O contexto
atual em função da pandemia da Covid-19 está levando muitas empresas a
repensarem os negócios. Felizmente, muitos aspectos que antes ainda não eram
fatores primordiais para muitas organizações começaram a fazer sentido de modo
mais intenso, principalmente relacionados com a saúde, segurança do trabalho,
sustentabilidade do negócio e do espaço físico (arquitetura).
A
saúde foi o pivô deste movimento de mudança, que já era um caminho sem volta,
pois fatores como estresse, ansiedade, transtornos mentais, psíquicos e
comportamentais já assolavam os espaços de trabalho antes do advento da
pandemia. E aliado à saúde, o edifício se relaciona diretamente, pois é a
conexão direta com estímulos que o espaço provoca, seja pelo ar que respiramos,
pelos materiais empregados, pela iluminação e ventilação, sistemas de resíduos,
ruídos, e outros tantos aspectos que influenciam a vida dos colaboradores.
Entendo que os espaços arquitetônicos são o cenário onde as empresas atuam, as
pessoas realizam as atividades, as máquinas e equipamentos estão instalados, os
fluxos operacionais acontecem, os recursos são atribuídos, entre outros.
Em
virtude da necessidade de enfrentar este momento ímpar, apresento três
estratégias que podem ajudar as empresas e incrementar os espaços físicos.
- Espaços de trabalho
inteligentes (Smart Workplaces)
Os
Smart Workplaces são
espaços flexíveis, híbridos e interativos. Abrir a possibilidade de trabalhar
3x2 ou 4x1, por exemplo, possibilita que sejam liberados espaços físicos
abertos, favorecendo o distanciamento das pessoas. Trabalhar três dias em
casa e dois dias no escritório, por exemplo, é uma das possibilidades que o
trabalho remoto permite, desde que a tecnologia e a segurança remota atendam às
necessidades. Espaços de coworking
deixam de ser somente destinados para startups e adentram as empresas.
Mobiliários ativos e despersonalizados ganham força.
Layouts
que favorecem a circulação e movimento corporal são estratégias significativas.
Assim, os projetos arquitetônicos dos espaços físicos devem ter projeto
especial para considerar as necessidades de acordo com a cultura e política
organizacionais, seja no ambiente corporativo, seja no home office.
- Espaços de trabalho
saudáveis [Health Workspaces]
Rever
e adaptar todos os espaços arquitetônicos para que atendam às questões
sanitárias é uma das premissas. E para isso, devem ser consideradas questões
como distanciamento social, escolha e adequação de materiais, considerações
sobre a ventilação, iluminação, conforto higrotérmico, acústico, visual e
olfativo.
Conforme
pesquisa do International
Stress Management Association, o estresse representou 45% de todos
os dias de trabalho perdidos por problemas de saúde. E, consequentemente,
essa condição acaba impactando na sua produtividade. Somada à questão de
mudanças atuais devido à pandemia, os espaços arquitetônicos requerem um
funcionamento cada vez mais saudável.
- Espaços corporativos
sustentáveis (Sustainable Workplaces)
Os
recursos ambientais utilizados em uma empresa referem-se à minimização do uso
energético, a preservação dos recursos como água, à redução de resíduos, entre
outros. Sobre a gestão patrimonial busca-se a durabilidade, facilidade de
manutenção, flexibilidade, adaptabilidade e redução de custos com limpeza e
manutenção. Por conforto, saúde e bem-estar, os espaços corporativos devem
otimizar os insumos solares, vento e umidade para garantir condições de
qualidade para os usuários em períodos frios e quentes, estudo de viabilidade
de equipamentos e sistemas, biofilia, e outras estratégias, a fim de atender às
premissas da arquitetura bioblimática. Além disso, os espaços devem ser
sensíveis aos ruídos internos e externos, permitir acesso à luz do dia e vista
ao exterior, dispor de um nível de iluminação artificial conforme NBR ABNT NBR
ISO/CIE 8995-1:2013, garantir uma ventilação eficaz sem odores prejudiciais,
entre outros.
À
medida que o trabalho for retornando, é preciso que as empresas melhorem a
capacidade de combater o vírus, assim como a qualidade dos espaços físicos.
Pensando
em tudo que estamos vivendo, encorajar e engajar o cuidado integral com a saúde
do colaborador deve fazer parte de um plano entre colaborador e gestor.
A
arquitetura e o design de interiores ganham cada vez mais importância não
somente porque aumentou o tele trabalho ou home office, mas também porque há
uma necessidade em solucionar questões sobre saúde, segurança, tecnologias
nos espaços corporativos como um todo. E, portanto, se pensa arquitetura
integrada à gestão.
Somar
a interatividade, a internet e as tecnologias pode aumentar a inteligência das
coisas, favorecendo a dinâmica dos espaços e sistemas mais saudáveis.
E
você, está preparado para a nova realidade dos espaços corporativos saudáveis?
Giselle
Dziura - Arquiteta e Urbanista, doutora em Arquitetura e coordenadora dos
cursos de pós-graduação em Arquitetura do Centro Universitário Internacional
Uninter.
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