Durante o verão, a
queda pressão arterial é algo comum. Contudo, embora pareça ser algo positivo
para as pessoas com hipertensão arterial, é preciso tomar alguns cuidados,
principalmente, quem tem doenças cardíacas associadas. “A grande preocupação
são as quedas bruscas de pressão arterial no hipertenso. A pessoa se expõe ao
calor, a pressão cai demais, e essa queda abrupta pode desencadear eventos
cardiovasculares, como acidente vascular cerebral (AVC) e infarto. Se a pessoa
ainda tem doenças associadas, com o passar do tempo podem surgir complicações
no cérebro, como AVC, no coração, como cardiopatia
hipertensiva, insuficiência cardíaca e arritmia cardíaca, e nos rins, como
insuficiência renal”, alerta o cardiologista da Sociedade Paranaense de
Cardiologia, Dr. Francisco Maia.
As oscilações na pressão arterial ocorrem durante essa época, pois nosso
organismo é influenciado diretamente pelos fenômenos climáticos. “É um fenômeno
fisico. Quando existe um aumento da temperatura, as artérias dilatam e,
com essa dilatação, automaticamente diminui a resistência vascular periférica e
a tendência é a pressão arterial baixar. Já no frio, existe uma vasoconstrição,
o vaso se contrai e, consequentemente, aumenta a resistência periférica e a
pressão arterial acaba aumentando também”, explica Dr. Maia.
Outro fator que contribui para a queda da pressão arterial é o aumento da
transpiração nos dias mais quentes. “No calor, nós suamos mais, perdemos mais
líquido e a tendência é que a pressão fique mais baixa. Quem utiliza diurético
pode apresentar uma queda ainda mais acentuada da pressão arterial e, portanto,
às vezes precisa conversar com o médico para não utilizar o diurético nesta
época”, afirma o cardiologista Dr. José Rocha Faria Neto, vice-presidente da
Sociedade Paranaense de Cardiologia.
A recomendação é que os hipertensos procurem o cardiologista caso sintam
indisposições frequentes, especialmente, porque já utilizam medicamentos que
fazem a pressão arterial baixar. “Quem toma remédio para hipertensão e tem uma
queda de pressão de maneira contínua, com sintomas frequentes de indisposição,
mal estar, tontura e fraqueza, deve procurar seu médico, pois pode ser
necessário fazer ajustes na dosagem ou retirar temporariamente algum
medicamento durante o verão”, recomenda Dr. Rocha.
Mas, como em qualquer
outro problema de saúde, a prevenção ainda é o melhor remédio. “A hidratação é
fundamental, tomar muita água, sendo que nas pessoas idosas é ainda mais
importante. Quem está na praia e vai ficar ao sol, também deve ficar atento
para fazer uma hidratação adequada. Ainda é necessário evitar exposição por
muito tempo ao calor excessivo, além dos cuidados básicos como manter o peso
adequado, controlar consumo de sal e praticar exercícios físicos, que, no
verão, devem ser evitados nos horários de maior calor, das 10h às 16h”, orienta
o vice-presidente da Sociedade Paranaense de Cardiologia.
Como proceder em
casos de queda de pressão arterial
Os sintomas mais comuns de queda da pressão arterial são sonolência,
indisposição, moleza no corpo, tontura e suor frio. Caso a pessoa tenha esses
sintomas, deve descansar em um lugar fresco e tomar bastante líquido. “Se a
pessoa sentir-se mal ao ponto de quase desmaiar, também deve deitar com
as pernas para cima”, recomenda Dr. José Rocha Faria Neto e acrescenta:
“Existe uma crença de que colocar sal embaixo da língua faz bem quando a
pressão cai, mas o que deve ser feito é uma hidratação vigorosa, que surte mais
efeito do que o sal, principalmente, se for uma bebida com um pouco de sódio,
como a água de coco, que é uma ótima forma de reposição para aumentar a pressão
arterial”.
Um pronto-atendimento
deve ser procurado somente em casos mais extremos. “Se a pessoa chegar a
desmaiar, tiver perda de consciência, dores no peito, redução do volume
urinário, cansaço extremo e falta de ar, é indicado procurar um atendimento
médico para evitar complicações”, aponta Dr.Francisco Maia.
Os aparelhos caseiros
para medição da pressão arterial devem ser utilizados somente com indicação
médica. “O aparelho deve ser usado somente quando houver indicação médica em
casos específicos. E mesmo assim, deve ser feita somente uma medida diária ou
com periodicidade definida pelo cardiologista”, ressalta Dr. José Rocha Faria
Neto.
Hipertensão no Brasil
Segundo informações da Organização Mundial da Saúde, estima-se que 30% dos
brasileiros acima de 40 anos de idade tenham hipertensão arterial. Desses,
porém, são poucos os que sabem ou controlam de maneira adequada a sua pressão
arterial. “Os níveis adequados da pressão arterial são fundamentais para o
funcionamento do nosso organismo. Mas, estima-se que dos cerca de 60 milhões de
brasileiros que têm hipertensão, somente metade sabe que tem a pressão alta, ou
seja, 30 milhões de pessoas. Dessas que sabem, somente metade faz o controle
correto com medicamentos, ou seja, 15 milhões. E desses 15 milhões, somente
metade está com a pressão realmente controlada”, revela Dr. Maia.
A hipertensão
arterial é um dos principais fatores de risco para doenças cardiovasculares,
acidentes vasculares cerebrais e doenças nefrológicas. Uma pessoa é considerada
hipertensa quando tem medidas consistentes (ou seja, continuamente), acima de
140/90, sendo que alguns consensos internacionais já diminuem essa medida para
130/90. “Já no caso da pressão baixa, não existe um valor específico
pré-definido. O que pode ser pressão baixa para uma pessoa de 1,90 de altura
pode ser uma pressão normal para uma pessoa de 1,60 de altura”, esclarece Dr. Rocha.
Nem
sempre as pessoas hipertensas apresentam sintomas. Algumas pessoas podem sentir
cefaleia, principalmente atrás da cabeça e no pescoço, chamada nucalgia, muitas
vezes, seguido de tontura, alteração visual (enxergar luzinhas piscando ou
visão dupla), náusea, enjoo, palpitação e formigamento nos braços. “Mas, a
hipertensão costuma ser assintomática, de maneira geral, por isso é fundamental
que as pessoas façam consultas médicas regulares e aferição da pressão
arterial, lembrando, que embora sejam mais comum depois dos 40 anos, 12% das
crianças são hipertensas, portanto, também devem ser acompanhadas”, aconselha
Dr. Francisco Maia.
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