Burnout se tornou o gosto amargo que se soma à
competitividade e é preciso combater a temida doença no mercado de trabalho
Com
o mercado de trabalho cada dia mais competitivo, o excesso de informações e a
correria do dia a dia, o estresse se tornou comum, e às vezes até ‘saudável’,
mas quando esse sintoma já aparece em excesso é hora de ligar o sinal vermelho.
Já no fim da década de 60, estudiosos previram uma nova doença, classificada
como “Síndrome de Burnout”.
Burnout
não é um termo novo, mas nunca esteve tão atual. É um tipo de esgotamento
físico, emocional e mental ligado diretamente à percepção de sucesso e
reconhecimento. É quando o trabalho vira uma compulsão sem sentido e desemboca
em um nível devastador de estresse, desilusão e frustração.
Com
a evolução do mercado de trabalho, é comum de se ver profissionais trabalhando
em casa ou de uma pousada no meio do paraíso, conversando com o chefe e
clientes no mesmo canal em que trocam memes de política com a família ou até
mesmo fazendo aulas de yoga na sala de reuniões, mas até isso tem um alto custo
na qualidade de vida.
“Na
última década, entramos em uma complexa sobreposição de vida pessoal com vida
profissional. Uma nova cultura e jeito de trabalhar que gerou benefícios para
empresas e pessoas. Parece maravilhoso, mas até que ponto?”, indaga Mari
Achutti, CEO da Sputinik, braço B2B da Perestroika, maior escola brasileira de
atividades criativas que investiu em um modelo de Experience Learning
para levar inovação e disrupção para dentro das empresas.
A
empresária diz que na cultura de massa, se repete exaustivamente o mantra de
que 'quando você trabalha com o que ama, nem sentirá que está trabalhando’. Ela
alerta que isso é uma armadilha. "Assim, estamos sempre trabalhando. E se
estamos sempre trabalhando, talvez nunca deixemos de trabalhar”, avisa.
"Somos cada vez mais empreendedores de nós mesmos, nosso próprios donos e
funcionários. E o preço que pagamos é muito alto, já que pagamos com a própria
vida”, confessa.
Fatores
como instabilidade econômica e desemprego são causas implacáveis para o aumento
de casos de burnout nos dias de hoje. Mas o principal gatilho é a desconexão
entre organizações e pessoas.
Saúde
mental deve se tornar meta
De
acordo com a Isma-BR, representante local da International Stress Management
Association, nove em cada dez brasileiros no mercado apresentam sintomas de
ansiedade, do grau mais leve ao incapacitante. Enquanto isso, apenas 18% das
empresas têm algum tipo de iniciativa para garantir a saúde mental de seus
colaboradores.
A
pesquisa também revela que 72% das pessoas estão insatisfeitas com o trabalho,
a grande maioria devido ao excesso de tarefas. "O próprio indivíduo pode
não perceber seu limite, especialmente em uma cultura na qual a criatividade e
a inovação são ilimitadas", comenta Achutti.
Mari
explica que a Sputnik trabalha dentro das empresas para criar um ambiente que
previne de os profissionais sofrerem com o desgaste do trabalho excessivo. Além
disso, promove ações afirmativas para combater o stress. “Nosso propósito é
provocar mudanças no universo corporativo através de uma educação criativa e
disruptiva”, fala.
Para
ela, são prioridades: acompanhar a velocidade do mercado, alinhar-se ao
“espírito do nosso tempo” com foco em cultura, criatividade, inovação, gestão e
liderança, além de promover autoconhecimento e protagonismo trabalhados para a
alta performance e criar uma cultura mais voltada para autonomia e confiança.
Deve-se
adequar o ambiente e a cultura da organização para que as pessoas trabalhem,
mas que priorizem também, sua saúde mental. Afinal, de que serve a
produtividade, quando as pessoas fritam no meio do caminho? “Esperar que a
solução venha apenas das pessoas não é o suficiente. Criar novas formas de
enxergar o trabalho e garantir a saúde mental também é responsabilidade das
empresas. Burnout não pode virar tendência”, finaliza.
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