que debateu assuntos voltados para a comunicação assertiva com destaque
em habilidades e atitudes para o século XXI; autoconhecimento; postura mental e
emocional; diálogos que conectam; e os benefícios da comunicação para os
relacionamentos nas organizações.
Elisabeth Teixeira Rodrigues, professora que
participou da jornada, destaca que a importância de se manter uma melhor
comunicação mudou sua mente e a fez se sentir melhor nas relações com as
pessoas: "Achei muito interessante a temática e os efeitos da comunicação
assertiva. Durante as palestras, fomos esclarecidos de que a comunicação sempre
existiu e que, a cada dia, somos mais exigidos na comunicação assertiva.
Percebi, então, a sua importância nas organizações, a necessidade de se ter
autoconhecimento e uma comunicação não violenta", diz.
Ela também destaca a luz que foi dada sobre o autoconhecimento
durante as lives, fazendo-a olhar mais para si e perceber a sua capacidade
interior.
"Quando não temos autoconhecimento, ficamos
reféns das outras pessoas. Isso me tocou muito durantes as lives. Eu tenho
quatro irmãos e sempre fui tratada como a mimada, a mole, e fui crescendo
acreditando naquilo, de forma que, em todas as brincadeiras, eu me colocava
como “café-com-leite”. Isso mostra que, com a falta do autoconhecimento, você
fica realmente à mercê das pessoas. Quando me casei, passei a ser a surpresa e
comecei a fazer as coisas, a me encontrar. Vi que não era o que me rotulavam.
Então essas palestras acendem uma luz de que temos que procurar nos
conhecer", explica.
Márcia Reis, 51 anos, graduada em administração e
em estética, enfatizou o fato de sempre achar que sabia se comunicar, porém foi
convencida de que devemos melhorar muito a nossa comunicação.
"Achei a abordagem bastante interessante. As
palestras me mostraram que precisamos vestir a nossa empatia quando formos
falar com o outro. Posso dizer a mesma coisa para várias pessoas, porém de
maneiras diferentes. Cada pessoa tem uma forma de ouvir e, para conquistar essa
audição, eu preciso passar a mensagem. Fomos esclarecidos de que isso vale
tanto na vida pessoal quanto na profissional. A mesma coisa que falo com um
filho, eu tenho que falar com o outro, mas de formas diferentes", elucida
Márcia.
Ela também cita o autoconhecimento como uma grande
virtude adquirida ao longo do ciclo de palestras virtuais: "Percebi que
preciso me conhecer. À medida em que você se conhece, você está mais livre;
você é quem você é e as pessoas começam a te respeitar. Você não aceita tudo
que vem de qualquer jeito. A partir do momento em que nos conhecemos, temos uma
vida mais tranquila, pois conhecemos limites, nos damos direito, nos cobramos
menos e ficamos mais leves. Aprendi, na maratona, como me tratar, me ver e como
tratar o outro. Sobre o que estou dando de melhor para mim mesmo".
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