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quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

Diagnóstico e informação são armas prevalentes na luta contra a hanseníase, alerta dermatologista



Brasil é o segundo no ranking mundial da doença, registrando cerca de 30 mil casos por ano; Doença tem cura e transmissão é interrompida após início de tratamento 


A hanseníase é uma doença infecto-contagiosa provocada pela bactéria Mycobacteruim leprae (bacilo de Hansen), que afeta principalmente a pele e os nervos, causando manchas e alterações de sensibilidade. Segundo a Sociedade Brasileira de Hansenologia (SBD), o Brasil é o segundo no ranking mundial da doença, registrando cerca de 30 mil casos por ano.

Conforme Renata Sitonio, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e dermatologista chefe da Clínica Sitonio, os primeiros sintomas podem levar anos para aparecer e começam pelas alterações neurológicas. São elas, perda de sensibilidade ao calor ou dor, formigamento, perda da força muscular ou alteração nas articulações. Já na pele, explica que podem aparecer nódulos e manchas, perda dos cabelos e sobrancelhas.

Para a especialista, é importante que a doença seja detectada rapidamente, pois a evolução da patologia pode implicar deformidades e mutilações, que tanto contribuem para a estigmatização da doença. “O preconceito devido à desinformação não pode começar pelo próprio paciente. A hanseníase tem cura e, após iniciado o tratamento, não há mais transmissão”, afirma.

De acordo com Renata Sitonio, o quadro do doente sem tratamento é mais preocupante, pois pode transmitir o bacilo pelas vias respiratória por meio de tosse, espirro, gotículas de saliva.  A dermatologista alerta que o maior risco de contágio ainda se dá pelo convívio domiciliar com o enfermo sem tratamento, o que reforça a importância do diagnóstico.

“Menos de 50% dos casos são identificados por exames de laboratório. O exames clínico feitos pelo médico dermatologista ou neurologista são mais importantes, como o de PCR (Reação em Cadeia da Polimerase - em inglês Polymerase Chain Reaction) e sorologia, além de exames como bacterioscopia e biópsia,  que coletam material da pele para serem examinados no microscópio”, explica.

O tratamento é baseado em antibióticos e pode levar de seis meses a um ano e, mesmo que haja melhora dos sintomas, o paciente não pode interrompê-lo, pois isso pode levar a resistência bacteriana. Ainda é possível que, mesmo curado, o paciente continue sofrendo com problemas neurológicos - ocorre em pelo menos 20% dos casos.  

Para Sitonio, o estigma social se dá pela desinformação e pela disseminação de falsas ideias.  Ela explica que o paciente em tratamento pode sim conviver em sociedade e deve conhecer seus direitos. Outro ponto é que a maioria da população é resistente à infecção, ou seja, adquire o bacilo, mas aborta a infecção e não desenvolve a doença.

“A ideia de que manchas são o principal sintoma da doença também é um mito, as alterações neurológicas vem primeiro. É verdade a informação de que os familiares que convivem com o paciente também devem ser examinados. É mito a ideia de que a transmissão se dá por qualquer tipo de contato. É verdadeira a informação de que, mesmo após curado, o paciente deve seguir com acompanhamento médico por, no mínimo, 10 anos”, esclarece.








Renata Sitonio - Médica dermatologista chefe da Clínica Sitonio, em São Paulo, e médica colaboradora no ambulatório de cosmiatria do Hospital do Servidor Público Municipal. Graduada pela Universidade Federal da Paraíba, Título de Especialista em Dermatologia pela Sociedade Brasileira de Dermatologia, Especialista em Dermatologia no Conselho Federal de Medicina e Associação Médica Brasileira, Membro efetivo da Sociedade Brasileira de Dermatologia - SBD - e regional de São Paulo e coautora do livro IPCA sobre técnicas cirúrgicas com agulhas. Mais informações: www.clinicasitonio.com.br.

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