Hematologista lista requisitos para ser doador, um deles, no Brasil, é
não ter tido câncer
Neste mês ocorre a
campanha Junho Vermelho, que tem como
objetivo conscientizar a população sobre a importância da doação de sangue. Com
a grande movimentação da ação, que envolve a imprensa, muitas pessoas procuram
centros de doação com intuito de ajudar e acabam se frustrando com a lista de
requisitos para ser doador. Segundo o hematologista Paulo Vittor, do
Grupo SOnHe, é preciso cuidado com a seleção de doadores e ainda, no Brasil,
seguir uma legislação. “A primeira informação que devemos saber é que a doação
é um procedimento extremamente seguro, que costuma acarretar pouco ou nenhum
risco para a população em geral. Porém, em grupos específicos, como pacientes
com doenças cardíacas, a retirada do volume de sangue necessário pode acarretar
efeitos colaterais. Para nós, médicos, a segurança do doador é prioridade,
tornando esse risco inaceitável. E ainda, há uma serie de leis que devem ser
seguidas”, explica o médico.
Um dos itens da
legislação brasileira de doação de sangue tem sido alvo de debates frequentes,
que é o doador não pode ter tido câncer. “Os únicos tipos de tumores que não
contraindicam a doação são o carcinoma basocelular (um tipo de tumor de pele) e
carcinoma de colo uterino. Tal proibição deve-se ao risco teórico de que
células cancerígenas do doador possam ser transmitidas pelo sangue e se
implantem no receptor. Até o momento, não há comprovações científicas
contundentes de que pacientes curados de suas neoplasias sejam capazes de
transmiti-las pela doação de sangue. Inclusive, alguns países como EUA e
Austrália permitem a doação de pacientes com história prévia de câncer, desde
que este estejam curados e o tratamento tenha acabado há mais de um ano”,
conta.
Para o
hematologista, com a demanda crescente do uso de sangue há necessidade de ter
cada vez mais doadores. “Com esse crescimento em breve será necessário rever
esses critérios atuais. Não só permitindo pacientes com neoplasias curadas e
mais tantas outras restrições sem embasamento científico claro, sejam incluídas
nos requisitos para ser doador”, espera o médico.
No Brasil, a lei
atual permite doação a partir dos 16 anos de idade, sendo que para aqueles que
ainda não completaram 18 é necessária aprovação por escrito de um responsável
legal. É necessário também ter peso mínimo de 50kg. Isso porque, por motivos
técnicos, a quantidade de sangue doada é padronizada, ou seja, independente de
pesar 50kg ou 100kg, o volume de sangue retirado é o mesmo, que pode não ser
tolerado caso o doador tenha baixo peso. A doação de sangue também não é
permitida durante a gestação e nos 12 primeiros meses após o parto, caso a
candidata esteja amamentando. Não é necessário jejum para doar sangue, apenas é
recomendado que se evite refeições gordurosas antes da doação.
O especialista
ressalta a importância da relação aos hábitos de vida. “É necessário que o
candidato tenha parceiro (a) sexual fixo, sem relações ocasionais com
terceiros, há pelo menos seis meses. O candidato deve ter boas condições de
saúde. Porém, algumas doenças não impedem a doação, desde que controladas, tais
como hipertensão, dislipidemia, o famoso “colesterol alto”, hipotiroidismo,
entre outras. Já antecedente de neoplasia maligna, mesmo que curada, diabetes
insulino-dependente, infecção prévia por HIV, hepatite C ou B e doença de
chagas, doença cardíaca importante e outras doenças graves excluem
definitivamente o candidato à doação”, orienta Dr. Paulo.
Para quem não pode
doar, o médico afirma que existem outros meios extremamente válidos de ajudar
nesta causa. “Conversar com amigos e familiares sobra a importância de ser
doador, divulgar e apoiar campanhas de doação, compartilhar informações de
qualidade, entre várias outras, são ferramentas importantíssimas na captação de
novos doadores. Todo auxílio é válido para continuar a permitir que este ato de
solidariedade continue a salvar vidas por todo o mundo”, finaliza Dr. Paulo.
Paulo Vittor -
graduado em Medicina pela Universidade Federal de Goiás, com especialização em
Clínica Médica na mesma instituição. Posteriormente, cursou Hematologia e
Hemoterapia na Unicamp. Paulo faz parte do corpo clínico de hematologistas do
Grupo SOnHe e atua no Hospital Santa Tereza e na Santa Casa de Valinhos.
Grupo SOnHe -
Sasse Oncologia e Hematologia
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@gruposonhe.
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