Doença silenciosa, a arritmia cardíaca mata 300 mil
brasileiros por ano
Identificação
precoce da doença, causada por falhas nos estímulos elétricos do coração, reduz
chance de morte súbita
As arritmias cardíacas, um conjunto de doenças
que provocam alterações no ritmo cardíaco, acometem mais de 20 milhões de
brasileiros e nos casos malignos podem levar à morte súbita. De acordo com a
Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas (SOBRAC), elas matam 300 mil
brasileiros por ano. Com o objetivo de conscientizar a sociedade sobre a
doença, que geralmente vem à tona somente quando atletas de alto rendimento
morrem subitamente, foi estabelecido que 12 de novembro é o Dia Nacional de
Prevenção das Arritmias Cardíacas e Morte Súbita.
Segundo o cardiologista e arritmologista Pedro
Veronese, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, arritmia é uma alteração na parte
elétrica do coração. "Do ponto de vista de funcionamento, o músculo
cardíaco pode até ser normal, ou seja, estruturalmente saudável, mas há uma
disfunção na geração ou condução do estímulo elétrico", esclarece.
Segundo o cardiologista, há vários tipos de
arritmias cardíacas, algumas benignas, que não requerem tratamento específico;
outras malignas, que apresentam risco de morte súbita. "Quando o paciente
procura um especialista em arritmias cardíacas, ele geralmente quer saber duas
coisas: qual o tipo de arritmia que ele tem e se há risco de morte súbita.
", explica o Dr. Veronese.
A prevenção é feita com o controle e tratamento
de condições que predispõem às arritmias cardíacas e morte súbita, como por
exemplo, pressão alta, diabetes, colesterol, tabagismo, abuso de álcool, entre
outras. Além de morte súbita, algumas arritmias podem causar derrame (acidente
vascular cerebral - AVC). A fibrilação atrial, por exemplo, é uma arritmia
comum na prática clínica, principalmente nos pacientes com mais de 60 anos. Ela
não costuma causar morte súbita cardíaca, mas, no entanto, pode produzir
coágulos sanguíneos que se deslocam do coração para a cabeça, provocando um
derrame.
A prevenção se destaca como a melhor opção no
combate à morte súbita e, consequentemente, aumenta a qualidade e expectativa
de vida do paciente. Para a população em geral, a partir dos 20 anos,
recomenda-se realizar uma consulta para análise do histórico familiar, aferição
da pressão arterial, mensuração do colesterol e glicemia, além da realização de
exame físico completo para avaliação de possíveis alterações cardíacas e
fatores de risco para arritmias cardíacas.
Com base nessas informações, o médico delineia
medidas a serem adotadas pelo paciente. O aconselhamento geralmente privilegia um
estilo de vida saudável com intensificação de atividade física, alimentação
balanceada, controle da pressão arterial e de outros fatores de risco
cardiovasculares. Em casos específicos, pode-se recomendar a interrupção de
atividade física competitiva, a prescrição de medicamentos antiarrítmicos, de
anticoagulantes, até a indicação de procedimentos invasivos como ablação por
cateter ou implante de marcapassos cardíacos. "A recomendação para quem
faz atividade física de forma competitiva é passar obrigatoriamente por uma
avaliação cardiológica", ressalta o Dr. Veronese.
Sintomas como palpitação, "falhas" e
aceleração do coração são os mais comuns para sinalizar a presença da doença.
Falta de ar e cansaço também podem ser provocados pelas arritmias e em alguns
casos, a enfermidade pode até mesmo ser silenciosa. Portanto, deve-se estar
atento aos fatores de risco como envelhecimento, pressão alta, diabetes,
doenças da tireoide e coronária, drogas ilícitas, dentre outros.
Bebidas alcoólicas, energéticos, estimulantes e
café em excesso podem levar à aceleração do coração. Essas substâncias ativam o
sistema nervoso autonômico simpático, que inerva diretamente o coração, além de
participar do controle da pressão arterial e dos batimentos do coração.
O estudo eletrofisiológico, "uma espécie de
cateterismo da parte elétrica do coração" e o implante de marcapassos são
técnicas pouco invasivas para o tratamento das arritmias cardíacas. A presença
do aparelho no corpo do paciente normaliza sua frequência cardíaca tratando
arritmias com frequências baixas. Já o cardiodesfibrilador implantável (CDI) é
um tipo de marcapasso que trata arritmias com frequências elevadas. Este
dispositivo tem a capacidade de detectar arritmias ameaçadoras à vida e dispara
um choque para sua reversão.
Por meio de conhecimento, técnicas médicas, da
tecnologia à disposição para diagnósticos e tratamentos, os pacientes têm à
disposição meios capazes para prevenir arritmias cardíacas e morte súbita.
Hospital Alemão Oswaldo Cruz
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