Doença
infecciosa e de caráter zoonótico ainda tem maior parte dos casos concentrada
no Nordeste, mas avança em outros estados; Brasil concentra 90% dos casos da
América Latina
Você já ouviu falar em
leishmaniose visceral? A doença, também conhecida em algumas regiões como
calazar, pode levar a morte quando não diagnosticada e tratada a tempo. Causada
por um parasita, a leishmaniose é transmitida ao humano por meio da picada de
mosquitos, sendo ainda pouco conhecida em grandes centros urbanos, mesmo com o
seu avanço em diversas regiões do país: segundo levantamento feito pelo Ministério
da Saúde em 2017, a doença tem expandido significativamente no Nordeste e
Sudeste brasileiro, o que exige a adoção de medidas de prevenção e atenção aos
seus sinais.
De evolução crônica, a
leishmaniose visceral quando não tratada pode levar a óbito até 90% dos casos,
de acordo com o Ministério da Saúde. A sua transmissão se dá a partir da picada
do mosquito-palha (Lutzomyia longipalpis – principal vetor) infectado
pelo protozoário Leishmania chagasi. Nas regiões urbanas o cachorro é o
principal reservatório da doença, já que também pode ser picado pelo
inseto.
Segundo Marcio Barboza,
médico-veterinário e gerente técnico Pet da MSD Saúde Animal, o combate ao
mosquito transmissor, uso de coleira antiparasitária e vacinação nos animais de
estimação são as principais medidas preventivas a serem adotadas. A dispersão
territorial resultante da urbanização tem contribuído com o crescimento dos
casos no país, daí a importância de incluir os animais domésticos nas
estratégias de prevenção.
Transmissão
A transmissão da
leishmaniose se dá após a picada do mosquito-palha infectado com o parasita.
Esse mosquito se infecta após picar um cão infectado e passa a se tornar um
transmissor da leishmania, transmitindo para outros cães saudáveis. O cão
infectado pode apresentar sinais clínicos da doença ou se tornar um
reservatório (não apresenta os sinais clínicos, mas está infectado).
Após a infecção, tanto o cão
doente como o reservatório podem infectar outros mosquito-palhas, que
disseminarão a doença para outros cães e até mesmo para seres humanos.
Importante destacar que o cachorro não transmite diretamente a doença para os
humanos. “Em regiões onde a doença é endêmica, o aumento de casos tende a se
dar muito rapidamente, pois tanto as pessoas como os animais podem demorar a
apresentar sintomas e, consequentemente, serem diagnosticados”, afirma Marcio.
Sintomas no pet
Após o período de incubação
do parasita, que pode variar de três a 18 meses, o animal contaminado começará
a apresentar os sintomas mais comuns da doença, que são: falhas na pelagem,
sangramento nasal, crescimento anormal das unhas, perda de peso repentina -
mesmo sem a alteração de apetite, anemia, vômitos e diarreia.
“O diagnóstico não deve ser
baseado em um único exame e o médico veterinário é o único profissional
habilitado a fazê-lo, bem como para indicar terapia e cuidados preventivos
adequados”, afirma Marcio. Quando contaminado, o animal pode adoecer e vir a
óbito se não diagnosticado e tratado a tempo.
Prevenção
Para o especialista, medidas
preventivas são essenciais e mais práticas que o tratamento, já que este exige
um alto investimento financeiro e não traz a cura – apenas melhora os sintomas
e diminui a carga parasitária.
Além disso, o Brasil é o
país com maior número de casos de pessoas infectadas em toda a América Latina,
sendo por isso essencial a prevenção para evitar a proliferação da doença.
“O recomendado é que,
estando ou não em uma área endêmica, o cão seja protegido com a coleira
antiparasitária, que costuma ser muito efetiva na proteção. A associação com a
vacina contra Leishmaniose também é indicada”, afirma Marcio, que complementa
“a limpeza do ambiente e abrigo do animal é também essencial para manter o
mosquito afastado”.
O mosquito transmissor da
doença tem preferência por locais ricos em matéria orgânica, plantas e árvores.
Para aqueles que moram em ambientes mais arborizados, recomenda-se o uso de
telas finas ao redor do abrigo do cão, mantendo-o nesse local durante o período
do entardecer à noite, período que os mosquitos costumam atacar mais.
MSD Saúde Animal
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