Sugestões do
programa Criança e Consumo ajudam a identificar publicidade infantil, driblar
os pedidos das crianças e economizar na lista de materiais escolares
Com a chegada do ano novo inicia-se, também, o
período de compras de materiais escolares. E esse retorno às aulas pode
representar gastos acima do esperado para muitas famílias, já que as crianças
associam o momento à compra de novos produtos. Além disso, algumas empresas
investem alto em publicidades dirigidas às crianças, fazendo com que os
pequenos estudantes peçam por itens escolares com personagens ou de marcas
específicas.
Para ajudar no delicado equilíbrio entre as contas
e os pedidos das crianças - muitas vezes influenciados diretamente por
publicidades direcionadas a elas -, o programa Criança e Consumo, do Instituto
Alana, compartilha cinco dicas para minimizar os apelos de consumismo infantil
nesta volta às aulas.
1. Personagens custam (muito!)
caro
Pesquisas realizadas por Procons em diversas
regiões do Brasil mostram que os preços dos materiais escolares variam
bastante. Em Recife (PE), a pesquisa deste ano identificou uma diferença de
900% no preço de um mesmo item, apenas por causa da marca ou da estampa. Já em
Guarulhos (SP), o órgão constatou que o material escolar temático - com
personagens, logotipos e acessórios licenciados - custa até seis vezes mais do
que o material comum.
Assim, para evitar pedidos inesperados, o ideal é que os
adultos façam as compras dos materiais sozinhos ou por meio dos sites das
papelarias. Caso vá as compras com as crianças, explique quais são os limites
do orçamento ou combine que ela poderá escolher um item de preferência para
adquirir. Mesmo assim, é possível que haja insistência em alguns pedidos e,
diante disso, é importante saber dizer "não".
2. "Novos" materiais
usados
Reutilizar materiais do ano anterior, além de
sustentável, é uma ótima maneira de reduzir os gastos com a lista. Estimule as
crianças a usarem novamente estojos, lancheiras, e mochilas que estejam em bom
estado. Para animar os pequenos com essa ideia, proponha a customização com
bottons ou adesivos divertidos, ressaltando que além de diferente do ano
anterior, esses materiais serão exclusivos. Outra sugestão é conversar na
escola e propor a organização de uma feira para troca de livros e uniformes
infantis que não sirvam mais. Além da economia, é uma forma de envolver os
pequenos no processo e estimular com que eles interajam com possíveis novos amigos.
3. Saiba identificar
publicidade infantil na TV e na internet
Nesse período, as empresas de materiais escolares
transformam suas linhas de produtos (cadernos, canetas e lápis, por exemplo) em
símbolos de status entre o público infantil. Por isso, é importante
acompanhar os canais e programas que as crianças assistem para saber se há
inserções de publicidade infantil. Quando notar esse tipo de conteúdo,
aproveite para explicar aos pequenos que essas publicidades - que tentam
convencê-los de que a posse de bens de consumo proporcionará felicidade e os
fará socialmente aceitos - são apenas estratégias das marcas para aumentar suas
vendas. As redes sociais também merecem atenção: muitas empresas se aproveitam
da popularidade de canais de youtubers (mirins ou adultos que promovem
conteúdos para as crianças), para enviar seus produtos aos apresentadores, que
exibem esses "presentes" em seus vídeos, estimulando o desejo de
consumo nas crianças.
4. Publicidade na escola não é
legal
Nos últimos anos, muitas empresas têm entrado nas
escolas para promover, de forma camuflada, seus produtos ou serviços: oficinas
pedagógicas, de pintura, de alimentação saudável ou mesmo entrega de
"brindes", são apenas algumas das estratégias das marcas para
fidelizar e estimular as crianças ao consumo de seus produtos. As crianças, em
razão da fase peculiar de desenvolvimento que vivenciam, não compreendem o
caráter persuasivo das campanhas publicitárias e as confundem com atividades
pedagógicas. Caso a escola do seu filho ou filha receba a influência de marcas,
converse com a direção e explique seu posicionamento e as regras sobre o
assunto.
5. Defenda os direitos das
crianças
A publicidade direcionada às crianças é considerada
abusiva e, portanto, ilegal, conforme o artigo 227 da Constituição Federal; o
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA); o Código de Defesa do Consumidor
(CDC), e a Resolução
163 do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente
(Conanda). No caso de publicidade em escolas, o Ministério da Educação (MEC)
elaborou uma Nota Técnica para que a Resolução do Conanda fosse implementada em
todas as unidades escolares das redes municipais e estaduais de ensino.
Portanto, é possível cobrar das empresas o cumprimento da legislação e, caso se
deparem com estratégias publicitárias direcionadas às crianças, denuncie aos
órgãos de Defesa do Consumidor ou ao Criança e Consumo.
Sobre o Criança e Consumo
Criado em 2006, o programa Criança
e Consumo, do Alana, atua para divulgar e debater ideias sobre as questões
relacionadas à publicidade dirigida às crianças, assim como apontar caminhos
para minimizar e prevenir os malefícios decorrentes da comunicação
mercadológica.
Sobre o Instituto Alana
O Instituto
Alana é uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos, que aposta
em programas que buscam a garantia de condições para a vivência plena da
infância. Criado em 1994, é mantido pelos rendimentos de um fundo patrimonial
desde 2013. Tem como missão "honrar a criança".
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