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terça-feira, 15 de janeiro de 2019

Homens estão mais preocupados com autocuidado, mas ainda demoram para buscar especialista


Embora homens da geração X adotem estilo de vida saudável e façam exercícios, o público masculino não consulta o médico – o que atrasa o diagnóstico de doenças crônicas como a DPOC


As diferenças de gênero na forma de lidar com a saúde e o bem-estar são conhecidas. Segundo as estatísticas do governo brasileiro, os homens morrem mais cedo e costumam procurar menos os serviços de saúde, principalmente por falta de tempo e por acharem que estão bemi. Contrários a esse padrão, os homens da geração X, aqueles que têm entre 35 e 50 anos de idade, estão aderindo a um estilo de vida mais saudável e à prática de exercícios físicos. Apesar do novo comportamento, esse público ainda não busca atendimento médico com frequência. Problemas causados pelo fumo, como a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), podem ser evitados com maior conhecimento sobre os efeitos do cigarro e consultas frequentes com o especialista.

A sigla indica, geralmente, a combinação de duas condições: a bronquite crônica, que é a inflamação dos brônquios, e o enfisema, que é a destruição das paredes dos alvéolos dos pulmões. Os pacientes têm sintomas como falta de ar, tosse seca e pouca disposição para fazer as atividades do cotidiano, porque a doença reduz a passagem de ar nos pulmões. Como os sintomas da DPOC são similares aos de resfriados e outras doenças pulmonares, é comum que as pessoas não deem atenção no começo e procurem ajuda médica quando a condição está avançada. Os números globais sobre a DPOC são alarmantes. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 5% de todas as mortes em 2015 foram causadas pela doençaii.

Há um movimento para a adoção de hábitos mais saudáveis entre os homens. É o que indica a pesquisa "Homens da Geração X: a cultura do envelhecimento desacelerado", da autoridade mundial na previsão de tendências WGSN. Segundo o levantamento, homens de 35 a 50 anos estão preocupados em prolongar a juventude e, para isso, adotam um estilo de vida mais saudável e praticam mais exercício. De fato, outros estudos já apontam a diminuição do número de fumantes do sexo masculino no Brasiliii.

A DPOC é a quarta principal causa de morte no Brasil e, até 2020, deve se tornar a terceiraiv. Para o Dr. José Roberto Megda, pneumologista da Residência de Clínica Médica do Hospital Universitário de Taubaté, é possível mudar esse cenário com o diagnóstico precoce e com medidas que incentivem a mudança de comportamento dos pacientes. "Embora a principal causa da DPOC seja o tabagismo, não significa que pessoas que nunca fumaram estão livres do risco de ter a doença. Poluição, por exemplo, também afeta a função pulmonarv e pode levar ao desenvolvimento da doença", explica. Além disso, um estilo de vida saudável, com alimentação balanceada e exercícios beneficia a saúde de todos.

A ida ao médico é um dos maiores problemas entre o público masculino, o mais afetado pela DPOC. De acordo com uma pesquisa do Centro de Referência em Saúde do Homem de São Paulo, 70% dos homens que procuram consulta com especialista tomam a decisão pela influência da família (mulher ou filhos)vi

Desses, mais da metade adiou a ida ao médico, decisão que levou ao diagnóstico em estágio avançado de doençasvi. "Esse comportamento gera um alerta para o diagnóstico e tratamento da DPOC, geralmente causada pelo tabagismo. Ainda que tenha bons hábitos, a consulta com o especialista não pode ser dispensada, até porque a doença pode aparecer a partir dos 40 anos".

Além do acompanhamento médico, o especialista pontua que o tratamento com medicamentos é fundamental para manter as atividades habituais do paciente – principalmente dessa geração X, que é ativa. "O uso adequado da medicação é fundamental para evitar complicações pela doença e limitações na rotina do paciente. Uma das opções de tratamento é o tiotrópio, que reduz em 16% o risco de morte nos pacientes com DPOC", reforça o médico. O diagnóstico precoce, com o exame de espirometria e a avaliação médica, é a principal medida para evitar complicações. Pacientes com exacerbações frequentes possuem 4,3 vezes mais risco de morte do que os que realizam o tratamento adequado e não enfrentam exacerbaçõesvii.



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