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sexta-feira, 6 de setembro de 2019

Em oito anos, apenas 3,12% das pessoas com indicação para cirurgia bariátrica foram operadas


De 2011 a 2018, mais de 424 mil pessoas fizeram o procedimento, mas população elegível chega aos 13,6 milhões


A SBCBM (Sociedade Brasileira de Cirurgia Metabólica e Bariátrica) divulgou um novo balanço sobre o número de cirurgias realizadas no Brasil. Em oito anos, houve um aumento de 84,73%, saltando de 34.629, em 2011, para 63.969 procedimentos, em 2018, o maior número registrado até hoje. Apesar do crescimento, o número de operados ainda é muito pequeno, se comparado ao número de pessoas elegíveis para a cirurgia, que totaliza 13.600.000 em todo o País. Nos oito anos do levantamento, 424.682 pessoas fizeram a redução do estômago. Isso corresponde a 3,12% do total de pessoas que teriam indicação para a cirurgia bariátrica.

O cirurgião bariátrico Admar Concon Filho, membro da SBCBM e diretor do Hospital e Maternidade Galileo, explica que vários fatores contribuem para isso. “Algumas pessoas não têm acesso, seja pelo local onde moram, por não terem um convênio médico ou outros motivos; outras têm medo de fazer o procedimento e outras não têm informação mesmo”, explica o cirurgião. Das 63.969 cirurgias bariátricas realizadas em 2018, 77,4% foram através de convênio médico; 17,8% foram pelo SUS (Sistema Único de Saúde) e 4,8%, com recursos particulares.

“Levando em conta o total de cirurgias realizadas no ano passado, nós precisaríamos de 212 anos para operar todas as pessoas elegíveis no Brasil. Mas a obesidade não para de crescer e continua fazendo muitas vítimas, então essa proporção tende a piorar, se nada for feito”, comenta. “Precisamos, de alguma forma, aumentar o acesso das pessoas a tratamentos efetivos contra a obesidade”, destaca Concon.

A pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), divulgada em julho pelo Ministério da Saúde, apontou que o Brasil bateu um recorde de obesidade. Atualmente, 19,8% da população brasileira é obesa. Em 13 anos, o índice de obesidade aumentou 67,8% no País.

“A obesidade é um problema de saúde pública muito sério. Ela desencadeia muitas outras doenças que podem levar o paciente à morte, além de piorar sua qualidade e expectativa de vida significativamente”, afirma o cirurgião. “Mas é importante destacar que a cirurgia bariátrica não faz milagre e não deve ser indicada para quem não precisa. O paciente precisa estar muito bem preparado e consciente de todas as mudanças que este procedimento causará em sua vida”, reforça.

Para ter indicação para a cirurgia bariátrica, os pacientes precisam preencher uma série de critérios. O procedimento é permitido em pessoas com diabetes mellitus Tipo 2 (DM2), que possuam IMC (Índice de Massa Corporal) entre 30 Kg/m2 a 35 Kg/m2, e ausência de resposta ao tratamento clínico; em pacientes com IMC maior que 35, desde que tenham doenças associadas a obesidade; ou com IMC acima de 40, considerada obesidade mórbida, sem a necessidade de comprovar doenças causadas pela obesidade.






Dr. Admar Concon Filho - cirurgião bariátrico, cirurgião do aparelho digestivo e médico endoscopista. Palestrante internacional, presidente do Hospital e Maternidade Galileo e fundador e coordenador do Grupo de Cirurgia Bariátrica de Valinhos. Também é membro titular e especialista pelo Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva, Colégio Brasileiro de Cirurgiões e Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva, além de membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica e membro da International Federation for the Surgery of Obesity and Metabolic Disorders. CRM – 53.577.

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